sexta, 10 de outubro de 2025

Matemática e suas tecnologias no ENEM: saiba o que cai na prova e dicas para gabaritar

Publicado em 09 out 2025 - 10:18:27

           

Professores explicam como a disciplina é cobrada no exame, apontam os temas mais recorrentes e compartilham orientações práticas para os estudos na reta final

 

Da redação

 

Com 45 questões de múltipla escolha, a área de Matemática e suas Tecnologias é uma das que mais impactam a nota final no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A disciplina é considerada difícil por muitos estudantes, mas está presente na rotina de todos nós: no calendário, no marcador das horas do relógio, no preço dos produtos e serviços que consumimos e nas operações financeiras que realizamos diariamente.

 

Mas a aprendizagem de matemática ainda é um desafio no Brasil. Segundo o estudo “Aprendizagem na educação básica: situação brasileira no pós-pandemia”, apenas 5% dos estudantes do 3º ano do ensino médio possuem aprendizado adequado na disciplina.

Além disso, mais da metade dos estudantes brasileiros do ensino fundamental não dominam conhecimentos básicos de matemática, de acordo com o “Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss)”.

 

Para ajudar os candidatos na preparação para o ENEM, professores de matemática destacam, a seguir, o que é essencial saber da disciplina para se sair bem na prova.

 

 

Para ajudar os candidatos na preparação para o ENEM, professores de matemática destacam o que é essencial saber da disciplina para se sair bem na prova

 

COMO A MATEMÁTICA É COBRADA NO ENEM? A prova de matemática do ENEM é baseada na aplicação prática dos conteúdos. Os candidatos são desafiados e avaliados muito além das fórmulas e cálculos decorados.

As questões exigem raciocínio lógico, interpretação de gráficos e domínio de conceitos aplicados ao cotidiano. O exame busca aferir competências como resolução de problemas, leitura de gráficos e tabelas, análise de grandezas e proporcionalidades, entre outras.

 

 

Segundo Guilherme Andrade, docente de Campinas/SP, a interpretação de texto é uma habilidade-chave. “O Enem cobra muito mais que a matemática pura. É essencial interpretar a situação, entender o problema e só depois aplicar o conhecimento matemático. Muitas vezes, a dificuldade não está no cálculo, mas em saber por onde começar a resolver”, explica.

 

10 CONTEÚDOS QUE MAIS CAEM EM MATEMÁTICA NO ENEM – Embora o ENEM varie os temas a cada edição, alguns conteúdos são recorrentes. O docente Renato Shiotuqui elenca, abaixo, 10 matérias que sempre figuram na prova.

 

 

 

PORCENTAGEM: usada para calcular descontos, aumentos de preços, variações em gráficos e juros simples;

REGRA DE TRÊS: essencial para resolver problemas de proporcionalidade presentes em contextos do dia a dia;

RAZÃO E PROPORÇÃO: aplicadas na leitura de mapas, escalas, receitas e comparações entre grandezas;

FUNÇÕES (AFIM E QUADRÁTICA): frequentes em gráficos de crescimento, queda e variações ao longo do tempo;

GEOMETRIA PLANA: envolve cálculo de áreas e perímetros, geralmente aplicado em situações práticas como construções e plantas;

GEOMETRIA ESPACIAL: aborda volume e área de sólidos, com aplicações em embalagens, reservatórios e objetos tridimensionais;

ESTATÍSTICA: explora média, mediana e moda, além de análise crítica de gráficos e dados numéricos;

PROBABILIDADE: presente em contextos de sorteios, previsões e análise de riscos em situações do cotidiano;

GRÁFICOS E TABELAS: exigem interpretação de informações visuais e numéricas em diferentes formatos;

UNIDADES DE MEDIDA: cobradas em problemas que envolvem conversões entre tempo, massa, volume e distância.

 

“Ter domínio desses conteúdos é fundamental porque eles formam a espinha dorsal da prova. Além de aparecerem com frequência, muitos desses temas ajudam a resolver questões de outras áreas. É comum, por exemplo, a Matemática ser usada em questões de Geografia que envolvem interpretação de gráficos ou análise de dados socioeconômicos”, afirma o docente.

