sexta, 08 de dezembro de 2023
José Luiz Martins
O atraso na conclusão das casas no conjunto habitacional Minha Casa Minha Vida no Recanto dos Pássaros III foi alvo de protestos na sexta-feira dia 02 de agosto. Futuros mutuários sorteados para aquisição das moradias reuniram-se na entrada do loteamento para cobrar providências quanto à entrega dos imóveis. Nenhum representante da construtora ou da prefeitura acompanhou a manifestação que foi monitorada por uma viatura da Polícia Militar com dois PMS.
O abandono é total dizem os interessados, com oito meses de atraso as depredações e roubos continuam acontecendo afirmaram. Até um incêndio, não se sabe ainda se criminoso ou não, ocorrido no início de agosto consumiu parte de um barracão que era usado depósito de materiais de construção da Construtora RG 3. “Isso aqui é uma necessidade e um sonho para muitas famílias, quem não quer ter a sua casa própria? Todos que esperam estão muito revoltados e ninguém vem dizer pra gente quando isso vai terminar. Já destruíram bastante e a polícia não fez nada pra evitar, mas agora que a gente vem protestar eles vem ficar vigiando a gente aqui como se fossemos invadir tudo. Não é disso que precisamos, queremos respostas e uma solução o mais rápido possível”, criticou um dos manifestantes que preferiu não se identificar.
A construção do Recanto dos Pássaros III começou em janeiro de 2015, a promessa de entrega era janeiro de 2016, no entanto pouco se fez para que os imóveis fossem entregues em nova data do mês de junho como fora anunciado. As unidades estão praticamente prontas, mas as obras de finalização não ocorreram e o atraso se estendeu revoltando ainda mais quem espera ocupar as casas. O loteamento já foi alvo de depredações e roubo. Janelas, portas, peças sanitárias e de cozinha foram arrancadas, telhas foram retiradas, aquecedores solares danificados.
As pessoas ali reunidas para o protesto estavam revoltadas com o descaso das autoridades, “parece que eles não estão sabendo o que está acontecendo aqui, a cidade toda sabe desse absurdo, só eles não sabem”, queixaram-se. Dulcyneia de Moraes é uma das 448 pessoas que foram contempladas no programa e diz que é “uma palhaçada” o que estão fazendo com todas as pessoas que vivem essa situação. “Eu como todos aqui, pago aluguel, e é o mesmo que não ter onde morar. E cadê? Faz quase um ano e não temos uma satisfação de ninguém. A prefeita foi na televisão e disse que ia ser em junho e nada aconteceu ficou só na conversa. O que queremos é que alguém tome uma atitude ou pelo menos venham nos dizer como é que vai ficar”. Ela ainda reclamou da falta de respaldo dizendo que já foram até a prefeitura cobrar e não foram atendidos. A prefeitura é responsável pelo sorteio, cadastramento das famílias e o elo junto ao Banco do Brasil financiador da obra. “Gostaríamos que a prefeita viesse até nós e avisasse, olha, aconteceu isso e aquilo. Queremos uma reposta, porque a prefeitura não toma a frente vai atrás de quem pode resolver e dá uma resposta para nós”, questionou a dona de casa.
A comerciária Thaís Carvalho e seu esposo Jefferson são outro exemplo da angustiante espera para que possam ter uma melhora na qualidade de vida com a conquista da casa própria. Moravam em casa alugada e desde que o marido ficou desempregado estão morando na casa dos pais dele. O casal cobra informações sobre os problemas inerentes a continuidade das obras e previsão da finalização do empreendimento. “Tá complicado pra gente, estamos morando de favor na casa do meu sogro. Já fomos no CRAS eles mandam na Assistência Social, chega lá dizem que o problema é com o banco. Ficam jogando um pro outro e ninguém dá uma explicação e muito menos dizem o que estão fazendo pra ajudar. É um descaso total”.
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