sexta, 16 de maio de 2025
Publicado em 19 dez 2016 - 09:43:00
Conta-se que a primeira notícia que temos sobre a nossa cidade, embora polêmica, é aquela em que o mineiro Antônio Alcântara da Fonseca fixou-se nesta região por volta de 1888.
Havia, na época, pequenas e perdidas povoações, que poderiam ser: Jacarezinho, Ourinho Paranaense, Nova Alcântara, ou ainda Costinha, em homenagem ao fazendeiro e político, Antônio José da Costa Junior, cuja fazenda chamava-se Ourinho, que abrangia, inclusive, o lugar conhecido como Água do Jacu, atual bairro rural Ourinhense, às margens do Rio Paranapanema. O nome da fazenda Ourinho, ajudou a determinar o nome de nossa cidade. Quando, finalmente, os trilhos da Sorocabana oficializaram em definitivo a Ourinhos Paulista, esta herdou o nome por tradição oral.
A história da cidade, que relatarei mais adiante com mais detalhes, começa com a aquisição, pelo fazendeiro Jacintho Ferreira e Sá, de uma vasta gleba de terras da Sra. Escolástica Melchert da Fonseca. Com a extensão para seus domínios, dos trilhos da ferrovia, nasceu o núcleo que se desenvolveu e transformou-se na cidade que, no início, chamou-se Ourinho (singular). Era apenas uma Vila, subordinada a Salto Grande do Paranapanema. A Câmara Municipal da cidade de Salto Grande do Paranapanema reunia-se mensalmente e, naquele tempo, fazia parte de suas atribuições a administração de Ourinho. Com a implantação dos trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana a cidade foi se desenvolvendo.
Em 1910, a cidade já abrigava os trabalhadores que desmatavam as áreas para assentar os trilhos da ferrovia, e pequenas pensões que atendiam principalmente aos trabalhadores da estrada de ferro e caixeiros-viajantes. Em dezembro de 1918, o Diário Oficial trouxe estampado, na primeira página, o ato de criação do novo município, assinado pelo governador Altino Arantes Marques.
No início Ourinhos tinha poucas casas, Já, por volta do ano 1918 havia mais de 50 casas de madeira e cinco de tijolos. A cidade não oferecia nenhum conforto ou melhoramento: era uma poeira vermelha, que somente desaparecia com as chuvas, quando então tudo transformava em um grande mar de lama.
Dona Amélia Souza Galvão, filha de Chico Manco e Micaela, vieram de Portugal com os pais em 1906, residindo inicialmente no Rio de Janeiro, depois chegaram a Ourinhos em 1914. Seus pais tinham um bar famoso na época, na esquina das ruas São Paulo e Expedicionários. Amélia é tia de Ignes, Celso, Hélio e Maria Teresa. Ignes foi aluna do professor Norival Vieira da Silva e os dois, juntos, reconstituíram o centro comercial da cidade na década de 1920, recompondo as primeiras ruas de Ourinhos, graças à memória prodigiosa de Amélia, que residia na esquina da rua São Paulo com Expedicionários, onde hoje se localiza o Posto São José.
Consta no primeiro Censo, realizado em 1920, pelo IBGE, Ourinhos, tinha uma população de 4.273 habitantes. Já as grandes casas de comércio pela década de 1920, estavam localizadas nas duas quadras da Rua Antônio Prado, da Praça Mello Peixoto até à Avenida Jacintho Ferreira e Sá. Naquele tempo, o comércio, semelhante aos nossos supermercados, eram denominadas: Casas de Comércio ou Armazéns de Secos e Molhados. Ali se encontrava de tudo, com pequenas variações.
O seu interior era sempre o mesmo: um longo balcão, sobre ele colocavam sacos abertos de cereais para a venda no varejo e que eram pesados na famosa balança Filizola, que ficava sobre o balcão. Logo atrás a longa prateleira com as garrafas e latarias. As primeiras Casas Comerciais ficavam nas duas quadras citadas acima e os nossos primeiros comerciantes que foram os precursores da nossa história.
Na esquina da Praça Mello Peixoto com Rua São Paulo estava á Casa de Comércio de Souza Soutello, que residiu vários anos em Ourinhos. Continuemos a descer pela Rua Antônio Prado, a partir da praça, com os olhos voltados para o ano de 1920. Do lado direito, na esquina onde há hoje um pequeno restaurante, era a Casa de Comércio de Alfredo Areias, com sua residência nos fundos, dando a entrada para a Rua São Paulo. Logo depois vinha o Hotel Comercial, instalado por João Duarte, sob a direção de José Fernandes e pelos portugueses: Antônio Dias e o Sr. Sá. A construção do hotel levou anos devido as suas ampliações. Atualmente tem três andares.
A seguir, Adriano Braz, com sua Selaria. Tinha ele carroças de aluguel, e quem as dirigia era Manuel Teixeira. Logo a seguir, uma residência do casal Líbia e Hermógenes, eles davam aulas às crianças, revezando-se na sala. Depois, a Casa de Comércio Matachana, de Arquipo Matachana, no mesmo local de hoje. Serraria do espanhol Domingos Garcia, parente de Adolfo Alonso, que acompanhava a linha da Sorocabana, vinha a seguir.
Voltemos agora para a praça, onde vemos a residência de João Neder, em cujo quintal ficava o famoso Jaracatiá, isto no local onde hoje é a praça. Na esquina do Edifício Bradesco havia a Confeitaria do alemão Humer, seguida pelo Bar de Carlos Cardoso, e mais tarde Bar do Pontara, pai do Côca, Nair, Cacilda e outros. No resto da quadra, eran de madeira.
