quarta, 05 de fevereiro de 2025
Publicado em 25 nov 2016 - 03:05:29
Renata Tibúrcio
Foi só chegar o forte calor que os problemas com os animais e insetos peçonhentos, principalmente os escorpiões, voltam a tirar a paz de muitos ourinhenses. A reportagem do NovoNegocião esteve durante essa semana em vários bairros, como Vila São José, Santa Fé IV, Vandelena Moraes Freire, e ouviu dos moradores que os ataques sucessivos de escorpiões vêm acontecendo frequentemente. O que mais chamou atenção durante as visitações nos bairros é que todos os entrevistados encontraram pelo menos dois escorpiões das espécies amarelo e preto, considerados os mais venenosos. O detalhe é que todos filhotes, deixando claro que existe um ainda maior, causando maior preocupação.
Questionados sobre terem entrado em contato com algum órgão público sobre a aparição dos escorpiões, foram unânimes em dizer que não, pois sabem que nada vem sendo feito pela comunidade nos últimos dias e optaram por acionar a mídia local, a fim de alertar outras pessoas sobre os ataques. A moradora da Rua João Rodrigues no bairro Vandelena Moraes Freire, Elizabete de Almeida, foi picada no braço por um escorpião amarelo durante a madrugada. Elizabete relatou que estava dormindo quando sentiu a picada e logo em seguida começou a coçar e arder muito. “Estava dormindo e acordei assustada, pois meu braço começou a coçar e esquentar muito. Chamei pelo meu esposo que estava na sala assistindo TV, ele veio olhou tudo e encontrou no chão um pequeno escorpião amarelo, acredito que assim que me picou eu bati com a mão ele caiu,” relatou Almeida.
A moradora após ser picada foi levada até a UPA, pois seu braço inchou muito e ela sentia muita dor. Lá recebeu atendimento rápido, tomou soro e o médico receitou Dipirona para tomar em casa. Elizabete acredita que tanto os escorpiões quanto as baratas que têm aparecido estejam saindo do esgoto através dos ralos. Para se proteger, ela retirou a cortina da janela do quarto e afastou os móveis das paredes. Dona Maria Antônia, também moradora do Vandelena Moraes Freire, na Rua João Rodrigues, disse que seu irmão levou duas picadas na coxa e também foi parar na UPA. “Meu irmão estava sentado no sofá da sala quando sentiu a primeira picada na coxa, em seguida sentiu outra na perna e enquanto nós matávamos o escorpião que o picou achamos outro descendo pela cortina da janela da sala. Ligamos para os bombeiros e relatamos o que havia acontecido. Eles nos orientaram a ir até a UPA para receber atendimento e também levar os escorpiões num vidro”, explicou Maria.
Maria acredita que os insetos estejam saindo da área verde e do rio próximo a sua casa, que fica perto da FAPI, e além disso das casas de alguns vizinhos que recolhem reciclagem. Janaina Leocadio, moradora da Rua Alice de Paulo Machado no bairro Vila São José, encontrou em sua casa vários escorpiões de várias espécies, além de uma cobra. “Minha filha entrou no banheiro e viu o pequeno escorpião preto próximo ao vaso sanitário e me chamou assustada, pois não sabia ao certo do que se tratava. Eu o matei e coloquei no vidro. Uns dias depois encontrei um escorpião amarelo na cozinha e outro preto na sala. E uma cobra coral no banheiro, que meu marido matou”, detalhou Janaina. Diante disso, ela desencostou todos os móveis da parede e orientou sua filha sobre os cuidados ao ver um escorpião e inclusive em acender a luz primeiro para olhar bem o ambiente e não ser picada.
Janaina Dias Garcia moradora do bairro Santa Fé IV, Rua José Gomes dos Santos, encontrou dois escorpiões amarelos em sua casa. Janaina tem quatro filhos pequenos e está muito assustada. “Minha sogra tinha encontrado um na porta do banheiro e no dia seguinte eu encontrei um filhote na parede da cozinha acima da pia. Tenho quatro filhos pequenos e já os orientei a não colocar a mão e assim que ver um desses é para me chamar rapidamente”, comentou Janaina. Ela desconfia que os escorpiões estão vindo da casa de uma vizinha, onde moram aproximadamente 20 cachorros e segundo ela a casa fica praticamente vazia, só aparece uma responsável uma ou duas vezes na semana para alimentar os animais. Diante dos relatos preocupantes das entrevistas, a equipe de reportagem entrou em contato com o Secretário de Serviços Urbanos, Amarildo Cabral, com o Secretário da Saúde, André Mello, Vigilância Epidemiológica e o médico Dr. Jader Godinho.
