quarta, 24 de abril de 2024

Caso Emanuelle: crime bárbaro, que chocou a região e teve final trágico

Nesta reportagem, a história completa, detalhes, entrevistas e depoimentos exclusivos do crime que mobilizou inúmeras pessoas em busca da menina desaparecida

 

Marcília Estefani, Juliana Neves e Hernani Corrêa

 

O caso da menina Emanuelle Pestana de Castro, de apenas 8 anos de idade, desaparecida de uma praça da cidade de Chavantes no dia 10 de janeiro teve seu desfecho na noite da segunda-feira, 13, da pior forma.  A criança foi encontrada morta com golpes de faca, em uma mata da Fazenda Santana Nova. O assassino, já na cadeia, tirou sua própria vida.

PRINCIPAL SUSPEITO – Durante as investigações, através de análises minuciosas de imagens de câmeras cedidas por moradores do entorno da Praça do Bode, foi possível se chegar a um suspeito: Aguinaldo Guilherme Assunção, 49 anos de idade. Ele aparece duas vezes nas imagens, com roupas diferentes, uma vez a pé e, em outro momento, com uma bicicleta.

Aguinaldo, que mora na mesma rua que a família de Fabiana Aparecida Pestana, 36 anos, mãe da vítima, chegou a ajudar nas buscas pelo corpo da menina. Ele foi ouvido e a princípio negou envolvimento com o crime.

REPORTAGEM PODE TER AJUDADO – Na tarde da segunda-feira, 13, a TV Record de São Paulo divulgou o nome de Agnaldo como o principal suspeito do desaparecimento da menina. Imediatamente, a população de Chavantes se reuniu em estado de nervosismo e raiva com a intenção de ir atrás do acusado. Diante disso, ele foi levado para a delegacia de Ourinhos, onde acabou por confessar o crime e indicar onde teria deixado o corpo.

Em coletiva de imprensa Dr Dr. Antonio José Fernandes Vieira e Dr João Ildes Beffa falam à imprensa

VINGANÇA? – Dr. Antônio José Vieira e Dr. João Ildes Beffa, delegados de polícia, falaram à imprensa às 00h00 da terça-feira, 14 e disseram que o acusado afirmou em seu depoimento que a motivação do crime foi vingança.

Segundo as autoridades, ele contou que Fabiana, a mãe da vítima, não deixava a menina brincar com seu enteado, e por isto quis se vingar. Esperou um momento adequado, abordou a menina na praça e convidou-a para ir até a fazenda colher mangas. Lá tirou a vida de Emanuelle com vários golpes de faca.

Fabiana Aparecida Pestana, 36 anos, mãe da vítima

VERSÃO DA MÃE – Fabiana declarou em entrevista à TV Record que não tinha inimizade com Aguinaldo. Que apenas orientava sua filha a brincar somente com meninas e da idade dela, pois sabia que o enteado de Agnaldo era um pouco mais velho.

CORPO ENCONTRADO – A pequena Emanuelle foi encontrada pela polícia por volta das 23h00 de segunda-feira, 13, na Fazenda Santana Nova, próximo de Chavantes, onde foi indicado pelo assassino. Com as fortes chuvas que caíram pelo local, o corpo foi arrastado até as proximidades de um córrego.

O corpo de Emanuelle foi encontrado na noite da segunda-feira, 13, no local indicado pelo assassino

PRESO EM FLAGRANTE – Aguinaldo foi preso em flagrante, levado para a cadeia e seria investigado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Na manhã de terça-feira, 14, foi confirmado através dos exames necroscópicos, que o assassino desferiu 13 facadas contra a menina, atingindo as costas e peito. Até aquele momento a hipótese de abuso sexual estava descartada.

Aguinaldo Guilherme Assunção, 49 anos de idade, era vizinho da família de Emanuelle

VELÓRIO E SEPULTAMENTO – O velório de Emanuelle aconteceu em Chavantes e o sepultamento em Irapé. Ambos ainda na terça-feira, em clima de comoção e revolta por parte de toda a população chavantense.

O corpo da menina foi sepultado no cemitério de Irapé, na terça-feia, 14

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA E PENA – Na tarde de terça-feira, 14, Aguinaldo passou por audiência de custódia, teve sua prisão preventiva decretada e foi recolhido ao Centro de Detenção Provisória de Cerqueira César. A pena máxima para este tipo de crime, com todos os agravantes, se condenado, poderia chegar a 40 anos, segundo especialistas em Direito Penal.

INVESTIGAÇÕES PROSSEGUIAM – A polícia investigava a possibilidade de Aguinaldo não ter agido sozinho e acreditava que poderia ter havido outros motivos para o crime.

ASSASSINO SE MATA – Na manhã de quarta-feira, 15, por volta das 5h00 da manhã, o assassino foi encontrado morto dentro de sua cela. Ele se enforcou com a ajuda de um lençol.

PERFIL DE AGUINALDO – Quando tinha 17 anos, em briga e discussão por causa de um sabonete e porque queira tomar banho primeiro, acabou esfaqueando e matando seu irmão. Agnaldo não ficou preso nem dois meses. Atualmente estava desempregado e vivia passeando pelas imediações da praça onde Emanuelle brincava. Ele tinha parentes que moravam nos fundos da casa de Emanuelle e vivia frequentando o local. Segundo declarou Fabiana, a mãe da menina, ela não tinha conhecimento de nenhum tipo de amizade entre sua filha e o assassino.