 

 

REGRA DE TRÊS É O SEGREDO – Uma ferramenta prática para resolver problemas de proporção é a regra de três, que bem usada pelos candidatos é um dos conhecimentos mais versáteis do Enem. “A regra de três é uma ferramenta coringa na prova do ENEM. Pois muitas vezes o estudante não lembra a fórmula exata para resolver uma questão que trata de proporcionalidade, mas é possível chegar à resposta aplicando a lógica e o algoritmo da regra de três”, explica Alexandre Mattos, professor de Barueri/SP. “A regra de três aparece de forma direta e, também, implícita em problemas de porcentagem, escalas, conversão de unidades e até questões de outras disciplinas, como a química e física”, explica.

 

 

A regra de três é uma técnica matemática usada para resolver problemas que envolvem a comparação entre duas proporções. Ela permite descobrir um valor desconhecido com base na relação entre outras grandezas.

 

Funciona assim: quando duas variáveis crescem ou diminuem na mesma proporção (por exemplo: se uma máquina produz 120 peças em 4 horas, quantas peças ela produzirá em 10 horas, mantendo o mesmo ritmo?), usamos a regra de três direta.

Quando uma variável cresce enquanto a outra diminui, usamos a regra de três inversa (por exemplo: se 4 trabalhadores constroem um muro em 6 dias, em quanto tempo o muro ficaria pronto com 8 trabalhadores trabalhando na construção?).

 

O processo é simples: organizamos os dados conhecidos em forma de tabela, identificamos o tipo de relação (direta ou inversa), e montamos uma equação multiplicando os valores em cruz (quando direta) ou em linha (quando indireta).

Depois, é só resolver a equação para encontrar o valor que falta. “A grande vantagem da regra de três é que ela pode ser usada mesmo quando o estudante não lembra fórmulas específicas, desde que identifique uma relação de proporcionalidade entre os dados do problema”, acrescenta Mattos.

 

 

DICAS PARA SE DAR BEM NA PROVA – Faltando pouco tempo para o Enem, o ideal é adotar uma rotina de revisão focada nos conteúdos mais cobrados e em exercícios práticos. Para a docente Cristine Tolizano, a chave está no treino constante. “Resolver questões de provas anteriores é uma das estratégias mais eficazes. Isso ajuda o aluno a entender como o Enem formula os enunciados, além de fixar os conteúdos na prática”, orienta.

 

 

A DOCENTE DA ELENCA OUTRAS DICAS IMPORTANTES:

REVISE FÓRMULAS BÁSICAS: priorize as mais usadas, como áreas, volumes, juros simples, entre outras;

FAÇA RESUMOS E MAPAS MENTAIS: isso facilitar a memorização de conceitos;

ORGANIZE O TEMPO: simule realizar a prova completa alguns dias antes da aplicação para valer, assim você terá noção de controle do tempo e redução da ansiedade comum neste período;

ESTUDE COM FOCO NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS: mais do que decorar, é preciso aprender a aplicar.

 

“Na reta final, vale mais revisar com qualidade do que tentar aprender tudo de novo. O importante é estar seguro com o que já se sabe e treinar a aplicação desses conhecimentos em diferentes contextos”, finaliza a professora.

 

 

O ENEM – A prova foi criada pelo Ministério da Educação em 1998, para avaliar o desempenho dos estudantes brasileiros ao final da educação básica. Com o passar dos anos, o ENEM teve sua metodologia aperfeiçoada e atualmente é requisito obrigatório para acesso a programas educacionais como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (ProUni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

 

Este ano, as provas serão aplicadas nos dias 09 e 16 de novembro, dois domingos seguidos. No primeiro dia de prova, os alunos realizarão as questões das áreas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (compreende Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira/Inglês ou Espanhol, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação) e Redação; e Ciências Humanas e suas Tecnologias (compreende História, Geografia, Filosofia e Sociologia).

 

No segundo dia, as provas serão de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (compreende Química, Física e Biologia) e Matemática e suas Tecnologias. O certame registrou mais de 5,5 milhões de inscrições, de acordo com o Ministério da Educação – número que supera a edição anterior de 2024, com aumento de 8% no número de inscritos.

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