Amarildo disse que há três meses em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente foi realizado o mutirão da limpeza nas áreas verdes inclusive próximo a FAPI e do lago. “Da minha parte vou fiscalizar todos os bairros aqui citados pelos munícipes e constatando áreas propicias para o esconderijo do escorpião e até mesmo de outros insetos peçonhentos, vou incluir na programação para que a limpeza seja executada”, se comprometeu o secretário. De acordo com a Vigilância Epidemiológica a aparição de insetos peçonhentos está diretamente ligada a lugares sem manutenção, sem limpeza diária, pois os escorpiões só permanecem onde têm baratas, uma vez que se alimentam delas. O importante é não atrair para sua casa o alimento preferido deles, as baratas, evitando deixar iscas como pias com louças e panelas sem lavar, além de tampar ralos, sifões, etc.
Eliminando as baratas estaremos evitando também a presença dos escorpiões. Eles possuem hábitos noturnos, saindo para caçar presas ou acasalar à noite. De dia se escondem sob madeiras e pedras, ao abrigo da luz, da qual não gostam. Por isso, é importante evitar estes tipos de esconderijos, que podem se tornar criadouros. “O que nós orientamos é que acabem com as baratas, pois sem o seu alimento eles não vão sobreviver ou acabam migrando para outro esconderijo. Para combater as baratas a dica é muito simples: jogue um pouco de Butox nos ralos, mantendo-os fechados. Em um balde de água despeje uma tampa de Butox e passe o pano na casa, sempre do fundo para a frente”, orientou a Vigilância Epidemiológica. O clínico geral Doutor Jader Godinho também deu entrevista ao Jornal Novo Negocião sobre o assunto.
O que o paciente deve fazer ao perceber que foi picado por um escorpião?
A primeira atitude frente a picada do escorpião é sem dúvida procurar o auxílio médico de imediato. Tal decisão baseia-se na possibilidade de complicações importantes que colocará risco à vida. Quanto mais precoce o tratamento, melhor será o prognóstico.
Se o paciente não for rapidamente ao médico ele pode vir a morrer ou sofrer alguma sequela?
As consequências da picada deste animal são inúmeras, desde dor local até tremores, aumento da frequência cardíaca, suores, enjoos, dificuldade para respirar, queda de pressão. Crianças são mais frágeis para este tipo de ataque, pois possuem uma massa física menor do que adultos. É comum em crianças que elas fiquem inquietas e apresentem alguns movimentos descoordenados.
É importante o paciente levar o escorpião para o médico ver a espécie? Isso auxilia a medicação?
Tente capturar o animal, vivo ou morto, para que a espécie possa ser identificada. Isso irá auxiliar na hora de medir a gravidade do acidente.
Entenda sobre as espécies de escorpiões encontrados pelas moradoras
Extremo cuidado. Esta é recomendação quando se trata de lidar com a terceira espécie de escorpião mais venenosa do mundo, o escorpião amarelo. É preciso estar informado e prevenido em caso de ter que encarar um animal como este. Vítimas de ataques de escorpião sentem os efeitos do veneno de imediato, que provocam fortes dores no local, tontura, suor e salivamento excessivo, náuseas e vômitos, além de insuficiência cardíaca e respiratória, com risco de morte.
O veneno age rápido no sistema nervoso e dependendo da quantidade e do estado imunológico da pessoa, pode levar a morte em poucas horas. O escorpião preto ou escorpião marrom como são conhecidos (Tityus bahiensis) tem grande importância pelo veneno com ação neurotóxico, seu veneno não é tão potente quanto o do escorpião amarelo, mas o acidente deve ser tratado com rapidez. São animais que possuem hábitos noturnos e que se alimentam de baratas, grilos, aranhas e outros invertebrados. Eles medem cerca de 6 cm e possuem a carapaça bem escura e as patas de uma coloração marrom. Não são tão agressivos, mas se sentirem ameaçados vão se defender
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