quarta, 18 de junho de 2025

Desalinhamento dos olhos ou estrabismo e seus tratamentos

Publicado em 16 set 2024 - 09:06:46

           

O desalinhamento entre os olhos não é só questão estética; ele também causa problemas de ordem psicológica e alterações visuais graves.

Rose Pimentel Mader

Dra. Adriana Fecarotta

Dra. Solange Fecarotta

 

“O estrabismo, que é o desalinhamento entre os olhos, tanto o infantil como o adquirido na fase adulta, deve ser tratado o mais cedo possível, assim que é percebido”, diz a Dra. Adriana Fecarotta, médica oftalmologista, especialista em estrabismo e oftalmopediatria da OTTO CLÍNICA OFTALMOLÓGICA. Dra. Adriana realiza cirurgias de estrabismo na cidade de Ourinhos há mais de 15 anos e faz parte da equipe de estrabismo com a ortoptista Solange Fecarotta. Sempre atenta com o que há de mais avançado no segmento de estrabismo e oftalmopediatria, participa de congressos nacionais e internacionais. 

A Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) e o Centro Brasileiro de Estrabismo (CBE) orientam que toda criança deve submeter-se a um check-up oftalmológico geral antes de um ano de idade, mesmo que não apresente nenhum sinal de problema visual. Qualquer tendência ao desenvolvimento de estrabismo ou de ambliopia, que é a redução da visão de um dos olhos, pode ser detectada nessa idade e prevenida com medidas simples que podem evitar complicações futuras. Estando o resultado normal, o exame deve ser repetido aos três anos, aos cinco anos de idade e depois anualmente.

Como é o estrabismo?

O estrabismo pode ser constante, intermitente ou latente. O constante é aquele onde um dos olhos está sempre desviado. É intermitente quando se apresenta em algum momento desviado e em outros momentos em posição normal. O estrabismo latente não se percebe facilmente, parece que os olhos estão em posição correta, mas existe um desvio latente que está sendo controlado pela convergência ou divergência ocular e se ela não for suficiente, o paciente terá desconforto, sendo necessário tratamento ortóptico para melhora dos sintomas.

Conforme a direção do olho desviado os desvios são convergentes, divergentes, verticais, torcionais ou mistos. 

Existem desvios que são controlados com posição de cabeça (torcicolo ocular). Nos casos de paralisia de músculo ocular, endireitando-se a cabeça o paciente terá visão dupla. Alguns pacientes que apresentam nistagmo, balanço dos olhos, adotam uma determinada posição de cabeça, a fim de diminuir o balanço e, dessa maneira, melhorarem sua visão. O torcicolo ocular pode ser corrigido com a cirurgia dos músculos oculares.  

             

Que alterações visuais o estrabismo causa?

Quando o estrabismo é constante e aparece desde o nascimento, o olho desviado fica anulado, suprimido. A criança somente enxerga com um dos olhos. Pode até alternar e desviar ora um, ora outro olho. Se um olho ficar sempre desviado pode se tornar preguiçoso, com ambliopia

Nos desvios adquiridos o sintoma é a visão dupla e para evitá-la o cérebro anula a imagem de um dos olhos. Se isso acontecer antes dos seis anos, a ambliopia pode se desenvolver. Se o desvio surgir após essa idade é mais difícil de anular e a visão dupla é percebida.

A anisometropia, que é a diferença de graus entre os olhos (miopia, hipermetropia, astigmatismo) também pode causar ambliopia, sem estrabismo. Microdesvios não são visíveis para a família e só um exame oftalmológico completo poderia fazer esses diagnósticos. Um olho torna-se amblíope sem que os pais percebam, como o outro olho é normal, o comportamento visual da criança também é normal.

Dra. Adriana e Dra. Solange Fecarotta

                  

A ambliopia é a única consequência do estrabismo infantil?

Além da ambliopia, o estrábico pode perder a visão binocular (fusão das imagens) e ficar sem a estereopsia, que é a sensação de terceira dimensão. Terá visão dupla ou anulará um dos olhos (supressão), dependendo da idade.

Como é o tratamento do estrabismo?

O tratamento divide-se em duas partes: a primeira é a melhora da acuidade visual, através de óculos e a cura da ambliopia. É necessário estimular o olho desviado. Para isso, tampamos o olho bom, o que obriga a criança a usar o olho amblíope. A frequência dessa oclusão depende da idade da criança e da profundidade da ambliopia. Quanto mais cedo o tratamento se inicia, mais rapidamente a cura é alcançada, pois além dos dois anos de idade, o tratamento vai se tornando mais demorado e menos eficaz, até que a ambliopia se torne incurável. A oclusão do olho bom deve ser cuidadosa, para evitar a ambliopia do olho bom, por isso é importante o acompanhamento do desenvolvimento da visão durante o tratamento.  

              

Após eliminarmos a ambliopia, passa-se ao tratamento do desvio dos olhos. Ele pode ser feito com o uso de óculos, de cirurgia ou de uma combinação de ambos. São poucos os casos em que se pode eliminar o desvio apenas com óculos; na maioria das vezes a cirurgia se faz necessária. Se o médico perceber que há possibilidade de recuperar a visão binocular, a intervenção cirúrgica deverá ser realizada o mais cedo possível, assim que a visão do olho amblíope se normalizar. Quando conseguimos alinhar os olhos antes dos dois anos, damos à criança a possibilidade de desenvolver visão binocular normal ou quase normal, o que garantirá certa estabilidade no bom resultado cirúrgico.

Riscos e vantagens da cirurgia do estrabismo

Para um bom planejamento da cirurgia é importante o teste ortóptico, onde o desvio é medido em todas as direções do olhar e é realizado o estudo da visão binocular.

A operação é feita nos músculos dos olhos, que funcionam como rédeas de uma carroça, pois são eles que funcionam mal. O risco de lesão no olho é mínimo. Na maioria das vezes obtém-se um ótimo resultado, tanto do ponto de vista funcional, quanto estético. A estética é muito importante. Psicólogos demonstram que o estrabismo causa problemas emocionais, que podem perdurar para o resto da vida, pois os olhos são os principais órgãos de relacionamento humano.  

Dra Adriana Fecarotta (CRM 104.625)

Dra Solange Fecarotta (CBOrt 0374/00132)

Otto Clínica Oftalmológica

Imagem: Arquivo Pessoal.

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