quinta, 26 de dezembro de 2024
Publicado em 18 mar 2017 - 05:18:29
Alexandre Mansinho
Na manhã da quarta-feira, 15 de março, a praça Melo Peixoto recebeu manifestantes para um protesto contrário a reforma da previdência que está em discussão em Brasília. Havia cerca de 300 pessoas, entre professores, estudantes, membros de sindicatos e diversos outros movimentos sociais.
O protesto foi coordenado pelas centrais sindicais e ocorreu simultaneamente em vários lugares pelo Brasil, durou cerca de 4 horas e foi pacífico durante todo o tempo. Com palavras de ordem, cartazes e instrumentos musicais os manifestantes percorreram várias ruas do centro de Ourinhos, fato que interrompeu o trânsito em algumas ruas por alguns minutos. Durante a passeata a população expressou seu apoio ao movimento.
O Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em entrevista à imprensa, defende os termos da atual reforma e alega que as informações sobre a previdência ser superavitária não correspondem a verdade: “os benefícios sociais são custeados pela previdência, não é apenas o pagamento dos que contribuíram (…) a previdência também paga os aposentados por idade e os aposentados por invalidez, além das licenças. A reforma da Previdência não é um objeto de decisão, é uma necessidade em função das contas públicas brasileiras (…) a trajetória de déficit é crescente em todos os mandatos. Isso mostra a insustentabilidade das contas públicas brasileiras”, completa.
Luiz Eduardo Devai, professor, diz que o governo quer culpar pelo rombo da previdência a população mais pobre, que não deve ser responsabilizada: “a reforma deveria começar pelo salário dos deputados”, critica. Joana Rodrigues Pereira, professora, alerta que as mulheres, sobretudo as mais pobres, serão pesadamente prejudicadas com a reforma nos termos que está no congresso: “são 49 anos de trabalho para poder aposentar, sem levar em conta que as mulheres, as trabalhadoras rurais por exemplo, terão que trabalhar 10 anos a mais, em um serviço penoso, para poder fazer jus a aposentadoria”.
O Prof. Pedro Danni afirma que o atual governo federal não se preocupa com as consequências dessas medidas sobre a população mais carente: “essa reforma irá penalizar os mais pobres”. Marcos Antônio Correa, educador e ativista político, faz duras críticas à forma como o governo coordena o processo de reforma previdenciária: “em países como a França as mudanças foram feitas, mas houve apenas 2 anos de aumento de tempo de contribuição, essa reforma irá empobrecer ainda mais a população, além de criar uma legião de pessoas que não conseguirão juntar os requisitos para obter a aposentadoria”.
Fernando Henrique de Paulo, educador e sindicalista, questiona os critérios usados pelo governo para propor a reforma: “a diminuição dos salários irá provocar muitos outros problemas sociais que irão trazer mais prejuízos aos cofres públicos”. Júlio Farias, do movimento da juventude negra, afirma que a reforma proposta é injusta: “o governo não leva em conta que os mais pobres começam a trabalhar mais cedo e que a expectativa de vida também é desigual, aqueles que vivem menos e trabalham mais não conseguirão se aposentar”. Antônio Carlos Surumba Nunes, historiador, ressalta que os idosos serão prejudicados também: “caso algum trabalhador perca o emprego aos 58 anos, sem ter conseguido alcançar os critérios exigidos, será condenado a miséria”, afirma.
A Secretaria Estadual de Educação, por meio da Diretoria de Ensino de Ourinhos, informou desconhecer a quantidade de escolas que aderiram à paralização – a Apeoesp, que convocou manifestação para o dia 15, por meio da SubSede de Ourinhos, informou que perto de 90% das escolas estaduais de Ourinhos fecharam na manhã do dia 15. As escolas municipais, os demais serviços públicos e as instituições privadas não aderiram ao movimento e funcionaram normalmente.
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