domingo, 07 de dezembro de 2025

A Covid não acabou, casos aumentam, óbitos são divulgados e uso de máscaras volta a ser apontado

Publicado em 14 jun 2022 - 16:27:54

           

Boletim epidemiológico divulgado nesta terça-feira, 14/6, trouxe mais 448 casos novos em Ourinhos

 

José Luiz Martins

 

Informe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta, mais uma vez, tendência de aumento nos casos de covid-19 no Brasil. O Boletim Infogripe, divulgado quinta-feira (9), aponta que quase 70% dos registros de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) das últimas quatro semanas estão relacionados ao coronavírus. Quase todos (mais de 92%) os óbitos por vírus respiratórios relatados entre 29 de maio e 4 de junho ocorreram por causa da doença.

Nesse período foram 7,7 mil casos de SRAG no país. Segundo a Fiocruz, o cenário de crescimento no número de pacientes com a síndrome está explícito nacionalmente e em todas as faixas etárias da população adulta.

Os números apresentados pelo consórcio de veículos de imprensa relativos ao aumento dos casos de Covid-19 no Brasil revelam uma elevação de 100,3% nas ultimas três semanas, a média é mesma do final de março deste ano. Estudos indicam que a nova onda de contaminação da Covid-19 no país ocorre com a subvariante da Ômicron chamada de BA.2, cepa mais transmissível.

Em Ourinhos o número casos já ultrapassou a marca de 30 mil e as evidências de uma nova onda de casos na cidade e região faz soar o alarme. Na quinta-feira 26 de maio a Secretaria de Saúde, divulgou um alerta sobre surtos de Dengue, Gripe e Covid, que sobrecarregaram a UPA, o Pronto atendimento na UBS da Cohab e Centro de Saúde I (Postão) com filas na espera.

Já na última segunda-feira, 6 de junho, a Santa Casa de Ourinhos divulgou nota comunicando uma série de restrições a visitas e acompanhantes de pacientes internados no hospital. A medida foi adotada para tentar frear o avanço da doença.

 

COMUNICADO DA SANTA CASA – De acordo com o hospital, maternidade e alas estão com as visitas totalmente suspensas, mas ainda podem acontecer no pronto-socorro e nas Unidades de Terapias Intensivas (UTIs) adulto e infantil, e acordo com horários pré-estabelecidos.

Em relação a acompanhantes, estão autorizados apenas um por paciente com menos de 18 anos ou com mais de 60 anos. O uso de máscaras é obrigatório em ambiente hospitalar.

 

BOLETIM CORONAVÍRUS – Conforme o último boletim Coronavírus divulgado na terça-feira (7) pela Secretaria Municipal de Saúde, mais 333 novos casos de COVID-19 foram anotados entre os dias 30 de maio e 05 de junho. No boletim relativo ao período entre os dias 23 a 29 de maio 259 novos casos foram registrados ante 193 do boletim anterior.

Apesar do crescente número de novos positivados, não há registros de ocupação de leitos com internações em UTIs da Sta Casa, Unimed e UPA a pelo menos quatro meses conforme os boletins oficiais.

No entanto, foram notificados dois óbitos, de um homem de 85 anos, morador da Vila Brasil, que já sofria com doença cardiovascular crônica e do jovem Ericson Pinto Júnior, de apenas 26 anos, que não tinha comorbidades.

Desde o final de março nove pessoas morreram em decorrência de complicações da doença na cidade que já atinge 585 óbitos desde o início da pandemia.

O boletim emitido pela prefeitura nesta terça-feira, 14/6, trouxe novo aumento de casos. Veja abaixo:

“A Secretaria Municipal de Saúde de Ourinhos registrou 448 novos casos de COVID-19 entre os dias 06 e 12 de junho. Não houve registro de óbito por COVID-19.

 

 

Ocupação dos leitos:

Santa Casa (UTI Adulto) – 00 paciente

Hospital UNIMED (UTI) – 00 paciente

UPA – 00

Total de óbitos – 585

Total de curados – 29.456

Total de casos registrados – 30.625

 

USO DE MÁSCARA – Embora o governo do estado mantenha a não obrigatoriedade, nas escolas do município o alerta tem demandado atenção das diretorias em reforçar o diálogo sobre a necessidade do uso de máscara, o que tem alta adesão dos alunos, além de outras medidas de proteção segundo a Diretoria Regional de Ensino.

Próximo de dois meses após ampla flexibilização no uso de máscaras decretada pelo governo paulista em 17 de março, prefeituras da região como Avaré, Cerqueira César, Itaí, Piraju e Taquarituba tiveram que retomar a exigência do uso da proteção em locais fechados após o aumento da contaminação pelo coronavírus constatada ainda em maio.

Em Santa Cruz do Rio Pardo o prefeito Diego Singolani decretou na terça-feira (7) a obrigatoriedade do uso de máscara nas escolas de educação infantil e ensinos fundamental, médio, técnico e superior, das redes pública e privada.

 

VACINAÇÃO / ACESSO A INFORMAÇÃO – Vários municípios da região abrangidos pela DRS – Diretoria Regional de Saúde IX de Marília, entre eles Santa Cruz do Rio Pardo, Assis, Pompeia e Ourinhos, após autorização do Ministério da Saúde já estão aplicando a dose de reforço (4ª dose) em pessoas com idade acima de 50 anos.

Em Ourinhos a aplicação acontece nos postos de saúde de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 17h00, e também na Fapi das 18h00 às 22h00.

Para compor um panorama da situação da pandemia no município a reportagem do Negoçião enviou à Vigilância Epidemiológica de Ourinhos solicitação de informações, dados sobre a Covid na cidade, porém ainda não houve resposta. Os questionamentos foram:

– Qual o número de testagens realizadas nas UBSs nos últimos 3 meses (março, abril e maio)?

