terça, 29 de abril de 2025

Atleta ourinhense, de 42 anos, que vai subir ao palco do Arnold em abril, emagreceu 20 kg para começar a competir

Publicado em 25 mar 2025 - 12:06:59

           

Ela já coleciona alguns títulos em apenas dois anos de trabalho com o fisiculturismo e se prepara para um dos maiores campeonatos do Brasil

Fernando Lima

Aos 42 anos de idade, Elizely Pereira Zansavio, mostra que o impossível não está em seu vocabulário. A hoje atleta de fisiculturismo, decidiu aos 40 anos emagrecer e trilhar o árduo caminho da modalidade. 

Formada em Administração, Educação Física e Nutrição, e pós-graduada em Personal Trainning, ela se apaixonou pelo esporte depois de acompanhar outro atleta numa competição. Mesmo já estando no meio fitness, já que ela também é sócia proprietária de uma academia de musculação na cidade, Elizely nunca tinha se interessado pela modalidade. 

Hoje com 20 kg a menos e alguns títulos já conquistados, ela conversou com nossa equipe de reportagem e deu detalhes de toda sua trajetória, mostrando que lugar de mulher é o onde ela quiser! 

Prestes a subir num dos maiores campeonatos do país, o Arnold Sports Festival South America, da franquia da lenda do fisiculturismo e do cinema Arnold Schwarzenegger, ela divide a rotina de trabalho e preparação intensa para a competição, que é o sonho de todo atleta.

Um evento multiesportivo, que acontece de 4 a 6 de abril em São Paulo e traz os maiores nomes e os maiores atletas do ramo. Além de feiras, exposições e negócios.

Confira o bate papo com a atleta, que fala muito sobre superação, disciplina, e força de vontade, bases do esporte.

A atleta diz que a disciplina é fundamental para quem quer seguir no esporte – Foto: Arquivo Pessoal

 

Porque você decidiu competir nesse esporte? Porque escolheu o fisiculturismo?

Em agosto de 2022 eu comecei um processo de emagrecimento e meu treinador estava treinando um outro aluno para competir e fui acompanhá-los na competição. Lá eu vi as meninas competindo e eu fiquei encantada. Como eu já estava no processo de emagrecimento eu quis me desafiar, eu emagreci 20 kg no primeiro ano e subi ao palco pela primeira vez em novembro de 2024. Foi um trabalho de 2 anos.

Antes e depois da atleta, com 20 Kg a menos – Foto: Arquivo Pessoal

 

Este é um esporte que exige muita dedicação e disciplina, como você lida com isso?

O fisiculturismo é um esporte de dedicação total, você abre mão de muita coisa pra estar no palco e se supera a cada dia. Desde que tomei a decisão de competir eu sou muito organizada com meus horários de treino, cardio, alimentação, mas não deixo de ter vida social. Para onde vou, levo minhas marmitas e o pessoal já se acostumou. Eu escolhi isso, então tenho que fazer 100%, não dá pra fazer pela metade.

 

Como são seus treinos? Qual a frequência? Tempo de duração, faz exercícios aeróbicos também?

Eu treino todos os dias musculação, com foco nos membros inferiores, por causa da minha categoria e faço cardio todos os dias em jejum, de domingo a domingo e outro cardio pós treino.

 

Você sempre foi regrada com alimentação? Sempre treinou?

Não, faz apenas dois anos que comecei este processo. Eu eliminei 20kg e sempre fui muito desregrada com minha alimentação. Eu não estava contente com meu corpo e resolvi mudar. 

Sempre após o campeonato a gente encaminha duas fotos pro árbitro nas poses principais e eles nos dão um retorno dos pontos a serem melhorados pros próximos campeonatos.

No primeiro campeonato me disseram que eu tinha que condicionar mais meus membros inferiores e a gente tinha só 9 dias. Fizemos um trabalho muito intensivo, mudamos totalmente a alimentação e conseguimos o condicionamento. Em todo campeonato é assim, a gente sobe, pega o retorno, trabalha, vai pra outro e assim seguimos.

No palco nós não apenas mostramos nossa melhor versão, nós mostramos nossa filosofia de vida: se fizemos os treinos certos, a dieta certa, se fomos fieis ao nosso propósito.

Ela já ficou em Top 1 em alguns campeonatos e se prepara para subir ao palco de um dos maiores eventos do Brasil – Foto: Arquivo Pessoal

 

Em sua opinião, qual a maior dificuldade que você já enfrentou ao longo de sua carreira no esporte?

Meu treinador diz que eu não reclamo de nada: não reclamo do treino, não reclamo da dieta, mesmo quando ela está muito puxada. É complicado quando ficamos doentes, pegamos algum resfriado, porque às vezes precisamos ficar parados e isso atrasa todo nosso processo.