Descendo a quadra, partindo da linha do trem até a avenida, no lado direito, a Casa Comercial de Joaquim Carvalho, conhecido como Mineiro. A seguir, a Sapataria do espanhol Vicente Lopes e, completando a quadra, a residência e loja de Abraão Salem Abujamra, onde ficava a loja Nossa Casa. Na esquina, em frente, já na Avenida, ficava a residência dos irmãos Moisés e Miguel Lupércio, uma das melhores casas de Ourinhos. Embora fosse de madeira, era ali que os visitantes ilustres eram hospedados. O Juiz da Comarca de Santa Cruz, quando dava expediente em Ourinhos, hospedava-se nessa casa.
Voltemos para a linha férrea, descendo novamente. Olhando para a esquerda, havia uma Caixa d’água, usada para abastecer as locomotivas da Sorocabana e cuja água era bombeada da Chácara dos Perinos. Abuassali Abujamra, conhecido como Paschoal, possuía uma Casa de Comércio, mais tarde Bazar do Pedrinho. Ele dizia aos parentes e amigos para comprarem terrenos no local, pois seria o centro da cidade. Isso explica a aglomeração da família Abujamra naquelas quadras. Todas as citações se baseiam nas afirmações de Amélia Galvão, que foram confirmadas por antigos moradores.
Com o tempo, o comércio foi se espalhando pela Avenida Jacinto Sá, Praça Mello Peixoto, primeira quadra da Rua Paraná, com destaque para a Casa de Comércio de Eduardo Salgueiro, o primeiro prefeito da cidade, na esquina das ruas Paraná e Antônio Carlos Mori. Não havia água potável na cidade. Havia água somente para quem tinha poço e com pouca água e sua profundidade era enorme. Quem não tinha poço, tinha que buscar água da mina, que ficava longe, no sítio do Christoni. Não havia calçadas, nem mesmo calçamento nas ruas.
Nas ruas, aliás, havia um mar de poeira ao sol, que se transformava em um mar de lama sob a chuva. Quando chovia, atolavam carros, caminhões, até carroças afundavam na lama e as pessoas se juntavam para ajudar a tirá-los do barreiro. Atolavam também os sapatos dos moradores, que chegavam a cair de barriga no chão. Uma das soluções para se atravessar as ruas sem afundar nos atoleiros ou cair no lamaçal, era fazer uma trilha de um lado ao outro da rua e cobrir essa trilha com pedaços de madeira e pó-de-serra.
Porém, mesmo com todos esses problemas, Ourinhos e região estavam destinadas ao avanço da exploração cafeeira, pela qualidade de suas terras. Com a expansão da lavoura cafeeira e com o avanço da estrada de ferro, a cidade também começava a prosperar. A estrada de ferro trouxe consigo os imigrantes japoneses, espanhóis, italianos, portugueses e alemães, que vieram contribuir para um desenvolvimento ainda maior da nossa cidade.
O perfil da cidade: A população pelo Censo/2008, Ourinhos tinha uma população de 109.533 habitantes, sendo 91.876 habitantes na área urbana e 4.992 na área rural. Ourinhos é uma cidade de comércio forte, com setor de serviços em franca evolução e um parque industrial diversificado.
A localização estratégica e a malha rodo-ferroviário são favoráveis tanto para quem produz como para quem distribui riquezas. Esta condição logística privilegiada faz da cidade um autêntico Portal do Mercosul, oferecendo vantagens naturais aos potenciais investidores.
A história do município de Ourinhos – origens. Ourinhos, com todas as características dos municípios da zona pioneira e da fase econômica que se iniciou com o avanço de café para as novas terras de florestas derrubadas na região às margens do Rio Paranapanema, era pouco conhecida nos primeiros anos deste século. Com a presença de um elemento novo – o colono italiano – conseguiu-se uma rápida ocupação da terra, com a predominância da cultura de café e algodão, integrando-se à vida econômica da monocultura e do Estado.
A história da região onde hoje fica a cidade de Ourinhos começa em 1905, com o início da derrubada da mata entre a Ilha Grande (Ipaussu) e Salto Grande do Paranapanema (atual Salto Grande) para a construção da Estrada de Ferro Sorocabana, que estava “parada” em Cerqueira César.
Na realidade, em 1906, deu-se o início do povoado de Ourinhos, com reduzido número de casas. O coronel Jacintho e Sá planejava e articulava politicamente para fixar a parada do trem dentro de sua fazenda, porém o lugar escolhido era pedregoso e sem água e ficava no morro Bela Vista. Para se construir a parada do trem foi preciso descer um pouco mais, até a sua atual localização, em terras pertencentes também a Jacintho e do Pacheco e Chaves, dono da Fazenda Santa Maria.
Em 1908, foi criado o Posto da Estrada de Ferro, que foi, quatro anos mais tarde, elevado a Estação. Dessa época em diante, teve um desenvolvimento devido a exuberância de suas terras e pela sua excelente condição geográfica. A fundação da cidade de Ourinhos, porém, teve o seu primeiro grande marco no dia 11-02-1910, quando em São Paulo, Dona Escolástica Melchert da Fonseca passou a escritura de sua Fazenda das Furnas ou Salto do Turvo, uma vasta gleba de terras (quase a totalidade do atual município), para o coronel Jacintho Ferreira e Sá, figura tão importante para a cidade, que até virou nome de avenida. Ele loteou a parte central da cidade e doou terreno para a construção de um grupo escolar e uma igreja.
