sexta, 04 de julho de 2025

Aos 98 anos Ourinhos exibe orgulhosa seu maior patrimônio: o povo

Publicado em 09 dez 2016 - 04:06:46

           

Alexandre Q. Mansinho

De um pequeno povoado, nascido às margens da ferrovia, até o município de mais de 100 mil habitantes, Ourinhos conseguiu desenvolver uma identidade única e que é repetida incessantemente por quem aqui mora, visita ou é recém-chegado: a população de Ourinhos tem um coração de ouro. “Nasci em Ipaussu, vim pra cá ainda no colo de minha mãe com poucos meses de idade, se me perguntarem qual é o maior bem que a cidade tem, não resta dúvida que é seu povo”, diz Renato Clemente, que mora em Ourinhos há mais de 60 anos.

A posição geográfica de Ourinhos foi determinante para torná-la maior e mais populosa que as cidades vizinhas, hoje os empreendimentos imobiliários e o crescente número de faculdades continua colocando a cidade na vanguarda. Ronaldo Manéa, farmacêutico e dono de uma rede de farmácias de manipulação, diz que, embora oriundo de Presidente Prudente, escolheu Ourinhos para seu empreendimento e não se arrepende: “aqui é calmo, temos problemas sim, mas são bem menores que os das cidades vizinhas”.

Fernando de Souza A. Negreiros, comerciante, diz que a cidade passa por dificuldades, mas a força de seu povo vai ser a chave nessa recuperação: “sou otimista sobre o futuro da cidade, passamos por situações mais difíceis no passado e Ourinhos nunca deixou de crescer”. Ivair Negreiros, que veio de Santo Antônio da Platina há 35 anos, é testemunha do acolhimento da população ourinhense com os que vêm de outras cidades procurando um lugar para construir a vida: “o povo daqui acolhe os que vem de fora como nenhum outro que eu já tenha visto”.

André Luiz Alves, filho de uma família que figura entre as pioneiras da cidade, afirma que Ourinhos não tem o espírito “bairrista” que atrapalha o desenvolvimento de muitas das cidades vizinhas: “nós gostamos de receber os que vêm de fora e temos isso na nossa identidade, e é isso que me faz ser otimista com o futuro da nossa cidade”. Maria Cláudia Vieira de Carvalho chama a atenção para um aspecto da cidade, que mesmo não sendo mais uma cidade pequena, ainda tem mais segurança que muitas cidades vizinhas do mesmo porte: “aqui ainda é uma cidade segura, não como gostaríamos que fosse, mas estamos melhor que muitas cidades da região”.

Michele Rodrigues Alves Ramos, comerciária, tem muito prazer em atender as pessoas e, entre outras, é responsável pela tradição de acolhimento do povo ourinhense: “eu gosto de atender as pessoas e gosto de viver em uma cidade que tem a tradição de tratar bem os visitantes”. Aloísio Aleixo da Silva, aposentado, veio do estado da Paraíba há 18 anos, não se contém ao falar bem de Ourinhos e de seu povo: “eu amo Ourinhos demais”.

Nesses 98 anos Ourinhos enfrentou muitas dificuldades, no momento em que o país passa por uma recessão sem precedentes, a cidade também se depara com sérios problemas. Para Ana Benedita da Silva, ourinhense de nascimento, a juventude precisa ter mais acesso a formação: “quem vai tirar a gente dessa crise é a juventude, mas ela precisa de mais escolas e mais emprego”. Em alguns setores, o pouco desenvolvimento acaba tirando da cidade pessoas que poderiam representar uma ótima mão de obra especializada. “Ourinhos é uma cidade maravilhosa para se viver, mas ainda precisamos tratar melhor nossos jovens”, afirma Josiane Barbosa de Melo, comerciária, referindo-se a atual situação econômica.

Elisa Rosa de Farias, ourinhense de nascimento, concorda que Ourinhos tem um povo de ouro e que o município é um ótimo lugar para se chamar de lar – mas chama a atenção para pessoas que não estão sendo acolhidas e nem estão sendo tratadas com dignidade: “os moradores de rua, que estão crescendo em Ourinhos, deveriam ser melhor tratados pelo poder público”.

“Gosto de ser ourinhense, adoro o nosso povo e estou otimista com o futuro da nossa cidade”, afirma Ana Lúcia Azzoni, comerciante e moradora da cidade: “o comércio também acolhe a todos, por isso muitas pessoas de lugares distantes optam por viver aqui – eu mesma vim de Jundiaí há 20 anos e me apaixonei pela terra”. Aliás, o comércio e a indústria ourinhenses é um capítulo à parte: passando pelos povos árabes, pelos japoneses, portugueses, espanhóis e os oriundos da China, o comércio foi o responsável por fazer Ourinhos ultrapassar as fronteiras e servir de morada para pessoas de outros países.

Yam Chum Hui, comerciante chinesa que está em Ourinhos há 15 anos, é o melhor exemplo do poder de acolhimento do nosso povo: “quando cheguei aqui tinha várias barreiras para superar – os hábitos, a comida, a língua; mas o povo ourinhense me acolheu e hoje me sinto como se fosse natural daqui”.

 

Tibério Bastos Sobrinho, com seus 94 anos de experiência e de vivência na cidade, tem sabedoria e conhecimento como poucos; para ele o povo de Ourinhos é “entusiasmado, trabalhador”. No entanto, Tibério diz que não há muita atenção dos governos estadual e federal: “se tivéssemos mais apoio das outras estâncias de governo, cresceríamos bem mais”. 

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