Gustavo Gomes

Eu gostaria de acreditar que é possível acabar com a corrupção na política. Gostaria de pensar que existe uma possibilidade de que apenas boas pessoas, com boas intenções, fossem eleitas.

Mas é difícil imaginar que algo vai mudar, sendo que quem tem o poder de mudar não tem o interesse em mudanças.

E não basta eleger um bom executivo. O legislativo sempre será um grande problema, cada vez com mais poderes e cada vez com menos representação.

Eu sempre pensei que bastava votar em boas pessoas, que a política seria saneada, ao longo do tempo. Mas as pessoas boas não se elegem.

As pessoas boas não mentem, não falam o que o povo quer ouvir. As pessoas boas não prometem o impossível. As pessoas boas não oferecem vantagens proibidas ao eleitor.

E, mesmo quando um executivo bom é eleito, sofre com um legislativo sempre mais doente do que são. Porque os legislativos, apesar do discurso geral, não representam a maioria.

Vou dar um exemplo perto de nós. A Câmara de vereadores atual somou, com seus 15 eleitos, menos de 30% dos votos. Cada vereador teve seus 1000 votos, em média. O mais votado teve 3% dos votos. Pudera! Com 240 candidatos, para 15 vagas!

Os candidatos aos cargos legislativos no Brasil, que poderiam fazer a mudança, não entram. Não fazem churrascos, não pagam bocas-de-urna, não prometem cargos, não oferecem dinheiro. Os éticos, em geral, ficam pelo caminho. Os pouquíssimos éticos que entram nos legislativos acabam sendo sufocados pelas manobras dos antiéticos, sempre em maioria.

Para mudar alguma coisa, precisaria mudar, radicalmente, a forma de eleição. Mas quem mudaria uma regra que lhe favorece? Apenas os éticos. Que são minoria.

É pessimismo? Sim! Então não há esperança? Há.

Por enquanto, a esperança reside em votar em candidatos éticos, que não me oferecem nada além da verdade e esperança.

Um dia eles podem ser maioria.