quarta, 10 de setembro de 2025
Publicado em 22 mar 2025 - 09:16:10
Em sua gestão como secretária municipal, Neusa inseriu Ourinhos no cenário cultural nacional, despertando e revelando muitos talentos
Rose Pimentel Mader
A professora e escritora Neusa Fleury Moraes, ex-secretária da Cultura de Ourinhos e Santa Cruz do Rio Pardo, nos deixou esta semana, na terça-feira, 18 de março.
Neusa faleceu, aos 68 anos, em decorrência de complicações de um transplante de rim realizado na Santa Casa de Londrina (PR) onde foi sepultada, em cerimônia reservada aos familiares.
A notícia de seu falecimento consternou a comunidade ourinhense e regional: sua família, amigos e lideranças dos mais diversos setores da sociedade.
Em pouco tempo, as homenagens inundaram as redes sociais, com mensagens emocionadas, expressando solidariedade à família e, especialmente, evidenciando a grandeza do legado deixado por Neusa Fleury na área cultural.
Neusa era irmã do jornalista Sérgio Fleury Moraes, que faleceu há cerca de um ano, fundador do Jornal Debate de Santa Cruz e deixa o companheiro Marco Aurélio, os filhos Bernardo Fellipe Seixas, editor chefe do Jornal Biz de Ourinhos, o músico Glauber Seixas, a dentista Gabriela Fleury Seixas e dois netos.
TRAJETÓRIA BRILHANTE – Neusa Fleury teve uma trajetória profissional brilhante, especialmente como secretária de Cultura nas gestões dos ex-prefeitos Claury Santos Alves da Silva, Claudemir Alves da Silva e Toshio Misato. Sua atuação foi, reconhecidamente, transformadora para a vida cultural de Ourinhos, deixando um legado imensurável.
DANÇA E MÚSICA – Ao longo de sua gestão como secretária municipal, Neusa inseriu Ourinhos no cenário cultural do Estado e do Brasil, com a criação das Escolas Municipais de Música e de Dança que revelaram grandes talentos e idealizou importantes projetos, como os Festivais de Música, de Dança, de Teatro e Literatura, transformando a cidade numa referência nacional, atraindo participantes e turistas de todas as regiões do País.
REVITALIZAÇÃO DE ESPAÇO – Neusa também foi responsável pelo projeto de revitalização do espaço da Estação Ferroviária, contribuindo para a implantação do Museu Municipal e do Centro de Convivência Jornalista Benedicto da Silva Eloy. A iniciativa valorizou um dos pontos históricos mais importantes da cidade
Também em sua gestão, foram criadas e implementadas bibliotecas volantes em vários bairros da cidade e instalado o Circo da Cultura Popular, oferecendo oficinas de artes circenses e formando artistas que produziram belos espetáculos para a comunidade.
INCENTIVO E APOIO – Apoiou, incentivou e promoveu os mais diversos grupos culturais da cidade, criando oportunidades para o desenvolvimento de suas atividades e a realização de seus projetos.
O TALENTO DA ESCRITORA – Neusa Fleury também era um talento literário, publicou o livro de poesias “Me Voy Me Vengo”, em homenagem à sua avó espanhola Francisca Helena Padial (Paquita) e participou, como co autora, dos livros “Divina Comunhão” e “Um olhar sobre a presença japonesa em Ourinhos”, em parceria com Marcos Aurélio, seu companheiro com o qual compartilhou seus últimos anos de vida.
Foi colaboradora de vários jornais de Ourinhos e região, fazendo parte da equipe que produziu a série 100 anos Ourinhos, do Jornal BIZ, editado pelo filho Bernardo Fellipe Seixas.
AMANTE DA CULTURA – Neusa amava a cultura, em todas as suas dimensões, fez muito pela preservação de nossa memória, ajudando a reescrever muitas páginas de nossa história.
E a melhor definição de seu legado – e há uma unanimidade entre todos que a conheceram e com ela conviveram – é que foi um divisor de águas na vida cultural de Ourinhos.
AS HOMENAGENS – O prefeito Guilherme Gonçalves decretou luto oficial de três dias na cidade, ressaltando o extraordinário legado de Neusa Fleury, que foi um ícone da cultura ourinhense, com iniciativas, obras, projetos e ações que foram transformadoras para milhares de crianças, jovens e artistas, revelando e evidenciando talentos.
SECRETÁRIO DE CULTURA – Em suas redes sociais, o secretário municipal de Cultura, maestro Jeferson Luís Bento escreveu: “A vida é feita e construída diariamente. Lembro-me quando fui convidado para trabalhar em Ourinhos como músico. Estava na Unicamp e ela me convidou. Sim, ela. Ela, que teve uma trajetória marcante. Musicista com o seu piano, soube que também deu aulas de coral no Teatro Municipal Miguel Cury, na gestão do prefeito Clóvis Chiaradia”.
PERSONALIDADE MARCANTE – “Com sua personalidade marcante, aos poucos foi ocupando espaços que até então não eram ocupados majoritariamente por elas.
Ao longo da década de 90 agiu diretamente para que as políticas culturais em Ourinhos começassem a ganhar corpo quando surgiram as escolas municipais de bailado e música e o “Centro de Convivência Jornalista Benedito da Silva Eloy”.
Como leitora e escritora, trabalhou potencializando as bibliotecas da cidade e concomitantemente fez com que a cidade se tornasse referência cultural na região e no estado de São Paulo, sendo a “mãe” de diversos festivais como o de música, dança, teatro e literatura”, prosseguiu o secretário.
DIVISOR DE ÁGUAS – “Muitas pessoas passaram pela pasta, mas com certeza ela foi um divisor de águas. Ainda não disse o seu nome pela força que ele tem, mas não só por isso, mas porque aqui, na secretaria municipal de cultura e no lugar em que ocupo atualmente, o seu nome nunca deixará de existir.
O seu legado foi uma Divina Comunhão entre vida e arte, entre figura pública e responsabilidade social. A vida é construída diariamente e por isso é que Me voy, me vengo, não é Neusa? Mesmo tendo acabado de deixar este plano, você já voltou: Me voy, me vengo. Me voy, me vengo””, finalizou o maestro Jéferson Bento.
“TIRIRICA” – A professora Terezinha de Paula (Tiririca), também um grande nome da nossa cultura, que participou e acompanhou toda a trajetória de Neusa Fleury afirmou: “Através da Neusa, a cultura criou vida própria, saindo da pasta da Educação, com a criação da Secretaria da Cultura, e a partir desse momento a cultura passou a ter outra importância no município, sendo possível a criação das Escolas Municipais de Música e de Bailado, dos Festivais de Música, Dança, Literatura e Teatro, da criação das bibliotecas, do Museu e de outros grandes projetos e eventos que ela criou como secretária. A Secretaria de Cultura veio através da gestão que ela fazia muito bem e com tudo isso, Neusa Fleury marcou um divisor de águas na vida cultural de Ourinhos”.
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