sábado, 18 de maio de 2024

Restrição de horário de carga e descarga no centro desagrada comerciantes

José Luiz Martins

Um decreto baixado pelo ex prefeito Toshio Misato (PSDB) em agosto de 2011 criando regras para o tráfego de caminhões e operações de carga e descarga no centro de Ourinhos foi colocado em vigor pela prefeita Belkis Fernandes semana passada. Em 2011 a determinação proibia o estacionamento de veículos de transporte combustíveis na área urbana; restringia o tráfego de veículos pesados e operações de carga e descarga na região central. O objetivo era melhorar as condições de tráfego, segurança e fluidez do trânsito, já considerado caótico naquela ocasião. 

O decreto previa que operações carga e descarga na área central com caminhões acima de 12 toneladas deveriam ocorrer no horário entre as 18h às 9h. Na época houve resistência por parte de comerciantes e lojistas que apontaram vários problemas para o setor, decorrentes das normas então estabelecidas, impraticáveis para muitos deles. Desde então as medidas não surtiram efeito, o decreto não vigorou e tão pouco houve fiscalização.

Quatro anos depois com a problemática do trânsito na área central se agravando o decreto nº. 6.078, agora parcialmente regulamentado, restringe ainda mais as operações de carga e descarga na área central de Ourinhos. Assim estão proibidas das 7h às 19h de segunda a sexta-feira, e aos sábados das 7h às 14h. Em contato com a reportagem o coordenador de trânsito Alfredo Amádio informou que as situações de carga e descarga fora do horário que determina o decreto serão analisados caso a caso, empresas e transportadores serão chamados para discutir o assunto e definir uma solução para cada caso. Alfredo salientou que a lei vai ser cumprida com as adequações que se fizerem necessárias, autorizações especiais serão emitidas para entregas com veículos pesados no horário comercial. Ainda conforme Amádio, placas com informações sobre a restrição já estão sendo colocadas nos acessos a área central restrita pela lei.

 A medida está valendo desde o último dia 12 (segunda-feira), o fato fez com que novamente a polêmica se instaurasse entre os comerciantes estabelecidos entre as Ruas Paulo Sá, São Paulo, Euclides da Cunha e Rio de Janeiro, área delimitada pelo decreto. A reportagem do NOVO NEGOCIÃO conversou com vários empresários, comerciantes e motoristas que surpresos, reclamaram da falta de informação sobre a questão e os problemas desencadeados pelo decreto, firmaram que o assunto não foi antes discutido junto ao comércio, transportadoras e motoristas afetados diretamente. Alguns consideram a medida inócua, argumentando que isso não irá melhorar o trânsito na área central da cidade. Que é preciso um estudo mais amplo e aprofundado na busca de soluções para o problema que só tende a piorar. A fiscalização do cumprimento do decreto é de responsabilidade da Coordenadoria Municipal de Trânsito com apoio da Polícia Militar. 

Veja a opinião dos comerciantes e da população

“Se isso for pra valer mesmo vai atrapalhar muito porque em alguns casos vai ter que fazer vários transbordos de carga para veículos menores para poder entrar no centro. Isso vai gerar mais custos, tanto pra transportadora e para os comerciantes que repassam para os produtos e quem acaba pagando é a população. Faço entregas para o Magazine Luiza e se tiver que fazer carga e descarga a noite vai ser problema com horas extras, vai ter que ter funcionários disponíveis e aumento do custo financeiro disso tudo”. Aroldo José Silveira – Motorista

“De um modo geral vai afetar a entrega de mercadorias que recebemos até duas vezes por semana, vai dificultar bastante. Acho que tem que melhorar a logística do trânsito no centro de forma geral pra que facilite o tráfego desse grande volume de veículos. Já enviamos comunicados às transportadoras que atendem nossa loja alertando para o horário permitido para descarga. Alguns vão se adaptar, mas a maioria terá que vir fora do horário comercial. Isso implica em funcionários fazendo horas extras, tanto das transportadoras quanto do estabelecimento comercial. É preciso repensar, estudar mais o problema do trânsito”. João Paulo Masoquini – Gerente Chuveirão das Tintas.

“Até o momento não tem afetado porque os caminhões estão transitando normalmente fazendo as entregas durante o horário comercial. Mas a partir do momento em que isso não for mais permitido e tiver que ser a noite vai atrapalhar muito. Todo dia recebo mercadorias de dois ou três caminhões de manhã até a tarde, os caminhões que são maiores vêem sempre pela manhã devido a dificuldade para estacionar. Se não puder mais ser assim vamos ter que ficar esperando além do horário comercial com funcionários a disposição pagando hora extra”. Gerson Correia Leite – Empório da Kiplástico

“Com certeza traz problemas porque compramos direto das fábricas e com horário restrito poderá não ser mais viável a venda com essa dificuldade da entrega. Se tivermos que sair do nosso horário normal de trabalho pra ficar esperando mercadorias a noite, vai aumentar os custos do negócio com funcionários trabalhando fora de horário, vai trazer outros encargos e onerar mais. Aqui vem caminhão de frigorífico, carregamentos de feijão, arroz, carvão e até gás a granel, são caminhões grandes e até carretas. Mas por enquanto está sendo de dia mesmo, pois até agora não recebemos nenhum comunicado da prefeitura”. Claudinei Aparecido Ferreira – Restaurante Maria Fumaça.

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