sábado, 13 de dezembro de 2025
Publicado em 13 dez 2025 - 11:30:15
Moradores antigos contam lembranças cheias de carinho e saudade
Marcília Estefani
A cidade de Ourinhos reúne um povo, desde os mais antigos aos mais novo, que são verdadeiros guardiões das memórias do município. Conversar com eles é como abrir um livro vivo — daqueles cheios de histórias saborosas, cheias de afeto e lembranças eternas.
Eles lembram das ruas mais calmas, dos cinemas lotados, das tardes na praça Melo Peixoto, das brincadeiras na rua, das primeiras escolas, dos bailes, das festas de bairro. E, claro, das mudanças que viram acontecer de perto.
Ourinhos meados de 1970
HISTÓRIA DA NOSSA TERRA – A história da família Christoni, publicada no Livro ‘Histórias de Ouro’, produzido pelo Negocião em ocasião dos 100 anos de Ourinhos, é um exemplo de quem viu a cidade crescer, e colaborou com esse crescimento.
Em 1909, vindo da Itália e seguindo a construção da linha férrea que apontava os vilarejos promissores do país, Carlos Christoni, sua esposa Senhorinha Santa, o pai Francesco Christoni, e os filhos Ângelo, Vitório e Giusto, se estabeleceram nas terras que viriam a contemplar a cidade de Ourinhos, fundada quase 10 anos depois.
Aqui, se dedicaram ao cultivo de lavoura, fabricação de água ardente e, posteriormente ao comércio. Além dos três filhos que trouxe da Itália, aqui teve mais três filhos, dando origem aos primeiros Christoni nascidos no Brasil: Ernesto, Rosa e Barbina.

Conforme o tempo foi passando, a família adquiriu propriedades onde nasceram bairros como Vila Marcante, Itajubi, Barra Funda, Vila Perino, Vila São Luiz, loteamento Maria Christoni, Vila Christoni, Vila Nova Christoni e Vila Margarida.
Ângelo Christoni, filho de Carlos, foi responsável pela criação das duas primeiras Vilas de Ourinhos, Vila Nova Christoni e Vila Margarida no ano de 1937.
O filho de Ângelo, Francisco, foi vereador na primeira e segunda legislatura da Câmara Municipal de Ourinhos nos períodos de 1948 a 1951 e 1952 a 1955.
De ‘lá para cá’, a família Christoni continuou crescendo e valorizando a terra de seus antepassados, contribuindo para o progresso da cidade que os acolheu, onde guardam suas memórias, onde foram plantadas suas raízes.
Hoje, vivem em Ourinhos, a quinta, sexta, sétima e oitava geração da família Christoni. Uma das ramificações em quinta geração, é formada pelos 12 filhos do religioso casal Juventino Christoni e Maria Pires Christoni.

MOMENTOS MARCANTES – A jornalista Rose Pimentel Mader, nascida em Palmital e criada em Ourinhos, foi a primeira assessora de imprensa da Prefeitura, e conta que devido a sua profissão, participou de muitos momentos marcantes da história da cidade, um deles, que traz vivo na memória, foi a inauguração do Teatro Municipal Miguel Cury, instalado no prédio onde em 1944 foi inaugurado o Cine Ourinhos.
“Um cinema transformado em Teatro que acolheu grandes nomes do cenário artístico nacional, divulgou e promoveu também nossos talentos.”

“Procurei, como cidadã e profissional dar a minha colaboração para que Ourinhos se transformasse numa referência regional”, afirma Rose.
A jornalista cita também a importância da cidade como referência na área da Educação, oferecendo Ensino Superior e formação básica de excelência!
“Tenho orgulho da minha cidade e de sua gente! Ourinhos me proporcionou as conquistas pessoais e profissionais que almejei! Sou feliz aqui”.
Porém, Rose ressalta que “a melhor coisa de Ourinhos é a comunidade ourinhense! Acolhedora, solidária e empreendedora! Um povo de coração de ouro que transformou a cidade num lugar maravilhoso para viver, criar os filhos e prosperar”.
POVO DE CORAÇÃO DE OURO – Para Emery Farah, professora, jornalista, comendadora, cidadã ourinhense, que adora o slogan da cidade “Ourinhos terra de um povo de coração de ouro”, a melhor coisa de Ourinhos é o coração do povo ourinhense.
Dona Emery é filha do saudoso Miguel Farah, que fundou a ‘Folha de Ourinhos’, em setembro de 1956, e irmã do também jornalista Maurício de Lacerda Farah, que seguiu os passos do pai.
A comendadora fala com emoção que o povo de Ourinhos sim, tem um coração de ouro, que este é seu maior diferencial, apesar dos problemas, de antagonismos políticos, distanciamento, situações naturais de qualquer cidade, está sempre disposto a oferecer sua ajuda fraterna, seu apoio, sua presença amiga.

“Amo muito este slogan, às vezes as pessoas pensam que Ourinhos, por ser localizado num entroncamento com Paraná, onde as pessoas chegam e saem a toda hora, que são pessoas um pouco distantes, mas os que moram aqui estão apostos sempre, no primeiro clamor, primeira situação que exige uma mobilização, o povo se une”.
Emery, que mora na cidade desde criança, lembra de algumas situações que vivenciou junto com a família.
“Um dos fatos marcantes para nós diz respeito a uma irmã nossa que faleceu a pouco tempo em SP, quando solteira vivia com as irmãs no colégio colaborando com a evangelização, lutava pela igreja com a Irmã Benigna, certa vez resolveu fazer um festival no Grêmio de poesias, cantos, declamações, danças, para levantar dinheiro para pintar a Igreja Matriz, na época do padre Domingos Trivi. Cerca de mil pessoas compareceram neste festival para ajudar, tocar violino, para que fosse levantado o dinheiro para a pintura da igreja inteira”.
A professora lembra ainda de quando a família veio para Ourinhos, os pais e oito filhos, e foram morar na Vila Odilon, na época em que ainda não existia a Igreja Santo Antônio, era apenas uma capelinha. A comunidade pedia uma igreja e o Senhor Miguel Farah, junto com os ceramistas da época se uniram e organizaram um concurso de rainha da Vila Odilon.
“Era um povo bem simples, bravo até, mas juntos se uniram e fizeram o concurso de beleza, onde eu também participei e venci, tinha 13 anos na época, mas parecia que tinha 17. Porém as pessoas mais antigas ali do bairro e das olarias acharam que o prêmio devia ser de uma das moças representantes das olarias. Meu pai conversou comigo e por fim, fiz um discurso no dia da coroação, onde disse que o mais importante daquele concurso não era escolher a mais bonita, a mais rica, a mais bem vestida, mas angariar dinheiro para fazer a futura igreja da vila Odilon e passei a faixa para quem realmente merecia, uma menina simples, lutadora, levantava 4h00 da manhã para trabalhar na olaria. Hoje toda vez que passo pela igreja, que entro nela, lembro da contribuição da minha família, lembro de quando Dona Leonor de Barros, mulher de Ademar de Barros, mandou a imagem de Santo Antonio para a igreja, e a primeira pessoa que foi avisada foi papai”.
Por isso e por muitas outras situações vividas, presenciadas, posso dizer que Ourinhos tem sim um povo de coração de ouro!

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