Efetivamente, em 15 de julho de 1912, o posto da Estrada de Ferro Sorocabana foi elevado à categoria de Estação e, no mesmo ano, o presidente da Câmara Municipal de Salto Grande, a quem Ourinhos era ligada, propôs a desapropriação de 10 alqueires de terras próximas da Estação Ferroviária para realizar melhoramentos e, principalmente, vender terrenos a preços acessíveis aos moradores e às pessoas que chegavam em busca de trabalho.
Em 1913, moradores de Ourinhos encaminharam uma petição à Câmara Municipal de Salto Grande solicitando providência para a redução dos impostos que pagavam àquela Prefeitura. Dois anos depois, a Câmara Municipal de Salto Grande aprovou projeto desapropriando 15 alqueires de terras de Jacintho Ferreira e Sá e Fernando Pacheco Chaves em troca de uma indenização. O objetivo foi ampliar a área de Ourinhos e beneficiar os moradores mais antigos, para que pudessem, finalmente, comprar terrenos a preços acessíveis.
Ainda em 1915, foi criado o Distrito de Paz de Ourinhos, por meio do Decreto-lei Estadual n°. 21484, com a nomeação do Juiz de Paz, Afonso Salgueiro, irmão de Eduardo Salgueiro, futuro primeiro prefeito da cidade. Cabia ao juiz de paz tomar as providências legais e administrativas para realizar eleições e viabilizar a criação do município, o que ocorreu em 13 de dezembro de 1918, por meio da Lei Estadual nº. 1618.
Antes que isso ocorresse, a Câmara Municipal de Salto Grande teve que nomear um subprefeito para coordenar a transição. O médico Américo Marinho Azevedo ocupou o cargo por três meses, renunciando sob a alegação de que estava se mudando para São Paulo. Assumiu, então, Fernando Foschini, que também renunciou após oito meses. A Câmara nomeou, então, Leondino de Giácomo, que ficou até a posse de Eduardo Salgueiro, primeiro prefeito de Ourinhos, em 21/03/1919.
A passagem de Ourinhos à condição de cidade foi possível graças a dois homens politicamente fortes: Ataliba Leonel e Antônio Evangelista da Silva, conhecido como coronel Tonico Lista, do município de Santa C. R. Pardo. Ambos utilizaram a sua influência para que o local atingisse o estatus de município, cuja instalação oficial ocorreu 20.03.1919.
De pequeno povoado, torna-se Distrito da Paz subordinado a Salto Grande de Paranapanema, em 1915. Três anos depois é elevado à categoria de município, em 13 de Dezembro de 1918, cuja instalação se deu a 20 de março de 1919.
Em 20.06.1920, torna-se paróquia, sob a invocação do “Senhor Bom Jesus”. Com o constante desenvolvimento e progresso, acaba se tornando sede da comarca, transferida que foi esta de Salto Grande para Ourinhos, em 30 de novembro de 1938, pelo decreto-lei nº. 9.775, sendo de terceira entrância e com duas varas, apenas uma instalada.
Dentre os primeiros moradores do município, citam-se os senhores Heráclito Sândano, Francisco Lourenço, Manoel de Souza Soutello, Abuassali Abujamra, Benedito Ferreira, Ângelo Christoni, José Felipe do Amaral, Isordino Cunha e muitos outros.
A origem do nome Ourinhos – Ourinho, era o nome de um riacho que vai dar no ribeirão Fartura, afluente do Paranapanema. Movia então a roda d’água da serraria de João Frutuoso de Melo Coelho, por volta de 1896. Entre tantas denominações, o patrimônio de Nova Alcântara, ou Ourinho, correu o risco de se chamar Costinha, em homenagem ao fazendeiro e político Antônio José da Costa Junior, que recusou a discutível honraria. Sua fazenda, aliás, chamava-se Ourinho. Os trilhos da Sorocabana oficializaram por sua vez a Ourinhos paulista, que herdou o nome por tradição oral. A Estrada de Ferro Sorocabana Railway, a primeira estrada de ferro a explorar o interior paulista. Documentos Oficiais registraram que, em dezembro de 1908, avançou em direção ao Rio Paranapanema. Seu avanço promoveu o crescimento.
A estação de Ourinhos foi inaugurada no dia 31 de dezembro de 1908. Em 1922, teve início a construção da Estrada de Ferro que ligaria o Estado de São Paulo ao Estado do Paraná. Com o desenvolvimento da cidade e crescimento da população no ano de 1926, foi construído um novo edifício devido ao aumento do tráfego na região. A partir de 1929, de lá passou a sair a Estrada de Ferro para o Norte do Paraná, primeiramente E. F. São Paulo-Paraná e depois encampada pela RVPSC, no início chegando até Cambará e, hoje, atingindo a cidade de Cianorte – PR.
Os pioneiros ourinhenses, Em sua maioria, eram proprietários das fazendas e pertenciam as famílias mais tradicionais e influentes da cidade. Eram também comerciantes, médicos, fazendeiros, mineradores, políticos, religiosos, e entre suas mais variadas atividades. Sua presença tinha uma conotação política indireta e servia também para chamar a atenção para outros donos de terras, além de Jacintho e Sá, que fizeram de Ourinhos um núcleo de produção agrícola. Alguns fazendeiros residiam em São Paulo e cidades adjacentes, outros em suas propriedades, mas a maioria residiam em Ourinhos. Mesmo morando fora, todos eles exerciam influência política em nossa comunidade. Além de agricultores e fazendeiros, Eram pessoas cultas, inteligentes, determinados e bons administradores. É o caso, por exemplo, de Álvaro Ferreira de Moraes, homem de temperamento difícil, além de muito religioso. Proprietário de duas fazendas: Boa Esperança e Sta.Maria.
