segunda, 28 de outubro de 2024

ARTIGO: Cultura? Pra que (m) serve? (Primeira parte)

Publicado em 07 fev 2018 - 03:40:38

           

Gustavo Gomes

Há menos de duas décadas, era comum as Prefeituras terem Secretarias de Educação que também eram responsáveis por Cultura e Esporte. No início deste século, um forte movimento “separatista” levou a maioria dos Governos Municipais a dividirem estas áreas em três secretarias, no intuito de valorizar tanto a Cultura quanto o Esporte, que, juntos, ficavam “subordinados” às regras e verbas da Educação.

O movimento era justificável. O objetivo seria dar foco e atenção para Cultura e Esporte, com o mesmo peso que a Educação.

Na teoria, lindo. Na prática, não é bem assim.

Certamente, tanto Cultura quanto Esporte devem promover eventos em suas áreas, gerando visibilidade e formação de público. Mas, sem dúvida, a meta dos Governos Municipais, nestas áreas, deve ser a construção holística dos cidadãos, ampliando a visão de mundo dos munícipes, por meio de música, teatro, dança, artes plásticas, literatura, jogos, recreação e lazer.

Assim, a Cultura só cumpriria realmente este papel, com um Orçamento anual compatível com suas necessidades. No Brasil, arrasta-se nos escaninhos da Câmara Federal um projeto de lei que estabeleceria um mínimo de 1% dos orçamentos públicos para investimento em Cultura.

Ourinhos, neste século, sempre teve orçamentos de Cultura acima de 2%. E falta muito dinheiro.

A separação das Secretarias não trouxe, em geral, a importância que a Cultura deve ter na sociedade. Secretarias foram criadas, mas infelizmente continuou havendo uma hierarquia entre as pastas, com Educação e Saúde sendo “mais importantes” do que as demais. 

Juntas, estas duas geralmente abocanham metade do orçamento. Pesquisas já provaram e comprovaram que Cultura e Esporte melhoram o desempenho escolar e a qualidade de vida.

Na maioria das cidades brasileiras, os Secretários de Cultura são responsáveis apenas por festas e decorações (entretenimento), gastando a maior parte das verbas em shows eventuais que pouco acrescentam à formação do cidadão. Ourinhos é diferente. 

Os festivais e mostras em todas as áreas da Cultura deixam marcas profundas. As escolas de Música e Dança são referências. Apesar de faltar uma escola pública de Teatro, e uma de Artes Visuais, Ourinhos produz arte freneticamente.

Infelizmente, os políticos, em geral (aqui faço questão de dizer que não são todos, portanto, incluam-se e excluam-se conforme suas consciências), frequentam seletivamente as diversas formas de Cultura.

Prefeitos, Vereadores e Cargos Comissionados, atuais e passados, tendem a “prestigiar” apenas os eventos realizados por seus “próprios” Governos. Até Secretários e Chefes de Cultura (que, a priori, deveriam gostar de Cultura), não frequentam o Teatro, as Bibliotecas e os diversos centros de produção cultural, se não houver uma vantagem política na presença.

A Cultura não tem dono. Pertence ao Povo.

© 1990 - 2023 Jornal Negocião - Seu melhor conteúdo. Todos os direitos reservados.