quarta, 05 de fevereiro de 2025
Publicado em 07 jun 2016 - 05:30:20
Com o domingo se aproximando, bateu-me certa nostalgia e comecei a relembrar com quem celebrei essa data até chegar aqui, neste exato doze de junho de dois mil e dezesseis. Meu primeiro dia dos namorados passei com o Mixaria. Chamavam ele assim porque era magro e comprido como um caniço. Mas o que lhe faltava de carnes lhe sobrava de cheiro gostoso. O Mixaria foi o mecânico mais perfumado que conheci na vida. E não pense que era por causa de perfumes franceses caros não, qualquer loção barata ficava ótima no Mixa. Na verdade acho que o que eu gostava mesmo era daquele cheiro de cigarro, bala de menta, que ele chupava o dia todo para esconder o cheiro do cigarro, e o restinho de perfume velho que ficava no cangote dele. Mixaria tinha cheiro de primeiro amor.
Depois de alguns “junhos” sozinha conheci o Pudim pela internet. Marquei de encontrar o Pudim pela primeira vez exatamente no dia doze de junho, em frente ao rodizio do chinês que tinha lá na Rua Cambará. Passei o dia todo sem comer nada e tomei dois laxantes para parecer mais magra no vestido. Fiz as unhas, comprei meu primeiro sapato de salto, cílios postiços e maquiagem nova. As oito horas lá estava eu, faminta, meio desidratada, me equilibrando no salto e com uma certa dificuldade em enxergar porque a cola dos cílios postiços tinha escorrido pra dentro dos olhos.
O Pudim chegou, disse que eu estava bonita e me chamou para ir dar uma volta na praça, a uns cinco quarteirões de distância. Respirei fundo e ensaiei meu melhor sorriso forçado, disse que se ele quisesse poderíamos comer alguma coisa ali no chinês, sentadinhos, bebendo um grande copo de água. Ele olhou pra mim e disse que não, que ele “tava de boa” porque tinha tomado um leitinho com café antes de sair de casa. Não sei por que o apelido dele era Pudim, só sei que agarrei um ódio nesse doce que toda vez que passo perto de um me dá umas cochadas no ventre e uma coceira insuportável nas vistas.
Cotó, Faireuol, Carcaça e alguns outros. Hoje, analisando bem, acho que tenho certa fissura por namorados com apelidos estranhos. Domingo vou comemorar com o Cabeça Branca, um grisalho cheio de charme que derreteu meu coração. No final não importa o que você ganha, nem quantas fotos você poste nas redes sociais, nem em qual restaurante você vá jantar nesse doze de junho. O que importa mesmo é encontrar alguém que faça você se sentir novamente, como se tivesse dezoito anos. Feliz dia dos Namorados!
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