A importância dos pioneiros e imigrantes – Os pioneiros e imigrantes que aqui se fixaram, foram muito importantes para nossa história. Eram pessoas de muita fé e determinação, que abandonaram suas casas, seus países para buscar a sorte, com esperança de recomeçar uma nova vida e, por conseqüência, construir nossa cidade. Não me recordo dos patriarcas dessas famílias, apenas lembro-me vagamente de alguns deles. Mas lembro-me das suas histórias e de alguns dos seus filhos, que eram meus contemporâneos.
A luta entre os detentores do poder – Em 21 de março de 1919, foi instalado com toda solenidade o novo município de Ourinhos. Logo em seguida ao ato de posse da nova Câmara, realizou-se a eleição para os corpos municipais, sendo eleitos: Presidente da Câmara, Francisco Onofre; Prefeito, o Sr. Eduardo Salgueiro. A criação de municípios se fazia através de acordo prévio entre lideranças regionais. Com o crescimento da agricultura no interior do Estado, a expansão da ferrovia e outras mudanças no setor da economia, tudo isso provocou o surgimento de novas cidades. Mudanças que o Partido Republicano Paulista (PRP), cuidadosamente controlava. Muito embora a emancipação da nossa cidade tenha transcorrido em um clima de paz, dois homens poderosos a nível estadual e regional, demostravam suas forças. De um lado estava o Sr. Ataliba Leonel e do outro lado estava o Sr. Antônio Evangelista da Silva, o temível coronel Tonico Lista, de Santa Cruz do Rio Pardo.
Ataliba Leonel era forte candidato a governador do estado, quando Washington Luís foi deposto e Getúlio tomou o poder, num golpe mortal para o PRP. O coronel Tonico Lista era um homem rico e proprietário da Fazenda Mandaguari, com 900 mil pés de café. Pelo seu estilo brutal de mando na política, dominou completamente a cidade. A ele se atribuiu, ou se acusou diretamente, mortes, espancamentos e todo tipo de perseguição aos adversários; seus homens, sempre armados, infundiam o terror. Em 1921, as articulações de Jacintho e Sá atingiram duramente Tonico Lista e Eduardo Salgueiro. Em Santa Cruz do Rio Pardo, foi criado o Partido Municipal e dele faziam parte como tesoureiro Saul (irmão de Jacintho) e o coronel Albino Garcia. Em Ourinhos, Jacintho lançou pessoalmente o mesmo partido. O momento era mais do que propício para essa operação política. Tonico Lista e Eduardo Salgueiro estavam às voltas com a Justiça. Chegaram a ser presos e, naquele período, estavam na defensiva. Eduardo Salgueiro renunciou à Prefeitura ourinhense, fato explorado rapidamente por Jacintho, que conseguiu fazer o sucessor, Benício do Espírito Santo, antes de ele mesmo assumir o cargo em 1923. Foi uma virada completa na cidade; o começo de um tempo diferente, mais organizado e pacífico.
Os poderosos – Em 27 de agosto de 1921, Paulo Bulcão Ribas, médico e fazendeiro, ofereceu sua casa para a primeira reunião dos dissidentes do (PRP), que se opunham ao prefeito Eduardo Salgueiro. À reunião compareceram: o coronel Tonico Leite (Antônio de Almeida Leite), dono da Fazenda Lageadinho; Jacintho Ferreira e Sá; Edmundo Amaral; Angelo Christoni e Vicente da Costa Melo. Antônio Leite anunciou que a finalidade do encontro era a escolha dos candidatos às três vagas que haviam surgido na Câmara com a renúncia dos vereadores Eduardo Salgueiro, José Antônio Rabello e João Dolfim. A reunião dos dissidentes escolheu um novo vice-prefeito, Manoel Rodrigues Martins. A Prefeitura foi assumida por Benício do Espírito Santo, morador antigo e muito próximo a Jacintho e Sá. Ele ficou no cargo por dois anos. Em 1923, foi sucedido por Jacintho, prefeito até 1925, que tinha o mesmo Benício como vice. Acertos políticos, nomeação de amigos e represálias aos adversários transformam em rotina as futuras reuniões. Afastado Eduardo Salgueiro, o caráter oposicionista do grupo se diluiu rapidamente.
Personalidades importantes de nossa história – Altino Arantes Marques. Natural da cidade de Batatais, interior de São Paulo, foi mais um entre muitos governadores de São Paulo a formar-se em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, em 1895. Foi membro da direção do Partido Republicano Paulista – PRP e também seu presidente. Antes de chegar à presidência do Estado de São Paulo foi deputado federal por dois mandatos: 1906/8 e 1909/11, tendo sido também Secretário de Estado do Interior (1911/15). Foi governador do Estado de São Paulo de 05.1916 a 05.1920.
Álvaro Ferreira de Moraes – Nascido na Fazenda São Lourenço, em Cantagalo, Rio de Janeiro, em 1879, Álvaro Ferreira de Moraes era neto de João Antônio de Moraes, Barão de Duas Barras. Casado com a mineira de Juiz de Fora, Elvira Ribeiro de Moraes, e amigo de Benício do Espírito Santo, que seria segundo prefeito de Ourinhos, veio para a cidade do interior paulista no final da década de 1910 e comprou duas fazendas: a Boa Esperança, que hoje é um bairro com esse mesmo nome, e a Santa Maria, de propriedade, agora, de Renato da Costa Lima. Falecido em 1942, Álvaro de Moraes doou os terrenos para a construção da Santa Casa, do antigo ginásio, hoje Instituto de Educação Horácio Soares, e o da Igreja Metodista, na Rua São Paulo.
