sexta, 29 de março de 2024

UNIFIO orienta sobre cuidados com animais neste período de pandemia

Coordenadora de Medicina Veterinária UNIFIO fala sobre técnicas relacionadas aos animais de estimação e a COVID -19 e aponta que é importante reforçar os cuidados durante os passeios com os animais

 

Rose Pimentel Mader

 

Neste período de pandemia pelo novo Coronavírus, muito tem sido comentado sobre os cuidados que devemos ter com os animais de estimação.

Para esclarecer as questões técnicas relacionadas aos animais de estimação e a COVID -19, a professora doutora Cláudia Yumi Matsubara Rodrigues Ferreira, coordenadora do curso de Medicina Veterinária UNIFIO e diretora do Hospital Veterinário Roque Quagliato, destaca uma nota técnica publicada pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) em 16 de abril de 2020 (http://portal.cfmv.gov.br/noticia/index/id/6481/secao/6):

“Dadas as informações veiculadas pela mídia em que gatos, cães e até felídeos silvestres (cinco tigres e três leões até o momento) testaram positivo para o coronavírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19, ou tiveram suspeita de terem tido contato com vírus, é importante discutir a possibilidade de se esses animais possam ter sido realmente infectados e, se sim, quais medidas podem ser tomadas por veterinários e tutores.

 

O Betacoronavirus que causa a COVID-19 (Coronavirus disease 2019), chamado de SARS-CoV-2, é um coronavírus diferente dos que comumente acometem os gatos e cães, como o coronavírus entérico felino e o coronavírus canino, que são Alphacoronavirus e não infectam os humanos.

Tendo em vista a possibilidade de infecção de gatos e furões pelo coronavírus causador da COVID-19, por relatos esparsos de infecções na Bélgica, Hong Kong e EUA, devemos considerar com cuidado a possibilidade de que gatos possam ser infectados pelo SARS-CoV-2. Entretanto, estudos científicos bem delineados deverão esclarecer o real papel epidemiológico dos animais domésticos na pandemia de COVID-19”.

Segundo a professora Cláudia Yumi, “até o momento, não existem evidências de transmissão do coronavírus SARS-CoV-2 de gatos domésticos para humanos, com somente o inverso sendo referido. Sendo assim, não existe necessidade de medo ou pânico com relação aos gatos e cães desenvolverem ou transmitirem o coronavírus que infecta os humanos causando a COVID-19. Tampouco existe indicação da realização de testagem nos animais de companhia para essa doença nesse momento”.

Ela explica que acredita-se até então que o gato pode ser sentinela e hospedeiro terminal, refletindo o ambiente em que vive, não sendo ainda um transmissor confirmado do vírus para humanos. Os gatos e cães podem atuar como carreadores mecânicos do vírus, com seu pelame atuando como fômite, e até podem, eventualmente, adquirir o agente viral se conviverem com um (ou mais) seres humanos infectados. Por isso humanos com sintomatologia suspeita de COVID-19 (ou com diagnóstico confirmado) devem se isolar de outras pessoas e dos seus pets, como cães e gatos, minimizando a chance de transmissão a pessoas e outros animais que estão ao redor. As demais medidas de contingenciamento passadas pelo Ministério da Saúde devem se manter ativas.

As recomendações da World Small Animal Veterinary Association (www.wsava.org) e da American Veterinary Medical Association (www.avma.org) devem ser consultadas e seguidas, com medidas plenamente aplicáveis às nossas clínicas e hospitais. Os hábitos de higiene, etiqueta respiratória e distanciamento social devem ser mantidos, com as devidas precauções e orientações de que tutores suspeitos ou positivos para COVID-19 evitem contato direto com seus pets. Aos médicos veterinários, recomendam-se o uso de máscaras, jalecos de manga comprida e para os que tem cabelos compridos, deixem os mesmos presos. Lavagem sistemática das mãos e higienize a mesa com álcool 70% após cada animal atendido, bem como maçanetas e puxadores de porta a cada cliente atendido, também é recomendada. O atendimento e manejo dos pacientes deve ser feito de acordo com as recomendações da Academia Brasileira de Medicina Veterinária Intensiva (BVECCS) e AMIB. (www.amib.org.br/pagina-inicial/coronavirus), reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária.

A professora destaca ainda que o ponto fundamental é a correta orientação dos proprietários e público geral, de que os gatos e cães são contactantes, assim como outros humanos nas unidades familiares, devendo também serem protegidos em caso de suspeita ou confirmação de COVID-19 humana dentro (e fora) de casa. E dependemos disso para minimizar o risco de abandono e comportamentos indevidos com nossos animais de estimação.”

Importante reforçar os cuidados durante os passeios com os animais

É preferível que os tutores evitem sair com os animais em locais de grande circulação de pessoas, como parques e praças, que os passeios sejam restringidos. Durante o passeio, evitar contato com outros animais, manter o distanciamento e quando retornar do passeio, lavar as patas dos pets com água e sabão. Não utilizar álcool gel, ou outro produto não indicado para pets, evitando reações indesejáveis. Sabões e detergentes são suficientes para eliminação do vírus, mas deve-se evitar banhos excessivos, por isso o importante é evitar a exposição do animal a pessoas infectadas.

A professora Cláudia Yumi reitera que não existem evidências até o momento de transmissão de animais domésticos para seres humanos, apenas o inverso (humanos transmitindo para animais) por isso, nesse momento é necessário cautela ao manipular os pets quando o tutor há suspeita de COVID-19. E o mais importante: não praticar o abandono, pois a desinformação nesse sentido poderá gerar graves problemas de saúde pública com o aumento do abandono de animais das ruas.

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