RELEMBRE OS FATOS: A pequena Emanuelle, de apenas 8 anos de idade, moradora de Chavantes, brincava em uma praça da cidade, Praça do Bode, no Bairro Três Cantos, quando por volta das 17h00 desapareceu do local.

Uma vizinha da família, Jéssica, contou à reportagem que a menina saiu de casa para brincar, como de costume, e quando sua mãe, Fabiana, foi buscá-la não a encontrou mais.

A ocorrência foi registrada na Central de Polícia Judiciária de Ourinhos e a equipe do plantão, deu início às investigações. O fato mobilizou a cidade de Chavantes e região e muitas pessoas se oferecem para ajudar nas buscas.

Durante todo o sábado a polícia trabalhou para encontrar pistas que pudessem elucidar o paradeiro de Emanuelle. O canil foi utilizado nas investigações e uma equipe do SICOE (Sistema Integrado de Comando e Operações em Emergência) de Marília também colaborou com as buscas que foram encerradas no início da noite do sábado.

A reportagem do Jornal Negocião esteve na manhã em Chavantes onde conversou, com exclusividade, com a mãe da menina Emanuelle e com a equipe de buscas SICOE de Marília.

Em entrevista, Fabiana conta como deu falta da filha

RELATOS DA MÃE – Fabiana Aparecida Pestana, mãe de Emanuelle Pestana de Castro, de apenas 8 anos, contou a rotina de vida da menina que brincava todos os dias na Praça do Bode. “Emanuelle é muito obediente, quando eu chamava, logo ela vinha. Na tarde de sexta, fui buscar ela pra almoçar às 02h00 da tarde e depois voltei às 07h00 e não a encontrei mais. Dali por diante, foi correr na vizinhança, perguntar pra todo mundo, fiquei sem comer, nem beber a noite inteira e não encontramos minha filha. Pelo amor de Deus, quem souber de alguma coisa, traga minha filha, não tem motivo nenhum pra fazerem isso com ela. Agora, a gente vê os objetos dela e fica lembrando. Não tem que comprar mais aquilo que ela gosta”, declarou emocionada à reportagem.


Equipe do SICOE de Marília que auxiliou a polícia e população nas buscas pelo corpo da criança

EQUIPE DE BUSCAS – Ouvimos também Marcelo Mauro, coordenador do SICOE – Sistema Integrado de Comando e Operações em Emergência – de Marília, equipe de buscas que auxilia a polícia a encontrar o paradeiro de Emanuelle. “Estamos trabalhando incessantemente, dia e noite, mas até agora não fomos felizes. Vasculhamos fazendas, matagais, canaviais, tivemos diversas informações checadas, mesmo assim, sem sucesso”, disse Marcelo.

POLÍCIA MILITAR – Na tarde de segunda-feira, 13, a Polícia Militar de Ourinhos ofereceu apoio as investigações por meio do uso do helicóptero Águia, realizando uma busca minuciosa na praça onde a garota esteve pela última vez, em canaviais próximos a cidade, bairros pequenos, entre outros lugares. Sem nenhuma pista ou paradeiro da garota, os policiais encontraram somente um colchão que poderia ter feito parte da cena de crime.

POPULARES AJUDARAM NAS BUSCAS – A vizinhança e pessoas não muito próximos a Emanuelle e sua família, realizavam desde a sexta-feira, 10, buscas pela garota de forma voluntária nos canaviais e aos arredores do Rio Paranapanema.

Dora Oliveira, moradora de Chavantes, foi chamada para depor na delegacia de Polícia Civil. Ela tinha imagens em seu celular de pegadas de pessoas em um dos canaviais próximos a cidade.

Dora conta que viram marcas no chão, de pés e seguiram até o matagal

“Na entrada tinha marcas de pé de homem, uma bota de homem, e marcas de criança e fomos seguindo e chegamos ao canavial. Procuramos por mais marcas em outras partes do canavial, mas estavam somente ali no começo. Dá para ver marcas de pé de criança sem chinelo, consegue até ver os dedinhos”, afirmou Dora.

Ana Paula Oliveira, moradora e vizinha da família de Emanuelle, contou que resolveram ajudar os policiais na procura pela menina de forma espontânea, pois é algo preocupante e que mexe com os sentimentos de todos.

Ana Paula conta detalhes das buscas

Na segunda-feira, Ana Paula explica que as principais áreas da cidade em que eles foram procurar por Emanuelle é de mato, cana e em bosque. Conta também que sentiram um odor diferente no canavial, mas os policiais disseram que a manifestação do cheiro era pouca, que não significava nada relacionado ao desaparecimento.

DELEGADO CIVIL – No mesmo dia, conversamos com o delegado civil Gabriel Salomão, que dizia não haver nomes de suspeito para o caso e nem informação concreta sobre o desaparecimento da criança.

Dr Gabriel Ulisses Salomão, da Delegacia de Polícia de Chavantes

“Estamos ouvindo testemunhas, capturando imagens de segurança de circuitos de casas e comércios para identificar pessoas que viram ou tiveram contato com a vítima, para saber detalhes que possa ajudar na resolução do caso. E por enquanto não há nenhum suspeito identificado”, sintetizou o delegado.

© 1990 - 2023 Jornal Negocião - Seu melhor conteúdo. Todos os direitos reservados.