Jenny Moraes Ferreira e Sá, Filha de Alvaro, nascida em 07.08.1907 no Rio de Janeiro, casou-se em 1933 com Olavo Ferreira e Sá. Jenny contribuiu com diversas instituições, entre elas a mais importante, a doação do terreno (dez alqueires de terra), situada no final da Avenida Jacintho Ferreira e Sá, onde se localiza o recinto da Feira Agropecuária e Industrial de Ourinhos. Ela doou com a condição de livre ingresso, sem cobrança para todas as categorias sociais que se utilizam do Parque de Exposições Olavo Ferreira e Sá.
Antônio de Almeida Leite – O coronel Antônio, chamado popularmente de Tonico Leite, chegou a Ourinhos, vindo de São Carlos do Pinhal, em 1915. Ele adquiriu 600 alqueires de terra roxa na região do Córrego Lageadinho, que seria utilizado para definir uma das divisas do município. Plantador de café, ele desenvolveu equipamentos avançados para a época, como secadeira de cereais com um desenho que facilitava a ventilação e a secagem dos grãos. Depois da sua morte, um de seus nove filhos, Mário da Cintra Leite, passou a gerir a fazenda, transformando-a num bem-sucedido modelo de administração. Ele comprou as partes dos irmãos, menos a de Maria Amélia. Com ela, montou a Sociedade Fazenda Lageadinho Ltda. A propriedade aderiu, à cana-de-açúcar, mas conserva cerca de 300 mil pés de café e parte da mata original, região que ainda vivem macacos em liberdade.
Antônio José da Costa Júnior – Nasceu no ano de 1843. Era dono de uma grande fazenda entre a Água do Jacú, em Ourinhos, e proximidades de Jacarezinho. Suas posses no lado paulista ocupavam 104 alqueires, dos quais 40 de mata virgem. Era a fazenda chamada Ourinhos, detalhe que liga Costa Junior à formação da cidade. Ligação ocasional, porque Costa Júnior viveu mais em São Paulo, ocupado com a política.
Eduardo Salgueiro – Eduardo foi o primeiro prefeito de nossa cidade. Nasceu em Botucatu, filho de espanhóis; foi prefeito de 1918 a 1921. Tinha um armazém de secos e molhados. Foi escolhido prefeito pela primeira Câmara Municipal, eleita em 1918, quando Ourinhos foi elevada à condição de município. Era um homem claro, de tipo forte, quase gordo, tido como “arbitrário e rancoroso”. Apontado como mandante, em 1920, da tocaia que vitimou Fernando Foschini, administrador da Fazenda Santa Maria. Ele renunciou ao cargo, mas foi absolvido da acusação de homicídio qualificado, retomou seus negócios e manteve importantes laços políticos com figuras como Ataliba Leonel. Faleceu em 1932, de septicemia. Quatro anos mais tarde, Benício do Espírito Santo, que o substituiu no cargo, foi sepultado ao seu lado no cemitério municipal de Ourinhos.
Fernando Pacheco e Chaves – Nascido em Itu, no ano de 1842. Proprietário da Fazenda Santa Maria e de terras no centro de Ourinhos, próximas à estação, Fernando Pacheco e Chaves era filho de um rico fazendeiro da região de Araras, chamado Elias Antônio Pacheco e Chaves e neto de um famoso casal paulista, Martinho e Veridiana da Silva Prado, que tinham três milhões de pés de café na Fazenda Guatapará, em São Simão.
Horácio Soares – O fazendeiro Horácio Soares, nascido em Atibaia, em 05 de junho de 1894, descendente de tradicional família paulista e filho de fazendeiro, foi, inicialmente contador da Caixa Econômica Federal. Com a herança da mulher, Emília Santos, e com as suas economias, demitiu-se e, em 1925, veio para Ourinhos, onde comprou, do médico Paulo Bulcão Ribas, os 135 alqueires da Fazenda Múrcia, que incluía quase a metade do centro de Ourinhos. A área passou a ser chamada de Fazenda Chumbeadinha, indo da Avenida Altino Arantes ao atual bairro de Nova Ourinhos. Produzia café e alfafa e tinha ótimas minas, cuja água chegou a ser engarrafada e vendida com o nome Fonte da Saúde. Foi o nome escolhido para prefeito em 1938 e no ano seguinte, Soares começou a lotear a Fazenda Chumbeadinha. Primeiro, criou a Vila Emília, em homenagem à esposa, e, depois, as Vilas Santo Antônio e São Jorge. O restante foi loteado pelos filhos, sendo que, em 1959, começou a criação do atual Jardim Paulista e, mais tarde, a Nova Ourinhos. Soares era ligado ao PRP. Passou brevemente pela dissidência do Partido Democrático, mas logo retornou às origens. Ligou-se, posteriormente, a Adhemar de Barros e, quando este foi interventor do Estado de São Paulo (1938-41), foi nomeado prefeito. Ocupava o cargo, quando foi fundado o primeiro ginásio de Ourinhos e era presidente da Câmara Municipal quando o estabelecimento particular passou para a rede estadual. A escola recebeu o seu nome em 1952, ano em que ele faleceu. Da fazenda, transformada em bairros novos, restam chácaras pertencentes aos filhos.
José Esteves Mano Filho – Mano foi um prefeito também muito lembrado em Ourinhos. Mineiro, de Campanha da Princesa, onde nasceu em 16.11.1882, graduou-se como agrimensor na Escola Militar do Realengo, Rio de Janeiro, tendo trabalhado na Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e no trecho São Paulo-Sorocaba, da Estrada de Ferro Sorocabana.
