quarta, 05 de fevereiro de 2025

Corte indiscriminado e podas drásticas de árvores tem gerado repúdio de munícipes

Publicado em 23 set 2016 - 05:56:21

           

José Luiz Martins

O dia 21 de setembro é comemorado no Brasil como o “Dia da Árvore”. Já o dia em que se celebra as árvores e florestas no mundo foi instituído pela ONU em 21 de março de 1971. Ambas as datas nasceram da necessidade de sensibilizar e conscientizar os seres humanos sobre a importância dos ecossistemas florestais para o desenvolvimento sustentável da humanidade. Com a internet, a possibilidade de conscientização sobre a necessidade de preservação de árvores e ações visando esse fim, seja em florestas ou no meio urbano, tem alcançado cada vez mais pessoas que se engajam no ativismo ambiental. 

O exemplo disso está também aqui em Ourinhos, onde recentemente um grupo denominado “Destruição de árvores em Ourinhos” surgiu e vem ganhando visibilidade nas redes sociais chamando a atenção sobre os problemas relacionados a arborização no município. A comunidade virtual destaca que sua finalidade é conscientizar, sensibilizar e denunciar, possui centenas de simpatizantes e faz vários questionamentos, em sua maioria sobre a forma como a poda das árvores está sendo feita na cidade.

Os internautas observam que a frequência das chamadas “podas drásticas” e “predatórias” tem sido predominante com cortes indiscriminados. Além das manifestações de repúdio há muita dúvida quanto a garantia de sobrevivência das espécies submetidas a prática.

Para muitos, o que se vê pelas ruas tem suscitado a desconfiança de que esse tipo de poda causa mais problemas do que benefícios e denunciam a erradicação de árvores sadias, em certos casos apenas por atrapalhar a fachada de prédios comerciais e até da frente de edificações que abrigam órgãos públicos. A reportagem do NOVO NEGOCIÃO entrou em contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMA) reportando o assunto e solicitando um posicionamento do órgão responsável a algumas indagações inerentes a questão. Fomos informados que o assunto deveria ser encaminhado a assessoria de imprensa da prefeitura, o que foi feito no dia 13 de setembro, porém sem retorno até o momento.

A reportagem ficou sem resposta para questões como: Quais os critérios para poda ou corte? Existe alguma equipe técnica ou profissional responsável na SMA com conhecimento para orientar podas e avaliar a necessidade de erradicação? Qual a real condição de arborização da cidade? Existe algum programa de compensação para as árvores que estão sendo retiradas? Foi elaborado algum estudo das espécies adequadas à paisagem urbana?

Consultado pela reportagem, o Engenheiro Florestal e vice coordenador executivo da Unesp de Ourinhos Edson Pirolli, avaliou que a arborização urbana de Ourinhos é deficitária e tem apresentado complicações. São problemas oriundos do plantio em locais errados feito há muitos anos sem planejamento adequado. “Muitas árvores de grande porte foram plantadas debaixo de fiações elétricas e isso acabou gerando problemas, pois, os galhos interferem na fiação. Então acaba que são necessárias podas e muitas são feitas de maneira muito drástica onde se cortam todos os galhos das árvores. Nós vemos alguns bairros e locais com árvores adequadas, mas na maior parte das ruas da cidade temos árvores de espécies erradas em locais equivocados”, destacou.

Conforme o engenheiro o correto é plantar espécies de porte pequeno no lado da rua onde passa a fiação elétrica e existem muitas espécies indicadas. A poda drástica pode acabar com a vida de uma planta que precisa das folhas para a fotossíntese e quando a maioria de galhos e folhas são cortados a árvore terá grande dificuldade em se recompor e gerar novas folhas.  Ele Salienta: “Além disso o corte em galhos grandes acaba muitas vezes permitindo que entrem fungos e bactérias e outros agentes patogênicos que vão apodrecer a planta. Se essa árvore rebrotar traz o risco maior de queda de galhos devido ao apodrecimento na área onde foi feito o corte”

 

De acordo com Pirolli em Ourinhos falta árvores em muitas ruas, existem vias que praticamente não tem nenhuma planta e, entre outras causas para o déficit, está a alta taxa de impermeabilização do solo. “A cidade precisa de um estudo e plano de arborização que possa completar todas as ruas com espécies adequadas. Não temos números mas se houver a iniciativa de se realizar um estudo nesse sentido a UNESP pode ajudar. As podas drásticas e também a falta de árvores na cidade são visíveis em vários locais. É um desafio mas é preciso que tanto o poder público como a própria população reflitam sobre a qualidade ambiental e que a arborização de uma cidade faz parte disso e precisa ser levado em conta”, argumentou.

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