quinta, 16 de janeiro de 2025
Publicado em 02 dez 2016 - 11:13:08
José Luiz Martins
O Banco do Brasil anunciou no dia 21/11 o fechamento de 402 agências em todo país nos próximos 12 meses. Só no estado de São Paulo serão 222 que deixarão de funcionar. Em Ourinhos a agência abrangida pelo que a instituição chama de reorganização, fica na Rua Nove de Julho em frente ao Teatro Municipal e poderá ser fechada até fevereiro próximo. Com essa medida cerca de 26 bancários que trabalham nessa agência serão transferidos ou podem aderir a reestruturação que inclui incentivos à aposentadoria. O plano do BB prevê ainda que outras 379 agências sejam transformadas em postos de atendimento e 31 superintendências serão eliminadas.
Na região várias outras cidades como Santa Cruz do Rio Pardo, Marília e Avaré terão uma agência fechada, já em Botucatu serão duas e em Bauru quatro agências que cerrarão suas portas. Conforme divulgado pelo Banco do Brasil se os 18 mil funcionários em todo país em condições de se aposentar aderirem à troca de benefícios com aposentadoria incentivada, a economia anual será de mais de R$ 3,700 bilhões.
Na manhã de terça-feira dia 29, membros do Sindicato dos Bancários em Ourinhos realizaram um manifesto em frente a agência chamando atenção dos correntistas, alertando que com a extinção da agência local os clientes do banco serão os mais prejudicados. Ouvido pela reportagem do NOVO NEGOCIÃO, o assessor de imprensa do sindicato, Walter Duarte, disse que além de atingir diretamente a população, as medidas trarão impacto no acesso ao crédito. “Os bancos públicos aumentaram o crédito entre 2008 e 2016 de 38% para 57% enquanto os bancos privados tiveram redução de 5% em dois anos. Uma mudança brusca como essa em um momento que a economia passa por forte retração vai amentar o desemprego e queda na renda das famílias. Na verdade esse desmonte atende aos interesses dos bancos privados,” declarou.
Ele exemplificou dizendo que o Banco do Brasil é responsável por cerca de 60% do crédito agrícola no país, com a redução drástica do número de agências os bancos privados se beneficiarão com uma diminuição da concorrência deixando o sistema financeiro mais concentrado nas mãos dos banqueiros.
Segundo Walter a qualidade do atendimento irá piorar: “Se as filas já incomodam, os clientes serão mais prejudicados ainda, pois as filas serão cada vez maiores. Nós estamos do lado dos trabalhadores e da população, deveriam primeiro debater e construir as alternativas para saída da crise com a população e os trabalhadores. Não da forma como estão impondo”, criticou. Ainda conforme o sindicalista, em vez da retomada da expansão do crédito para setores prioritários como moradia popular, agricultura, pequenas e médias empresas, o BB mostra sua falta de responsabilidade para com o país.
Clientes do banco ouvidos pela reportagem reclamam do fechamento afirmando que será prejudicial, temendo principalmente que as filas aumentem com atendimento em apenas uma agência. A técnica de enfermagem Daniela Soares, 34, que vai pelo menos uma vez por semana até o banco, diz que o fechamento é uma perda para a cidade e na opção de atendimento para os correntistas. “Em vez de manter as melhorias para quem precisa do banco, isso só vai piorar. Vai prejudicar o atendimento que já não é tão bom, a outra agência está sempre cheia então essa aqui é uma opção a mais e às vezes com fila menor”, explicou a moradora da Nova Ourinhos.
Para o professor Sidnei Mariano, 67, morador no centro de Ourinhos, o fechamento da agência trará mais complicação, segundo ele, que usa as duas agências para suas operações bancárias, o atendimento dependendo do horário tem grande demora. “Eu procuro sempre ver qual agência está com fila menor. Tem momentos que é um absurdo a quantidade de pessoas esperando para serem atendidas. Às vezes a demora passa de uma hora. O mesmo acontece com a fila nos caixas para idosos, que na teoria deveria andar mais rápido. Se isso acontece com duas agências, imagine quando for só uma atendendo”, reclamou.
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