José Galvão – Galvão foi prefeito no final dos anos 1920. Nasceu em São Miguel Arcanjo, em 1894. Formou-se na Escola Normal Peixoto Gomide, de Itapetininga, em 1914, e diplomou-se em 1924, pela Escola de Farmácia e Odontologia de Pindamonhangaba. Ingressou, dois anos depois, na Escola de Medicina de São Paulo, mas desistiu por falta de recursos. Voltou então para Ourinhos, tornando-se um dentista respeitado, orador requisitado e amigo de Jacintho e Sá. Foi, assim, eleito prefeito pela Câmara e reeleito três vezes.
Manoel de Souza Soutello – Soutello, pastor evangélico da Igreja Presbiteriana, como era conhecido, nasceu no dia 01.09.1878, em Portugal, no distrito de Braga, lugar de Soutello, lugarejo vizinho da aldeia onde papai nasceu. Ele chegou ao Brasil em 1889 em companhia de seu irmão mais velho. Mudou-se para Ourinhos aos 16 anos e, na primeira década do século XX, abriu uma loja atacadista e de secos e molhados. Em 1912, Manoel se casou com Maria de Barros, tendo o casal residido na cidade até 1918, quando foi diagnosticado que sua esposa Maria sofria de câncer. Em busca de melhor tratamento, ele com a família mudaram-se para o Rio de Janeiro. Maria faleceu no ano seguinte, com apenas 32 anos de idade.
Manoel Vieira de Brito – Manoel de Brito adquiriu 200 alqueires e plantou café, trigo e alfafa, além de criar cavalos, na sua fazenda, que chamou de Canaã. Ligou-se ao PRP e foi pioneiro na inclusão da mulher nas atividades partidárias, com a participação da esposa, Ananisa Franco Amaral Brito, no diretório e conselho consultivo do Partido. Eunice, filha de Manoel e Ananisa, casou-se com o professor e farmacêutico Alberto Braz que, com a queda de Getúlio Vargas e o fim do Estado Novo, em 1945, foi prefeito provisório de Ourinhos entre março de 1946 e março de 1947, por indicação do Partido Social Democrático, tendo sido, ainda, vereador e vice-prefeito de 1956 a 1960. Nos anos de 1950, a Fazenda Canaã foi vendida para Francisco de Paula Dupas, pois, após um derrame, a saúde de dona Ananisa inspirou cuidados e obrigou a família a se mudar para São Paulo. Em 1966, a fazenda foi desmembrada em glebas menores. Deixou de existir definitivamente com a morte do novo dono, cuja família conservou algumas partes e preservou o nome Porto Dupas numa delas.
Os imigrantes e seus descendentes – Abdalla Abujamra, pai de Ivone Abujamra. Ele saiu de Shur, no Líbano no ano de 1912. Em 1914, casou com Rosa Nachas. Mudou para Ourinhos em 1932. *Abuassali Abujamra, não foi só o patriarca de uma grande e numerosa família ourinhense. Pode ser considerado o patriarca dos imigrantes, que vieram de longe, sem tradição dos sobrenomes, e que venceram. Ele não só se multiplicou numa legião de filhos, noras, genros, netos e sobrinhos, como realizou a façanha de mudar origem: de árabe, passou para italiana e de Abuassali para Pascoal. Como o seu nome real era difícil de se pronunciar e seu tipo aloirado sugeria um italiano, os caboclos do lugar passaram a chamá-lo de Pascoal. Abuassali aceitou o apelido, que ganhou tanta verdade que até os jornais da época, vez por outra, trocavam os nomes. Abuassali chegou à cidade quando ela era ainda um mero acampamento da Sorocabana, entre 1906 e 1908.
Ângelo Christoni – Vindo do norte da Itália em 1906, a família Christoni emigrou de Montalvo para o Brasil. Instalaram-se em Pirassununga, com um moinho de fubá e um alambique. Três anos depois, o filho mais velho, Ângelo, comprou 50 alqueires das terras de Jacintho Ferreira e Sá: 20 alqueires em seu nome e 30 alqueires em nome do pai, Carlos. Dedicaram-se à lavoura, à fabricação de aguardente e ao comércio. Em 1934, Ângelo era proprietário do Bazar de Ourinhos, onde vendia artefatos de alumínio, louças, material elétrico, vidros em geral e brinquedos. Havia ainda, atividades como o moinho de fubá e a fábrica de ladrilhos de uma, duas ou três cores.
Archipo Matachana – O espanhol nascido em 1879, em Valladolid, veio em 1905, da Espanha para o Brasil. Archipo Matachana e sua esposa, D. Luiza Garcia Matachana, pais dos Srs. Fausto, Alberto, Paulo, Gaudência, Esperança, Alzira, Mercedes e Maria (D. Mariquinha). O casal residiu por três anos na cidade de Pereiras, onde ele foi confeiteiro, e um ano em Santos. De lá, vieram para Ourinhos. Estabeleceu-se em Ourinhos com um armazém de secos e molhados, a Casa Matachana, mas também negociava com madeira e, junto com os filhos, atuou no ramo de calçados. Faleceu em 1968 e cada um de seus descendentes deu continuidade a um ramo da empresa. Na Rua dos Expedicionários, n° 296, reside D. Maria Matachana Ferreira (Mariquinha), com 86 anos de idade. É tia do engenheiro Aldo Matachana Thomé e do médico José Luiz. É viúva de João Ferreira, cunhado do Sr. Antônio Ferreira, comerciante na Avenida Jacintho Sá.
