segunda, 19 de maio de 2025
Publicado em 18 nov 2016 - 06:07:10
Alexandre Q. Mansinho
Situada na Rua Eduardo Peres, entre bairros populosos como Vila Marcante, Vila Perino e Vila Christoni, o Centro Social Urbano da Barra Funda foi construído para ser um exemplo de integração da população nas mais diversas faixas etárias, através de projetos culturais, sociais, de lazer e esportes. Hoje, no entanto, passadas algumas décadas da sua fundação, o CSU se tornou um problema social de enormes proporções: tráfico de drogas, assaltos, uso de entorpecentes, violência e proliferação de animais peçonhentos e foco de Aedes Aegypty.
Abílio da Silva, morador do entorno do CSU, diz que quem manda ali nas madrugadas são os traficantes: “há um campo de malha abandonado aí que os “fumeiros” usam pra se drogarem, quem manda aqui de madrugada são os traficantes”. De fato, analisando registros das próprias forças de segurança, é fácil perceber que ocorrências de tráfico de drogas são comuns na região. Alguns veículos de imprensa até chamam o encontro dos bairros Barra Funda e Vila Marcante de “cracolândia”.
“O CSU virou uma boca de fumo, a polícia vem aqui mas não adianta muito, no meio desses campos abandonados, dessas árvores e desse entulho os traficantes e os usuários se escondem e tornam a região muito perigosa”, diz Valdomiro Dionísio Lopes, morador antigo da Rua Eduardo Peres. Ainda segundo Valdomiro, há grupos de marginais que se reúnem e ameaçam moradores. A própria reportagem do Jornal Novo Negocião foi hostilizada enquanto colhia imagens das instalações do Centro Social Urbano.
Maria Josefa dos Santos lembra com saudades do que ela chama de “bons tempos do CSU”: “antigamente dava orgulho dizer que morava em frente ao CSU, tinha atividades todos os dias, vivia cheio de gente e havia segurança, hoje quem comanda isso aqui são os bandidos”. Ezequiel de Lima Cabral, jovem morador da Barra Funda, afirma que os moradores perderam a liberdade de sair de casa e andar pela rua dependendo da hora: “a situação aqui está feia, a piscina está abandonada e a quadra poliesportiva está destruída, são os bandidos que usam para poder traficar”.
Benedito Carlos Macedo e Edson Francisco da Luz, que trabalham em frente ao terreno do CSU, dizem que além dos incômodos dos traficantes e usuários de drogas, o entulho e a água parada produzem outros problemas: animais peçonhentos e mosquitos empesteiam as casas vizinhas e as ruas do entorno: “de madrugada os ratos passeiam aqui na rua, as casas vizinhas perderam valor de venda por causa desse abandono, nós já vimos escorpiões e até cobras, isso sem falar dos mosquitos”.
Segundo Lourival Ribeiro, auxiliar de serviços gerais e um dos responsáveis pela conservação do CSU – Barra Funda, as críticas da população não correspondem totalmente à verdade: “As dependências do clube estão limpas e conservadas – a própria população joga entulho nas dependências do CSU, muitas vezes nós acabamos retirando esse entulho. Atualmente estamos em recesso e no período de troca de administração municipal, é comum que tenhamos alguns pequenos problemas, mas nada de tão grave”. Ainda segundo Lourival, a piscina está com um pouco de água para poder preservar o azulejo: “se deixarmos a piscina seca, o azulejo estraga com o sol, aí teremos prejuízo – não há riscos de doenças porque a água é trocada sempre”.
Sobre as críticas por parte da segurança, e as alegações de uso das dependências do CSU e terrenos adjacentes para tráfico de drogas, um proprietário de uma empresa de moto-táxi que trabalha próximo ao local afirma que a polícia está sempre presente: “olha, existe tráfico sim, mas sempre vemos viaturas policiais aqui e sempre estão efetuando prisões, não quero dar meu nome porque não quero problemas com ninguém, mas sempre que precisamos da polícia ela nos atende”.
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