domingo, 08 de setembro de 2024

DARV – Distúrbios de Aprendizagem Relacionados à Visão – Síndrome de Irlen

Publicado em 04 ago 2017 - 06:21:53

           

Dra. Solange Fecarotta

Você deve conhecer pessoas que não gostam de ler e que se queixam que é difícil porque as letras ficam se movendo na folha durante a leitura, embaçando, quase duplicando e que sob luzes brancas pioram? Esses são uns dos sintomas da Síndrome de Irlen. 

O diagnóstico geralmente é feito por screeners (psicopedagogos, neuro-psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, ortoptistas e alguns oftalmologistas) que se capacitaram no “Curso de DARV” Distúrbios de Aprendizagem Relacionados à Visão. O exame oftalmológico não detecta o problema e, como esses sintomas são importantes, o teste para triagem da Síndrome de Irlen tem indicação. Essa dificuldade atinge um em cada oito brasileiros e acarreta uma série de dificuldades relacionadas à manutenção da atenção, compreensão, memorização, além de déficit de aprendizado. O método foi desenvolvido pela psicóloga norte-americana Helen Irlen, que usa filtros oculares seletivos para o tratamento da disfunção. A técnica foi trazida para o Brasil há 10 anos por Dra. Márcia Guimarães, diretora da Fundação Hospital de Olhos, em Belo Horizonte, um dos 40 centros no mundo autorizados a usar o Método Irlen. 

O principal sintoma é intolerância à luz, principalmente à luz branca, fluorescente, led e faróis. Na leitura, as páginas brancas ficam ofuscantes. Outros sintomas são: dores de cabeça, irritabilidade, frustração, insônia, distração, falta de visão em profundidade e dificuldade para medir distâncias como degraus, escadas rolantes, na prática de esportes e até para dirigir veículos. Os escolares também enfrentam dificuldade em copiar e transcrever palavras do quadro para o caderno, do livro para uma folha de respostas e a velocidade de leitura também fica comprometida. As distorções de visão causam uma sensação de que, embora o centro da visão esteja em foco, ao redor tudo se move ou fica desfocado. A Síndrome de Irlen pode coexistir com outras dificuldades de aprendizagem, déficits de atenção e dislexia. Nesses casos o tratamento é multidisciplinar, envolvendo o tratamento com pedagogos, psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos e neurologistas além do tratamento da Síndrome de Irlen. 

Em Ourinhos a ortoptista e screener Solange Fecarotta do COPE faz a triagem após exame oftalmológico normal nos pacientes que têm os sintomas. O teste demora em torno de uma hora e podem ser indicados overlays, lâminas de acetato colorido que amenizam as distorções durante a leitura. Também poderá ser adicionado na tela do computador e celular, trocando a cor do fundo da tela pela cor escolhida no teste, aumentando a velocidade de leitura.

Quando a Síndrome de Irlen é severa haverão desconfortos ambientais como dificuldade para dirigir veículos, náuseas, tonturas, percepção de profundidade alterada, nervosismo e baixa autoestima. Nesse caso o tratamento é óculos com filtros espectrais. Esses testes são realizados na Fundação Hospital de Olhos Dr Ricardo Guimarães (Belo Horizonte – MG). No momento as lentes são confeccionadas nos EUA após exames de dois dias com a equipe da Fundação.

Os filtros em óculos serão de uso constante e a melhora é progressiva com a normalização da sua atividade visual com aumento da velocidade de leitura, redução da tensão, fadiga, concentração, melhora na visualização dos objetos em movimento. Importante é o conforto e a qualidade visual que proporcionam aos portadores. 

Neste domingo, dia 6 de agosto, às 10h, na Praça Mello Peixoto, haverá uma reunião com familiares e profissionais ligados à essa disfunção neurovisual esclarecendo um pouco mais o que é a síndrome de Irlen e seu tratamento. Em outras cidades do país outros grupos estarão fazendo essa divulgação para a população nesse mesmo dia e horário.

 

Dra. Solange Fecarotta é ortoptista, membro do corpo clínico do Centro Oftalmológico Paulista de Especialidades (COPE)

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