Henrique Migliari – Os avós maternos de Luiza Migliari Fernandes, Heráclito Sândano e Hermínia Ivonete Sândano, vieram para o Brasil em 1895 e trouxeram Cezira, a mãe de Luíza, com apenas cinco meses de idade. Foram morar em Óleo e depois vieram para Ourinhos, onde tiveram um hotel, em frente à Caninha Oncinha dos dias de hoje. Conta-se que Dom Pedro II, que viajava para Jacarezinho, a fim de comprar terras, parou em Ourinhos. Deixando o vagão especial que ocupava e que era forrado de veludo vermelho. Sua Majestade foi levado de liteira até esse hotel, aonde chegou após o término do horário do jantar e, mesmo assim, foi servido pela avó de Luíza. Ela preparou uma refeição especial para ele.
Herculano Fantinatti – Em 1884, Herculano transferiu-se com sua família de Rovigo, na Itália, para Pirassununga, assim como a família de Elisa de Morário também o fez, vindo em 1888, de Verona. Nessa cidade brasileira, Elisa e Herculano se conheceram, casaram-se, tiveram três filhos e decidiram transferir-se para Barra Bonita, onde seu Herculano foi fiscal de fazenda, oleiro e pai de mais doze filhos. Em 1936, seu Herculano, esposa e filhos se mudaram para Ourinhos, onde compraram uma pequena olaria na Vila Odilon, que é marcada até hoje pela presença viva da família Fantinatti
Ítalo Ferrari – Vindo de Pievi di Saco, localizada no norte da Itália, a família Ferrari chegou ao Brasil em 1906. A primeira parada foi na cidade de Sertãozinho, onde ele, os pais e mais sete irmãos foram colonos nos cafezais da região. Lá, ficaram oito anos. Depois foram para Ipaussu, ponta da linha da Sorocabana, lugar ideal para abrir novos negócios, como o comércio de bebidas. Mudou-se para Ourinhos em 1915 com sua mulher, Hermínia Crivelari, embalado pela fama de que o lugarejo começava a prosperar, devido à sua excelente posição geográfica. De início, abriu um bar na, hoje, Avenida Jacintho e Sá. Depois inaugurou um outro bar na Rua Paraná, com uma pequena fábrica de guaraná, chamada Ceci, e uma representação da cerveja Antartica. Em 1930, o refrigerante foi rebatizado com o nome de Ivoran, em homenagem ao filho Ivo. Nos anos de 1940, a família decidiu concentrar-se na revenda de cerveja e na produção de aguardente em larga escala. Er0a o nascimento da Caninha Oncinha S/A. Com o sucesso, construiu uma casa na Rua Nove de Julho e passou os negócios para os filhos, falecendo em 1958. O casal teve cinco filhos: Lino, Nilo, Ivo, Alba e Genny. *João Carnevalli – João veio da Itália ainda criança. Casou-se com Angelina Bressanin. Atuavam no ramo de cerâmica em Barra Bonita e se instalaram na Vila Odilon, em Ourinhos, onde abriram uma olaria para a fabricação de tijolos. João é considerado um dos pioneiros no ramo de olaria em nossa cidade. O casal teve sete filhos: Celso, Arthur, Lírio, Justino, Mauricio, Orlando, Maurilia (Nina).*Julio Mori – Julio era casado com D. Maria e pai do Oriente, Jetro, Antônio Carlos, Janet e do Morinho, filho do segundo casamento com D. Helena. A primeira firma dos Mori foi aberta em 1918. Primeiro, eles montaram uma serraria; depois, uma casa de secos e molhados e, finalmente, uma loja de materiais de construção. Em 1890, Julio Mori vivia na Itália, e na época atravessava em um período de muita pobreza. E foi pensando em se aventurar que, ainda moço, solteiro, deixou a província de Venteble no ano de 1894, vindo para o Brasil. *Mário da Cruz Thomé – Mário nasceu na Figueira da Foz, bairro de Barcos, em Portugal, em 30.11.1901. Veio para o Brasil em 1923. Residiu em São Paulo e depois se mudou para Ourinhos em 1930, onde se estabeleceu na Rua Antônio Prado, no prédio da antiga Drogasil, onde montou um bar. Em 31.01.1935, casou-se com Gaudência Matachana Thomé, e em 05.11.1935, teve um filho Aldo Matachama Thomé. Dr. Aldo foi prefeito em Ourinhos no período de 01.02.1977 a 31.01.1983. Sua grande obra realizada em Ourinhos foi a retirada da antiga Estação Rodoviária do centro da cidade e a construção da nova Estação, onde está hoje.
