segunda, 11 de dezembro de 2023

Coluna da Dani Mendes: A MARATONA DO TEMPO

Acordar cedo é pros fracos. Levantar na hora em que o despertador toca é pra quem não tem espírito de aventura. Meu corpo foi geneticamente programado para zombar e romper as barreiras do espaço-tempo, fazendo tudo o que eu preciso antes do trabalho, no menor tempo possível. É isso que eu penso toda vez que aperto o “soneca” no celular.  Mas a realidade é triste e cruel e é especialmente nesses dias, de quinze minutos a mais na cama, que tudo, tudo mesmo dá errado.

 É o dia em que a chave de energia do chuveiro cai antes que você tenha tirado todo o shampoo do cabelo. É o dia em que os filhos têm que levar a maquete gigantesca do sistema solar pra escola. É o dia em que a sua própria marmita, juntamente com os minutos de atraso, se unem num complô demoníaco e tudo o que você tem dentro da bolsa fica com gosto, cheiro e cor de molho bolonhesa. 

Depois que você doma os fios de macarrão de volta pra dentro da marmita e sai do carro catando os cavacos rumo ao relógio de ponto, a coisa se torna uma verdadeira maratona. Bolsa, chave, marmita, óculos equilibrados nas quatro mãos que você parece ter. Enfim você chega em frente ao relógio de ponto e suspira aliviada: são oito horas. Justamente neste milésimo de segundo você se desfaz das gerigonças que leva em suas mãos e coloca seu indicador no ponto, pronto, um minuto de atraso. Moral da história: nunca zombe do espaço-tempo, ou você pode acabar com o cabelo duro e um planeta Júpiter esquecido no banco de traz do carro.

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