sábado, 14 de setembro de 2024
Publicado em 06 set 2019 - 17:16:44
Terapia energética tem o objetivo de reordenar a história de vida das pessoas para que situações rotineiras voltem a fluir
Juliana Neves
Constelação Familiar é um trabalho de movimento do sistema das famílias, buscando analisar a origem de cada pessoa para que ao fim da sessão tudo e todos estejam em harmonia e, assim, situações voltem a fluir na vida de quem busca por esta terapia sistêmica. Baseia-se em três leis que se resumem em uma só, a lei do amor, então, este sentimento é observado no sentido do pertencimento da pessoa.
Desta forma, a primeira lei é do pertencimento, que questiona a pessoa: “quem eu me pertenço?” e a resposta é que é qualquer pessoa que causa impacto na sua vida, desde mãe e pai, até mesmo, ou outro alguém que marcou a sua trajetória aqui na terra.
A segunda lei é da hierarquia, que na constelação tem o objetivo de colocar ordem no sistema familiar, relembrando e avaliando posições e atitudes dos antepassados e a nova geração. Se todos da família estiverem no seu devido lugar, conseguimos alcançar o criador. É como se fosse uma fonte de água que passasse por todos integrantes da família e essa água fosse a benção do criador divino, fazendo com que a vida prospere naturalmente.
Acaso a pessoa ocupe o lugar de um outro familiar, energeticamente falando, percebe-se uma instabilidade em sua vida. Por exemplo, se ocupo o lugar da mãe, as bençãos não são recebidas, não alcanço sucesso no trabalho, no relacionamento amoroso e o dinheiro vai embora com mais facilidade. A solução é voltar para o lugar de filho para a vida voltar a fluir.
“A Constelação ajuda a voltar para o lugar de filho, às vezes, nós nem estamos na posição de pai ou mãe, e sim do avô ou avó, que é quando queremos mandar em nossos pais, acreditamos que eles sejam incapazes, nós que damos ordem e aí não recebemos a benção do criador. A vida fica realmente toda emaranhada. Então, é necessário colocar ordem neste sistema familiar, através da lei da hierarquia. Isso também pode acontecer entre irmãos”, explica a Rita Saqueti, terapeuta holística.
Dentro da Constelação, perante a lei da hierarquia, a palavra chave é humildade e respeito a pai e mãe, e não importa quem seja o pai e a mãe e suas características, porque é por causa deles que fomos gerados e criados. Segundo Rita, se nós não tomamos os nossos pais em nosso coração com muita gratidão, por eles terem sido o canal da graça para estarmos aqui hoje, nada na vida flui e fica tudo estagnado.
Percebe-se uma ligação entre a lei do pertencimento com a lei da hierarquia em diversas situações, como quando há alguém na família que é excluído e aí causa um emaranhamento em todo o sistema, e algum integrante acaba observando esta história e vai em busca de resolver este problema para tudo voltar ao normal como deve ser.
Na maioria das vezes, todas as nossas histórias estão registradas no inconsciente e são lembranças construídas a partir de informações que vieram dos nossos antepassados, pois a atual geração é um conjunto genético de todos os integrantes da família. Por isso sempre ouvimos frases no sentido de “nossa, como o seu caminhar é parecido com a sua avó”.
“Às vezes, uma dor que sentimos está querendo mostrar algo do emocional. De repente aparece uma dor nas costas que não sabemos explicar, aí devemos pesquisar no mapa do barômetro do corpo, um mapa sentimental, a emoção causadora da dor e, sem seguida, pensar o que nos causou aquela emoção. Mas corre o risco de a dor não melhorar, significando que a dor não é nossa e sim de algum antepassado. Aquilo está dentro de nós, pois somos a construção deles, por isso, o correto é, em um momento íntimo, agradecer pela vida e dizer a eles que somos gratos pela existência e por fazer parte do sistema deles, assim, devolvemos o que não é nosso”, fala a terapeuta.
O segredo da Constelação Familiar é a realização de uma limpeza na história das vidas das pessoas, para novamente organizar e equilibrar tudo, porque é impossível ignorar a nossa história de vida e quando ressignificamos determinadas situações, voltamos a caminhar e trilhar uma jornada mais tranquila e saudável.
