quinta, 24 de outubro de 2024

Artigo: Cuidado com o canto da sereia

Publicado em 19 mar 2015 - 02:23:49

           

Bruno Caetano*

Quem planeja empreender está sempre à procura de oportunidades. É a regra básica. Mas o empresário, que volta e meia topa com negócios tentadores, precisa estar alerta para não se deixar seduzir pelo canto da sereia que costuma pregar peças nos mais desavisados.

Há produtos e serviços que viram verdadeiras febres e nessa hora sobram candidatos a explorá-los. Porém, com frequência, passada a grande procura inicial por parte do público, a novidade perde força. É aí que mora o perigo. O empresário vai no embalo, coloca suas fichas em um negócio de fôlego curto e vê o empreendimento minguar antes de dar retorno suficiente para cobrir o aporte financeiro feito.

A dificuldade está em identificar o que é modismo – de vida curta – e o que é tendência – incorporada pela sociedade e pela economia.

Tomemos como exemplo as paletas mexicanas, cuja longevidade comercial tem sido questionada. Está na moda, mas pode ser que que o público não absorva a grande oferta apresentada, numa espécie de reedição do frozen iogurte, que surgiu com tudo e depois perdeu popularidade. O mesmo podemos dizer da onda de “gourmetização” de alimentos. Muitos empreendimentos do segmento devem ficar pelo caminho.

Já os food trucks, mesmo em São Paulo onde estão em fase de expansão, suscitam dúvidas quanto ao tamanho do mercado a ocupar. Talvez nem seja correto classificar como moda, mas certamente passarão por um processo de redimensionamento em algum momento.

Claro que faz parte do espírito empreendedor ousar. Entretanto, não canso de dizer, também faz parte planejar para correr apenas riscos calculados. Por isso, só uma análise detalhada do negócio, com todas suas variáveis, é capaz de evitar que os esforços sejam um tiro n’água. Ao reunir o máximo de informação possível sobre a área em que pretende atuar, o empresário pode projetar como será o futuro do empreendimento e sua viabilidade. O problema é que 55% dos que abrem uma micro ou pequena empresa não elaboram um plano de negócio, conforme revela pesquisa do Sebrae-SP. Resultado é o fechamento antes de completar cinco anos de atividade.

Não é errado apostar em modismos, mas o segredo está em traçar uma estratégia para explorar essa possibilidade com segurança. Investimento mal avaliado é prejuízo na certa.

 

*Bruno Caetano é diretor superintendente do Sebrae-SP

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