quarta, 15 de janeiro de 2025

Miséria: famílias moram em condições desumanas na periferia da cidade

Publicado em 15 jul 2016 - 03:37:46

           

As despesas com moradia sempre representaram um peso enorme para o orçamento das famílias, quando se trata da população mais pobre o aluguel compromete grande parte dos rendimentos mensais e acaba se tornando a maior despesa. Atualmente, com o desemprego em alta, surge um problema gravíssimo nas cidades: as moradias improvisadas. Em Ourinhos, cidade que sempre se orgulhou de não ter favelas compondo sua paisagem, as moradias improvisadas crescem em ritmo assustador e se espalham por vários bairros.

“Ourinhos teve um crescimento econômico recorde entre os anos de 2012 e 2014, tal crescimento atraiu uma população trabalhadora que agora, diante da atual crise e da queda do PIB, não tem dinheiro para pagar o aluguel”, afirma o geógrafo Luiz Eduardo Devai. “Voltar para a zona rural não é opção, por isso essas famílias buscam alternativas diante dessa situação de miséria”. Como em Ourinhos não há favelas, essas pessoas procuram qualquer tipo de estrutura abandonada para fixar sua residência, criando assim vários embriões do processo de favelização. A reportagem do Novo Negocião visitou algumas dessas residências improvisadas e verificou a insuficiência das políticas públicas municipais. “O serviço social do CRAS vem sempre aqui, as crianças estão matriculadas e não faltam na escola, mas ninguém veio ainda falar de casa popular pra gente não”, afirma Silvia Maria Vieira, moradora de uma residência improvisada em um antigo campo de bocha no Parque Minas Gerais. Segundo a moradora, a prefeitura cedeu o espaço para moradia em troca de que se responsabilizasse pelos cuidados do local. Sendo assim, ficariam isentos de contas de água e luz. Conforme a família foi crescendo, Silvia precisou tapar as frestas do barracão com papelão para se proteger do frio. No local, residem entre adultos e crianças, nove pessoas.

Em outro local, a situação ainda é mais precária. Na Barra Funda, próximo ao Córrego Christoni, diversas famílias residem às margens do córrego em condições desumanas. Diversas pessoas de uma mesma família foram montando barracos com materiais recicláveis e para sobreviver, utilizam a água de um poço na região. “A água do poço é somente para lavar roupa e tomar banho. Para beber e fazer comida, nós compramos. Banheiro nós temos, mas vai tudo para a fossa que tem ali nos fundos. Nós vivemos do material que recolhemos na reciclagem e de colher café em uma fazenda próximo ao distrito industrial. Meu filho trabalha meio período em uma bicicletaria”, relatou uma moradora.

No local, as crianças brincam e se divertem na terra, algumas nuas como constatou a reportagem. “Tem gente aqui que já até foi sorteada nas casinhas, mas até agora ninguém chamou não. Parece que tá tudo parado”, afirma Regina, moradora de um conjunto de casas improvisadas. Especialistas consultados são unânimes em dizer que, se não houver medidas rápidas e eficientes de combate à miséria e ao déficit habitacional, o problema tomará dimensões que tornarão impossível qualquer medida governamental. A Prefeitura de Ourinhos, já procurada em outras ocasiões, continua afirmando que está fazendo tudo que é possível para acolher essas famílias pelos programas de assistência social que mantém e que não é responsável pelos projetos de casas populares que estão atrasados.  


 

© 1990 - 2023 Jornal Negocião - Seu melhor conteúdo. Todos os direitos reservados.