Já a terceira lei é do equilíbrio do dar e receber, quando o sistema familiar está equilibrado as bençãos atingem todos os integrantes. “Se você colocar muita água em uma planta, ela morre afogada, mas se não ofertar água para ela, irá morrer de sede. Portanto, tudo que se apresenta em excesso ou falta desequilibra o sistema. Enquanto há gratidão e posições ocupados por quem devem ser ocupadas, o que prevalece é o equilíbrio e momentos rotineiros acontecem de forma mais leve”, sintetiza Rita Saqueti.
O criador da Constelação Familiar, quem estudou, observou, avaliou e colocou em prática, foi Bert Hellinger um sacerdote que foi viver em missão na África, em uma aldeia restrita, e lá percebeu diferentes movimentos das famílias. Ao voltar da missão, começou a praticar o que ele tinha visto e anotado, e começou a ver mudanças no comportamento das pessoas e resolveu aprofundar-se nos estudos até criar as leis da constelação, a lei do amor.
Com isso pediu o afastamento do sacerdócio, casou-se e trabalha até hoje com esta tipologia de terapia que está ligada a energias que vão se dissipando ou concentrando para desfazer os nós das vidas de cada pessoa, porém devagar, para que não embaralhe mais o que já está bagunçado.
Sessões de terapia
De acordo com a terapeuta, as sessões de constelação podem acontecer em grupos sem quantidade específica. O tema central é da pessoa que irá constelar e fica ao lado do terapeuta, a história pode ser com a mãe, com o pai, busca pela prosperidade para o dinheiro, melhorias no emprego, entre outras situações.
A pessoa escolhe quem irá representar cada integrante da sua família, ela mesma ou objeto, e as emoções e situações vão acontecendo, porque aquele que representa reproduz gestos, frases, pensamentos, sentimentos e expressões daquele que foi para a sessão constelar, conforme o que está armazenado no inconsciente, no campo magnético, local escolhido para acontecer a constelação.
O terapeuta, que é o mediador da sessão, observa todos os movimentos e vai orientando as pessoas ao que fazer, o que falar e como desfazer os nós apresentados pelo subconsciente de quem está constelando.
Há também outra forma de constelação, onde são utilizados bonecos. “É um atendimento individual fantástico, como o em grupo. A terapeuta escreve palavras chave em uns papéis e a pessoa posiciona estes papéis como ela quiser, depois ela escolhe os bonecos para representar aquilo que está escrito. E começamos um trabalho sentimental com os bonecos, observando o que está fora de ordem para ressignificar a vida daquela pessoa”, sintetiza Rita.
É como se a pessoa estivesse vendo a sua vida por um outro ângulo, se surpreendendo com os movimentos que acontecem à sua frente, pelo fato de nunca ter percebido algumas características, algum pensamento de um familiar sobre ela mesma e outras coisas que acontecem com a intenção de fazer a pessoa mudar de vida para abrir portas para melhorias e oportunidades.
Feedback
“Eu tenho tido retornos incríveis, tanto da constelação em grupo como individual. Eu sempre procuro saber como que a pessoa está pós sessão e se os resultados estão sendo positivos. Um destas experiências, aconteceu com um jovem que não conseguia emprego e fizemos duas sessões, após quatro dias da última sessão, ele me avisou que conseguiu um emprego que tanto queria. E era uma pessoa quieta e voltou a frequentar a faculdade, não é mais uma pessoa triste”, conta a terapeuta.
Outra paciente conseguiu fazer a vida fluir depois da constelação em busca de melhorias na relação com os pais, um tratamento que refletiu na família melhorando a relação de pais e irmãos como um todo.
Uma adolescente, por ter mudado de cidade e escola, chorava porque queria a presença dos amigos de onde morava, fez somente uma sessão e agora já é uma pessoa mais feliz, melhorou a autoestima, aceita a nova vida e os novos amigos.
“Deus me faz como um canal de graça e eu me coloco desta maneira para que a pessoa possa receber aquilo que tem de melhor nela mesma, que, às vezes, está tão escondido e ela não consegue acessar”, finaliza Rita Saqueti.
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