Em Santa Cruz do Rio Pardo elas chegam 49% do total de MEIs; em Piraju, elas são 45,7%

Fernando Lima

O dia 8 de março é uma data muito representativa para a mulher. O Dia Internacional da Mulher é um símbolo histórico da luta das mulheres por direitos, equidade e respeito. A data tem raízes nos movimentos trabalhistas e feministas do século XIX, mas foi no século XX que as mulheres tiveram oportunidade para reivindicar melhores condições de trabalho, direito ao voto e igualdade de oportunidades.

Em 1910, durante a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, Dinamarca, a ativista Clara Zetkin, uma das grandes vozes do feminismo da época, propôs a criação de um dia internacional para dar visibilidade à luta feminina por direitos. A proposta foi aceita por mais de 100 mulheres de 17 países, embora a data oficial ainda não estivesse definida.

O movimento ganhou força em 1917, quando trabalhadoras russas organizaram uma greve histórica em 8 de março, protestando contra a fome, a Primeira Guerra Mundial e o regime czarista. Esse evento ficou conhecido como a “Marcha das Mulheres de Petrogrado” e marcou o início da Revolução Russa de 1917. Em reconhecimento ao protagonismo feminino, o governo soviético oficializou o 8 de março como feriado nacional em homenagem às mulheres.

A data foi oficialmente reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, quando o ano foi declarado como o Ano Internacional da Mulher. Desde então, o 8 de março passou a ser um marco global de reflexão sobre os direitos das mulheres, celebrando conquistas e reforçando a luta por igualdade de gênero.

MULHERES E O EMPREENDEDORISMO

Em busca de melhores oportunidades no mercado de trabalho, as mulheres estão empreendendo cada vez mais. Sendo donas dos próprios negócios, a força feminina age como motor propulsor de desenvolvimento de muitas regiões e na nossa não é diferente.

O escritório do Sebrae de Ourinhos apontou que as mulheres representam 47,9% do total dos empreendedores formais em Ourinhos. Segundo levantamento realizado pelo Sebrae-SP, com dados do Portal do Empreendedor, Ourinhos tem atualmente 10.259 microempreendedores individuais (MEIs). Destes, 5.340 são homens e 4.919 são mulheres. 

As três principais atividades em que as mulheres superam o número de homens são comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios, com 479 empreendedoras formalizadas, do total de 603 inscritos; cabeleireiros, com 476 empreendedoras formalizadas, do total de 645 inscritos; e serviços domésticos, com 402 empreendedoras formalizadas, do total de 404. 

Para Viviane Orlandi, analista de negócios e gestora do programa Sebrae Delas do Sebrae-SP, o Mês da Mulher é uma oportunidade de celebrar a força e a resiliência feminina, mas também de reforçar a importância do empreendedorismo como um caminho para a autonomia e o crescimento das mulheres. “O Sebrae Delas tem um papel fundamental nesse processo, oferecendo capacitações, networking e suporte para que as empreendedoras possam transformar suas ideias em negócios de sucesso. Nosso objetivo é fortalecer o protagonismo feminino, ajudando mulheres a empreender com mais segurança, conhecimento e conexões estratégicas”, ressaltou. 

REGIÃO

Entre as 23 cidades da região atendidas pelo Sebrae-SP por meio do escritório de Ourinhos, Santa Cruz do Rio Pardo e Piraju também se destacam em relação ao número de empreendedores. 

Assim como em Ourinhos, as atividades que possuem o maior número de mulheres inscritas são serviços domésticos, cabeleireiros e comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios. 

Santa Cruz do Rio Pardo possui atualmente 4.504 empreendedores formais inscritos no MEI. Destes, 2.297 são homens e 2.207 são mulheres, representando um percentual de 49%. No município, as três principais atividades em que o número de mulheres supera o de homens são serviços domésticos, com 339 mulheres, do total de 349 inscritos; cabeleireiros, com 216 empreendedoras, do total de 276 inscritos; e comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios, com 186 mulheres, do total de 237 inscritos. 

Já em Piraju, existem 2.688 empreendedores formais ativos, sendo que destes 1.458 são homens e 1.230 são mulheres, representando 45,7%. Na cidade, as três principais atividades em que o número de mulheres supera o de homens são comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios, com 155 mulheres, do total de 195 inscritos; serviços domésticos, com 138 mulheres, do total de 139 inscritos; e cabeleireiros, com 109 empreendedoras do total de 161 inscritos.

A FORÇA DA EMPREENDEDORA

Tainã Gobi, de 37 anos, é exemplo da força feminina no empreendedorismo. Formada em Administração de Empresas e pós-graduada em Gestão Estratégica Empresarial, ela se preparou para iniciar sua trajetória no mundo dos negócios.

Desde 2020 ela empreende. Começou com uma cafeteria na cidade de Curitiba (PR), depois trabalhou com vendas na internet de uma marca própria e agora se estabeleceu em Ourinhos em um ramo que ela sempre quis trabalhar, o de produtos naturais e terapias.

“Hoje estou à frente de uma loja de produtos naturais e terapias, a Canto Verde,  há 4 meses. Estudo Ayurveda (Medicina Indiana) e quis trazer algo diferente para atender pessoas que precisam de ajuda e de informação sobre saúde. Com foco em tratamentos para o corpo e para a mente”, conta Tainã.

Tainã Gobi está a frente de uma loja de produtos naturais e terapias em Ourinhos – Foto: Arquivo Pessoal

A empresária ressalta a importância do planejamento, do estudo e do foco para chegar aos seus objetivos. “A dica para a mulher que quer empreender é planejamento, foco e não desistir do seu sonho, pois empreender não é nada fácil. Vão ter dias incríveis e dias muito difíceis e desafiadores, e para a mulher, que ainda somos vistas como frágeis e despreparadas, temos que estar sempre um passo à frente para os desafios que vierem. E estudar, muitas vezes achamos que já sabemos tudo, mas aprendemos muuuuito dia a dia, com pessoas e situações, humildade é muito importante”.

O empreendedorismo possibilita que muitas mulheres se destaquem em áreas com trabalhos que lhes dão satisfação pessoal e profissional. Tainã aponta que, para ela, é fundamental fazer o que se gosta. “Ao longo da minha trajetória profissional sempre procurei me dedicar ao que fazia, mas nada se compara ao fazer o que se ama, com propósito e missão muito bem definidos. Ainda almejo realizar muito mais como empreendedora, mas sim, me sinto realizada, em poder ajudar pessoas de alguma forma e conhecer mais a cada dia sobre SAÚDE”.

A empreendedora finaliza destacando a diferença de oportunidades para homens e mulheres no mercado de trabalho e a importância do empreendedorismo. “De fato não há igualdade entre oportunidades para homens e mulheres no mercado de trabalho. Já houve uma evolução, mas ainda estamos distantes de uma “igualdade” nesse sentido. Inclusive quando se trata de igualdade salarial em um cenário corporativo. Por isso é tão importante a mulher se arriscar e empreender sim, fazer o seu próprio sonho se tornar real”.

Fontes: Sebrae e Gov.br.