– Comparativamente de março a 31 de maio qual a porcentagem de aumento dos testes?

– Em média quantos testes de farmácia são encaminhados a vigilância mensalmente?

– Com relação a novos casos, existe algum levantamento que demonstre o índice de vacinados e não vacinados que pegaram a doença?

– Com relação aos óbitos, existe algum levantamento que demonstre entre as mortes o índice de vacinados e não vacinados?

Estamos no aguardo da manifestação e logo que recebermos tais informações, as mesmas serão divulgadas em nosso portal de notícias.

 

PANORAMA GERAL NA REDE PARTICULAR

Testagem – De acordo com levantamento realizado pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), testes positivos de Covid em farmácias saltaram 326% em maio. É a primeira alta desde janeiro. No total, foram registrados 136.117 mil novos casos, um número mais de quatro vezes maior que os 31.981 do mês de abril. Os dados da Abrafarma são de testes rápidos realizados até o dia 29 de maio em 4.504 unidades das 26 maiores redes de farmácias do país, reunidos pela associação.

 

Edson Ferreira

 

Edson Ferreira, gerente da Drogalar, no centro de Ourinhos, relata que a cerca de um mês o estabelecimento começou a fazer mais testes sendo maior a procura nas últimas semanas.

“São vários testes positivos todo dia, nós aplicamos o teste de swab, que tem o resultado em 15 minutos, de cada dez, entre quatro, cinco está sendo Positivo. Nesses casos emitimos um laudo e a pessoa é orientada a procurar um médico seja na rede pública ou particular, esse laudo também é enviado para a Vigilância Sanitária, tanto os positivos e os negativos”. De acordo com Edson, outro problema tem sido a falta de medicamentos principalmente para crianças, antibióticos líquidos, que não estão sendo encontrados facilmente nos laboratórios fornecedores.

Escassez de antibióticos também é observada pelo Farmacêutico Thiago Fantinele da rede Multi Drogas na Vila Odilon. “Tem faltado alguns antibióticos, à medida que é feito o teste e dá positivo há o encaminhamento para médico e dependendo do remédio que o médico receita tem ocorrido de faltar no momento”.

 

Farmacêutico Thiago Fantinele

 

Conforme Thiago houve um período em que a realização de testes de Covid quase zerou, hoje à procura tem sido bem acima do normal. Há aumento na testagem desde abril, junho está com a procura um pouco maior “acredito que depois que foi liberado uso de máscaras, houve muito descuido”, disse.

“Depois do carnaval tinha caído quase que completo e agora voltou a ter uma grande alta, janeiro foi alto e fevereiro também, em março diminuiu, mas desde abril vem aumentando, hoje são feitos cerca de 30% a mais de testagens. São cerca de 100 testes por semana, de cada 20 testes diários 5 ou 6 são positivos”, ressaltou Fantinele à reportagem do Negocião.

Conforme o farmacêutico itens como vitaminas que aumentam a imunidade e podem ser comprados sem receita, têm sido bastante procurados. Talvez as farmácias e drogarias realizem mais testes que a rede pública de saúde devido a rapidez no resultado. A pressa do teste, que dura 15 minutos, tem estimulado as pessoas a procurarem estes estabelecimentos. “A rede pública faz o mesmo teste, não tem diferença, só que para saber se deu negativo ou positivo a demora gira em torno de 24 ou até 48 horas a depender da unidade de saúde”, revelou Thiago.

 

Laboratórios – De acordo com um levantamento do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), a taxa passou de 13%, em abril, para 34,3% em maio, um salto de 163%. O biólogo e bioquímico proprietário do Laboratório Santa Paula, Mario Ferreira, também ouvido pela reportagem, diz que o número de casos mais que dobrou no último mês, estima que a maioria de testes é feito no serviço público de saúde, levando em conta as condições financeiras da população e lembra da opção pelos auto testes como possível fator de sub notificação.

“Na nossa área nós notificamos regularmente a Vigilância Sanitária dos resultados, mas imagino que deva estar ocorrendo uma sub notificação, porque os auto testes estão disponíveis. Muitas vezes o paciente compra o teste faz em casa e isso não é notificado então há uma subnotificação”, observou Mário.

 

Mario Ferreira

 

O biomédico avalia que, embora a doença esteja se espalhando novamente, felizmente a situação não corresponde a casos de maior gravidade, observando que a maioria dos acometidos tem formas mais leves e brandas da doença. Isso tem se refletido em um número menor de internações, ocupação de UTIs e de óbitos; ele salienta que esse quadro se deve exclusivamente por conta da vacinação.

Ele teme que, embora não há nada indicando isso, com a onda crescente de novos casos, existe uma possibilidade de que uma nova mutação surja com uma nova variante mais grave do vírus.

 

Vacinação e uso de máscaras – “Eu penso que é necessário estar incentivando a vacinação, até porque não existe campanha do Ministério da Saúde ou qualquer outra campanha pública explicando para a população a necessidade de completar os ciclos da vacina, tomar a dose de reforço, quem já tomou a terceira dose há mais de 4 meses precisa tomar a quarta dose de reforço. É preciso ter uma campanha para isso”, ressalta Mário Ferreira.

Sobre a flexibilização do uso de máscara em ambiente fechados diz ser importante explicar para as pessoas que todos se protegem usando máscara, lembrando dos cuidados com os grupos de risco como os idosos, “Quem tem comorbidades, diabetes, obesidade, doença renal crônica, tem sequelas de AVC; esse pessoal precisa de um cuidado especial precisa ser protegido”, concluiu.

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