É tudo muito tranquilo pra mim, eu encaro assim: se o treino tá pesado tem que fazer, se a dieta tá apertada, eu sigo. Mesmo nos dias que tenho de refeição livre eu não faço, já me acostumei e não me importo. A não ser quando meu coach diz que preciso comer algo fora da dieta aí eu como. Realizar o trabalho 100% é o que traz o resultado. Se você se dedica o resultado vem, não tem erro.

Eu tenho dificuldade para beber água, temos que consumir muita água. E eu precisei aprender a tomar água, hoje tomo 3 a 4 litros de água por dia, meio que obrigada, mas tomo. Mas chego a consumir na véspera de campeonatos de 8 e 9 litros diários e um dia antes mesmo do campeonato, às vezes não podemos beber nada de água. É um trabalho de hiper-hidratação e desidratação, comum para os atletas.

A competidora diz que é o fisiculturismo demanda muita dedicação, treino, dieta e força de vontade – Foto: Arquivo Pessoal

 

A dieta é parte fundamental para os atletas de fisiculturismo. Conta pra gente como é sua dieta no dia a dia e como é a dieta nas competições?

Depende da fase em que me encontro, quando estava em busca de ganhar mais massa muscular, as calorias são um pouco mais altas, quando entra a fase de secar, vai reduzindo e os ajustes são feitos de acordo meu físico vai evoluindo. Nas competições, já tem uma restrição maior, existe toda uma manipulação das calorias, principalmente dos carboidratos.

 

Você tem acompanhamento de muitos profissionais, este é um esporte caro?

Sim, é um esporte muito caro. Desde a preparação até o momento que a gente sobe no palco.

 Pra você ter uma ideia, estas são algumas das despesas que tenho com profissionais e todas as coisas que são necessárias para competir.

  • Treinador 
  • Médico
  • Exames regulares
  • Manipulados 
  • Suplementação 
  • Osteopata
  • Alimentação 

Para competir:

  • Filiação na Federação 
  • Cada categoria que o atleta escolhe subir é paga, eu costumo subir sempre em três. E a média de valores de campeonatos regionais fica entre R$ 350,00 a R$ 450,00 cada categoria. Já em eventos nacionais como o Arnold fica na faixa de R$ 900,00 cada categoria
  • Backstage do treinador 
  • Viagem 
  • Hospedagem 
  • Foto oficial do evento 
  • Pintura do corpo
  • Cabelo, maquiagem profissional 
  • Bikini na faixa dos R$ 1000,00 (são trabalhados em pedras)
  • Sandálias
  • Joias 
  • Alimentação diferenciada na véspera e no dia do campeonato

Toda essa preparação e esses gastos que a gente tem, as pessoas não sabem, porque veem a gente pronta no palco, mas é uma luta pra conseguir arcar com tudo pra competir.

Comemorando o pódio – Foto: Arquivo Pessoal

 

Quais campeonatos você já participou e qual seu próximo campeonato?

Meu 1° campeonato foi em Sorocaba em novembro de 2024 pela Federação NPC onde competi na categoria bikini e fiquei em Top 1 master acima de 35anos, Top 1 master acima de 40anos, Top 4 estreantes, Top 4 Open (divisão desta categoria por altura das atletas), Top 4 Novaes (categoria que disputa quem quiser independente de idade ou altura).

Em dezembro de 2024 fui competir em Maringá, mas não me classifiquei. Neste mês de março, fiquei no Top 5 Master, acima dos 35 anos em Barueri.

Meu próximo campeonato será o Arnold, é um dos maiores eventos do esporte no Brasil. Eu subo no dia 5 na categoria Bikini, na Open, na Master acima de 35 e na Master acima de 40. Acredito que eu seja a única atleta de Ourinhos a ir para essa competição, é sonho de qualquer atleta estar neste palco.

 

Você tem patrocinadores?

Sim, e se não fossem os patrocinadores a gente não chega onde está. Hoje sou atleta de uma empresa de suplementos de Ourinhos, e os patrocinadores fazem grande diferença pra gente, porque apoiam o esporte, principalmente os suplementos, porque a gente usa muito suplemento.

Tenho também patrocínio de uma empresa de marmitas saudáveis, de salão de cabeleireiros, salão de estética, osteopata e treinador. 

O que você diria para outras mulheres que gostariam de iniciar no esporte?

Eu incentivo muito as mulheres que queiram competir no esporte, mas é preciso se apaixonar porque não é fácil. Costumo dizer: conquiste seu destino! Acho que todo mundo é capaz. Seja persistente! Acho que os principais pontos são organização e disciplina. Não tem idade pra começar, qualquer um pode, eu comecei após os 40.

 

Próximo campeonato da atleta, um dois maiores do Brasil – Foto: Reprodução

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