quinta, 28 de março de 2024

O Jornal Negocião ouviu empresários sobre o cenário projetado para o próximo ano

Alguns um pouco otimistas e outros bastante apreensivos, 2024 aparece como uma grande incógnita para o comerciante ourinhense.

 

Alexandre Mansinho

 

O Brasil encerra o ano de 2023 com um crescimento que, apesar de superar as expectativas, mostra uma clara desaceleração nos últimos meses, o que impõe uma responsabilidade significativa para o próximo ano. O efeito estatístico resultante dos últimos 365 dias gera um carry-over negativo, indicando que, se não houver expansão na margem, 2024 pode se tornar um ano mais desafiador. O atual panorama econômico foi impulsionado por reformas anteriores e por um desempenho excepcional na balança comercial, especialmente no setor Agropecuário.

 

 

Para sustentar e ampliar esse progresso, será crucial ajustar a economia. Embora as condições globais não pareçam restritivas, com a melhoria da inflação nos Estados Unidos indicando que o Federal Reserve (FED) não imporá restrições significativas à política monetária, o Brasil precisa criar condições propícias para atrair recursos e direcioná-los a investimentos produtivos. As circunstâncias institucionais nacionais são favoráveis, incluindo o controle da inflação, a ausência de conflitos armados e desastres naturais raros.

A estratégia para o próximo ano deve envolver políticas de curto e longo prazos. No curto prazo, ajustes fiscais, especialmente no controle das despesas, e um ambiente menos beligerante entre os poderes Legislativo, Judiciário e Executivo seriam benéficos. No longo prazo, investir na Reforma Administrativa e promover uma reestruturação no sistema educacional, com foco na primeira infância e no ensino primário de qualidade, é essencial para reduzir desigualdades e formar uma mão de obra mais qualificada.

 

 

As condições globais favoráveis oferecem uma oportunidade para o Brasil captar recursos, aproveitando as dificuldades enfrentadas por seus concorrentes, como Turquia, Rússia, Argentina e Índia. No entanto, a incerteza nas decisões do líder chinês Xi Jinping, cada vez mais influente no mercado global, deve ser considerada.

Embora as reformas implementadas no país tenham tido efeitos positivos, seu impacto está se esgotando. A desaceleração na confiança do empresário do comércio, evidenciada pelo Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) da CNC, acende um sinal amarelo para 2024. A persistente queda no Icec, especialmente nas condições atuais da economia, reflete incertezas sobre a possível reforma tributária e sinais de atividade econômica desafiadora para o próximo ano.

A confiança do empresário do comércio sofreu o quarto recuo consecutivo, atingindo 108,9 pontos em dezembro, dentro da zona de satisfação, mas refletindo uma preocupação com o aumento da carga tributária e uma perspectiva econômica mais difícil para 2024. A retração nas intenções de investimento e contratação de funcionários sinaliza a necessidade de medidas eficazes para reverter essa tendência.

Em meio a um contexto internacional favorável, as decisões estratégicas e políticas internas determinarão o rumo da economia brasileira em 2024. O governo precisa adotar estratégias robustas para tirar proveito do momento propício e evitar riscos que possam comprometer o desenvolvimento econômico. A implementação de medidas adequadas e eficazes é crucial para superar os desafios previstos e garantir um ano mais positivo para a economia brasileira.

Ourinhos – Na “Terra de um povo de coração de ouro” não há muitas diferenças daquilo que se projeta nacionalmente. O Jornal Negocião foi às ruas para ouvir a opinião de alguns empresários e gerentes de lojas sobre o que vem por aí em 2024 e viu uma certa dose de otimismo, mas muita apreensão.

 

 

O empresário Marcelino Borges Batista, disse que está sem muito otimismo, as decisões do governo são, na opinião dele, pouco estimulantes para o varejo: “estou apreensivo, claro que tenho a expectativa de termos um 2024 melhor, mas, em relação a 2022, as vendas esse ano estão mais fracas, o que deixa a pulga atrás da orelha para 2024.”

 

Marcelino Borges Batista

 

O comerciante Wilson Canizela se diz “apreensivo”, segundo ele todos estão com um imenso ponto de interrogação acerca das ações do governo: “não sabemos o que virá em 2024, as políticas internacionais e as regras de coleta de impostos interferem direto em nosso trabalho, e ninguém está tranquilo com o que pode vir por aí”.

 

Wilson Canizela

 

Na mesma esteira está a empreendedora Sandra Aparecida Lima Garcia, segundo ela 2023 foi um ano difícil: “ainda sofremos sequelas da pandemia, mas, na minha opinião, 2022 foi melhor que 2023; eu penso que teremos um ano de 2024 difícil, mas torço para o melhor.”

 

Sandra Aparecida Lima Garcia

 

Por outro lado, há empresários e gerentes que pensam um pouco diferente, embora em comum esteja a apreensão acerca das ações do executivo na economia, estes estão mais otimistas. Renato Silva Candil, empresário do ramo de vestuário, tem boas perspectivas: “começamos a loja em 2022, e esse ano está sendo bem melhor, acredito que 2024 será positivo para o varejo.”

 

Renato Silva Candil

 

A gerente de loja Lucinda de Fátima da Silva, acredita que as vendas estão crescendo e que 2024 vai trazer um bom volume de negócios: “nosso comércio está crescendo, o aumento do salário-mínimo projetado para 2024 também interfere positivamente para nós, visto que somos uma loja popular.”

 

Lucinda de Fátima da Silva

 

A gestora Aline Fernanda Correia Leite levanta outra questão, para ela 2023 não pode ser comparado com os anos passados: “saímos da pandemia e os padrões mudaram, esse ano de 2023 foi diferente de todos os outros, penso que estamos passando por uma mudança na cultura do consumidor, para mim essa mudança está vindo para melhor e tenho ótimas perspectivas para 2024.”

 

Aline Fernanda Correia Leite

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