sexta, 19 de abril de 2024

Conscientização é a melhor forma de manter e aumentar o isolamento social

A sociedade precisa entender o mais rápido possível a importância de estar dentro de casa e sair somente se houver muita necessidade.

 

Juliana Neves

 

A recomendação de isolamento social em virtude da pandemia do novo coronavírus tem provocado mudanças profundas na rotina das pessoas em geral. Todos tentam se adequar, mas é nítida a dificuldade em ficar em casa, mesmo com as opções oferecidas pela tecnologia. A falta de rotina causa conflitos e perda de sono.

A psicóloga Fernanda Silvestre Florencio Labs, acredita que a dificuldade das pessoas em se manterem isoladas é que não estavam preparadas para viver com esta mudança de comportamento.

Fernanda Labs, psicóloga, explica que o único caminho para aumentar o isolamento social é a conscientização populacional (Foto: arquivo pessoal)

“Podemos dizer que ninguém estava preparado psicologicamente para ficar em isolamento, “presas” dentro de casa, as pessoas se sentem impotentes, o que gera ansiedade, medo do que há por vir, insegurança, falta de controle, desespero diante do que é desconhecido”, explica a psicóloga.

Diante deste cenário, há pessoas que ainda tendem a não obedecer e não conseguem ficar dentro de suas residências, sempre encontram alguma desculpa para sair ou, realmente, saem sem se importar com o que os outros vão pensar.

PSICOLOGICAMENTE FALANDO – “As pessoas apresentam dois extremos, as que ficam com inseguras, com medo, e começam a somatizar (passa a sentir sintomas físicos, mas que possuem origem psicológica) sensações como: a falta de ar, e sintomas do COVID-19, ficam o tempo todo angustiadas e com sessão da morte; outras ficam alheias a situação de pandemia, não tomam conhecimento da realidade, o que pode estar relacionado ao pensamento de onipotência, que se pegar o vírus vai passar por ele com tranquilidade por ter uma boa saúde e um ótimo sistema imunológico, se colocando em um sentimento de superioridade, fora do problema, agindo como se nada estivesse acontecendo. Não que o sujeito não tenha medo, mas usa desse pensamento, dessa defesa como uma fuga, como não fosse necessário se isolar, pois o problema não existe, como se criasse um recurso interno de fantasia para lidar”.

A única solução para conseguir que as pessoas fiquem mais tempo em casa é usar meios de conscientização, como diálogos, oferecendo e/ou buscando informações sobre o vírus, fazer com que a pessoa reflita sobre a situação e mostrar a importância de sermos empáticos neste período, onde é importante deixar o egoísmo de lado e pensar na saúde do outro, não somente em si.

“As pessoas criam recursos internos para lidar com a situação de forma emocional, e é a partir desses recursos criados que o sujeito decide acreditar ou não. Não somente o psicológico, mas também as informações, os diálogos, a forma de ver a vida, os valores individuais também influenciam nessas falsas crenças”, diz a psicóloga.

INSÔNIA – Há algo em específico que está preocupando as pessoas durante este maior tempo dentro de casa, que é o sono desregulado. A falta de rotina com horários para acordar e dormir, acaba provocando insônia, causa irritação e faz com que procurem atividades fora de casa com a intenção de relaxar.

“A dica é tentar manter uma rotina, manter os comportamentos anteriores a situação de pandemia, para dormir. Se permitir relaxar, ouvir uma música, fazer alguma coisa que te dê a sensação de relaxamento. Cada um de forma subjetiva tem alguma atividade que dê tranquilidade, que ajude a achar um caminho para lidar da sua forma, sem culpa, se cuidando mais e cuidando de quem você ama”, afirma a psicóloga.

EQUILÍBRIO E PRAZER – “Acredito que o ideal é fazer coisas que lhe proporcione prazer. Às vezes, se permitir também o ato de não fazer nada, aproveitar os momentos com as pessoas que moram com você e se sentir produtivo fazendo isso. O equilíbrio é essencial, é possível nesse momento fazer uma reflexão sobre a vida, ressignificar valores e se permitir descansar. Aceitar com humildade que não temos o controle é o melhor caminho, e pensar o que podemos fazer diante dessa situação. Temos que abaixar nossa onipotência, essa ideia de termos um poder absoluto e o controle das situações, se tivermos humildade e aceitarmos que não temos controle da situação nossa ansiedade abaixa e conseguimos lidar melhor”, finaliza Fernanda.

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