segunda, 07 de outubro de 2024
Publicado em 16 jun 2017 - 03:46:10
Alexandre Mansinho
Por mais de 50 anos a Feira Agropecuária e Industrial de Ourinhos manteve uma identidade muito ligada a participação popular. Houve, nessas 5 décadas de história, momentos antológicos como shows gratuitos de artistas de “primeiro time”: Roberto Carlos, Ray Conniff e Cláudia Leite, para citar alguns exemplos. Era comum que toda a região se movimentasse rumo ao Parque Olavo Ferreira de Sá chegando, em algumas oportunidades, a juntar mais de 100 mil pessoas. No entanto, a atual situação econômica pela qual o país atravessa não permitiu, em 2017, que a tradição de grandes shows com portões abertos continuasse.
Nem o ourinhense mais otimista acreditou que, diante da realidade econômica, fosse possível abdicar da cobrança de ingresso nos shows – o resultado foi positivo nos aspectos de segurança para os visitantes e de estrutura para quem assistia às apresentações, porém os expositores criticaram a forma como foi organizada a logística para as apresentações musicais: “eles “prenderam” o povo lá dentro e, depois do final dos shows, ninguém mais voltava para consumir na feira, para nós foi péssimo”, disse Paulo Sérgio da Silva, expositor de Mandaguari/PR.
Rodrigo Fernando, comerciante de alimentos, disse que apenas nos dois últimos dias de feira é que “teve cara de Fapi”: “o fracasso só não foi maior para nós porque nos últimos dois dias a população voltou a frequentar a feira, no domingo nós tivemos parque cheio desde as 10 da manhã”. Michele Ap. Barros de Souza, gerente da Liverpool, acredita que o fato da feira ter começado antes do dia em que geralmente a população recebe os salários também colaborou para o baixo engajamento do povo. André, de Umuarama/PR, criticou a segurança oferecida para o expositor: “nós pagamos caro pelo direito de trabalhar aqui, mas não há segurança durante a madrugada, vários comerciantes foram furtados, incluindo eu – levaram vários fardos de cerveja enquanto nós dormíamos na barraca”.
Apesar do todo o frio, movimento começou a melhorar com a abertura do rodeio na quinta-feira, 8, noite agraciada também com a notícia de que os organizadores da FAPI e a Prefeitura, de comum acordo, liberaram a entrada do show da dupla Hugo e Thiago que aconteceu na noite de quinta-feira, 8, e de Gustavo Mioto, que se apresentou no sábado, 10. Ambos atraindo grande público para o recinto.
Rodeio – As arquibancadas montadas para o rodeio ficaram lotadas em todos os dias de montarias – isso, segundo comerciantes, ajudou a impulsionar as vendas nos últimos dias do evento. A prova feminina dos “3 tambores” dividiu espaço com o tradicional rodeio em touros – tal diversificação aumenta o interesse do público e traz mais famílias para assistir às montarias: “monto desde os 7 anos, hoje as mulheres estão participando bem mais dos eventos relacionados aos rodeios”, diz Mariana Campos, de apenas 14 anos, ganhadora da prova dos 3 tambores. Fabrício Rodrigues Pereira, vencedor do rodeio em touros, diz que são importantes eventos como esse para manter viva a cultura do interior: “há várias pessoas como eu que saem de casa para buscar o sustento da família nos rodeios, é importante que isso nunca acabe”.
Cavalgada – No último dia do evento a cavalgada coloriu as ruas de Ourinhos na manhã de domingo, famílias inteiras pelas ruas ostentando o orgulho da cultura do Brasil caipira. “É importante que a cultura do homem do campo nunca seja esquecida, a cavalgada traz para as ruas da cidade a festa que isso tudo representa”, diz Taiguara, da Comitiva Cabeça de Cavalo.
Show Marília Mendonça – Grande público foi registrado também prestigiando o Yakissoba do Fundo Social de Solidariedade, que contou com filas durante todas as noites do evento, inclusive para o almoço de sábado e domingo.
Agora é esperar o balanço final que será feito pela AIOR – Associação das Indústrias de Ourinhos e Região, responsável pelo evento e que poderá dizer se valeu a pena a experiência, e se poderá ser repetida em outras ocasiões, os melhores ajustes
Em entrevista, Edenilson Natale, presidente do GFAPI afirmou que toda a renda do evento será destinado ao Hospital do Câncer de Ourinhos e que independente de quem assumir as próximas edições da FAPI, cobrança dos shows deve continuar.
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