Miguel Cury – Miguel chegou no Brasil em 1909, morou em Acfeir, antiga cidade da Síria, hoje parte do Líbano. Único filho varão de Esperidião Cury. Seu pai era Cristão Ortodoxo, tinha mais três filhas. Miguel estudou no Egito e falava o árabe, o francês e o inglês. Seu pai, padre ortodoxo, participava de um ambiente de lutas religiosas. Quando, numa dessas lutas, vendo Miguel ser atingido por uma garrafada, decidiu que preferia ter o filho longe de si do que vê-lo morto. Aproveitou então a viagem de uma família conhecida para o Brasil e o enviou para cá, com apenas quatorze anos. Encaminhado para São Paulo começou a trabalhar como sapateiro, ofício que conhecia. Depois de um ano nessa cidade, Miguel veio para Ourinhos, talvez à procura de um lugar menor onde pudesse fazer sua vida e continuou na mesma profissão. Casou-se com D. Benedita, filha do comerciante José Fernandes Grillo, e com ela teve nove filhos. Iniciou sua vida como sapateiro, na Praça Mello Peixoto. Ele e D. Benedita são os pais de D. Maria, casada com Abdo Sfeir; de Mário, casado com Maria Lucia; de Nelson, casado com Aparecida; de Esperidião, já falecido, casado com Nair; de Carlos, casado com Dorly; de Osvaldo, casado com Maria Inês; de Teco, casado com Neide e de Samir, casado com Celeste. Miguel Cury estabeleceu-se com sua sapataria e progrediu. Em 1924, tornou-se representante da Chevrolet. Em seguida, abriu uma companhia de ônibus, que fazia a linha Ourinhos-Assis. Seu primeiro filho, Esperidião Cury, nascido em 1918, foi o primeiro de seus filhos a estudar em São Paulo, e foi, também, o primeiro prefeito de Ourinhos nascido na cidade. Governou Ourinhos de 01.02.83 a 31.12.88. Esperidião faleceu em maio de 2004. *Salim Abuhamad – Salim nasceu no Líbano, casado no Zelinda Nicolau teve dois filhos: Arnaldo e Norma, que se casou com Paulo Roberto, o casal tem três filhos: Paulo Jr., Eduardo e Ricardo. Arnaldo Abuhamad casou com Arlete e teve três filhos: Márcia, Marcelo e Marta.
A Colônia Japonesa em Ourinhos – Os japoneses vieram para Ourinhos quase nos primórdios da cidade e aqui formaram uma das maiores colônias do Brasil. A imprensa da cidade noticiou algumas participações dos japoneses na vida ourinhense. O Jornal A Cidade de Ourinhos estampava esta nota: “Importante Donativo: Sociedade Cooperativa Japonesa, cuja diretoria é composta pelos srs. Kuchi Tashiro, Juwakura Jimmusulke, Kanichi Suyama e Rinkuro Suzuki, fez à Caixa Escolar de Ourinhos o donativo de 153$000, num gesto digno dos nossos melhores aplausos. 23.08.1931.”A colônia Japonesa era muito numerosa em Ourinhos e muito unida. Na AECO, localizada na divisa da olaria de papai, funcionava a associação dos japoneses. Naquele local, eles se reuniam, mantendo também uma escola e aulas de língua japonesa aos filhos dos imigrantes. Como morador vizinho da AECO, eu conheci um número grande de japoneses, e com muitos deles tive amizade: Caio Mizubuti, Diro Fujihara, Ioshito Koga, Isao Hashimoto, Jorge Teshima, Kanae Sakay, Kenichi Koga, Kiyoji Shibata, Kiyoji Suzuki, Kuniyoshi (Foto), Mário Fugikawa, Masami Kichise, Masato Nobuyasu, Minoru (Foto), Satyro Miwa, Shibata, Saburo, Sinsuki Kuniyoshi, Sumi Uehara, Tadashi Yano, Taiti Ito, Takeshi Kodama, Tomoishi Shikawa, Torizo Tanaka, Toshihico Hara, Toshihico Yamaji, Yamasu Tutui, Yuko Kuniyoshi.
Eles vieram de longe para ficar – Hisao Kobata. A bordo do navio Prata Maru, Hisao Kobata deixou Miagy-Ken em 1938, com dez anos, uma irmã de treze, e seus pais. Vieram tentar a sorte no Brasil, motivados pela propaganda que se veiculava no Japão.* Kichitaro Yamakawa. Correndo atrás de seu sonho em possuir e cultivar grandes extensões de terras no Brasil, Kichitaro deixou Hokkaido, no Japão, em 1921, acompanhado do irmão mais velho, da cunhada e uma sobrinha. *Kiyoshi Hashimoto. No ano de 1936, com apenas quatorze anos de idade, Kiyoshi, acompanhado de seus pais e irmãos, partiu de Ku-Mamoto. Kiyoshi e sua família, no navio Prata Maru, vieram para o Brasil, como todos os imigrantes; saíram de sua terra em busca de melhores condições de vida. *Koichi Seno. Nasceu em Wakayama no Japão, em 1892. É filho de Kenaske Nakao e de Koma Nakao. É casado com Tokuno Seno. Imigrou para o Brasil em outubro de 1932. *Massao Katsui. Viajando a bordo de um navio cargueiro que para0va em muitos portos, a família de Katsui, abandonam entre os anos 1918/19, a província de Nagasaki no Japão, levando noventa dias para chegar ao Brasil. Na véspera do desembarque no Rio de Janeiro, eles perderam a irmã, que ficou enterrada na Ilha do Governador. *Mistugue Canda. Nascido no Japão, no ano de 1939. *Shiro Watanabe. Com vinte e dois anos de idade, em abril de 1957, partiu do porto de Kobe, desacompanhado da família. Shiro havia terminado o colegial e o que desejava era aprender mais, melhorar sua vida, e o caminho que escolheu para conseguir seria sair do Japão com destino ao Brasil. *Takanory Numa. Veio ao Brasil em 30.01.1929, com apenas sete anos de idade, Takanory, junto com seus pais e seus irmãos e embarcados em um navio cargueiro, depois de quarenta e quatro dias de percurso desembarcaram em Santos. *Torataro Tone. Torataro com dezenove anos de idade, ainda solteiro, veio para o Brasil, partindo da província de Nara, no Japão, a fim de trabalhar na agricultura. Em 1927, chega ao Porto de Santos. *Toyoo Oda. Com destino ao Brasil e à agricultura, no ano de 1918 Toyoo, com 18 anos, acompanhado por Tie Oda, de 17 anos de idade, deixou Migataken. Viajando no Santos Maru, depois de cinqüenta dias no mar, aportaram em Santos.
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