terça, 14 de janeiro de 2025

Entre comemorações e protestos, UNESP de Ourinhos ganha uma casa nova

Publicado em 18 mar 2017 - 05:04:18

           

Alexandre Mansinho

Com mais de uma década funcionando em prédios improvisados ou em instalações provisórias, unidade de Ourinhos da UNESP inaugura finalmente sua sede própria. A inauguração ocorreu no último dia 10 e contou com a presença de diversas autoridades e outras tantas pessoas que, de uma forma ou de outra, estarão ligadas aos trabalho do cotidiano do campus. A solenidade foi marcada por vários momentos emocionantes, sobretudo daqueles que estiveram à frente do projeto de expansão, mas também contou com protestos por parte dos estudantes.

O prefeito Lucas Pocay disse ao Novo Negocião que o momento era particularmente emocionante para ele: “lá no início dos anos 2000 o projeto de expansão da UNESP só foi possível por causa de uma emenda do meu pai, Claury Santos Alves, enquanto era deputado estadual – por isso posso dizer que, depois de mais de uma década de luta, essa inauguração tem um sabor especial para mim”. A ex-prefeita Belkis também esteve presente e falou sobre a importância do campus para a cidade: “estive envolvida com o projeto durante mais de 4 anos, também fui estudante da UNESP e acho importantíssimo esse campus para o desenvolvimento da cidade”.

Casa nova, novos cursos – “Nossos planos aqui para a unidade tiveram que ser adiados por causa da crise econômica vivida pelo país, no entanto existem planos de novos cursos que possam impulsionar a economia regional – creio que nos próximos 2 anos teremos boas notícias nesse sentido”, diz Prof. Dr. Edson Luís Piroli, diretor da UNESP Ourinhos. Em consonância com a fala do diretor, o Prof. Dr. Sandro Roberto Valentini, reitor da universidade, disse que há estudos sobre a implantação de cursos de Arqueologia e Gestão de Patrimônio Público: “minha preocupação é que os cursos novos sejam articulados com o mercado de trabalho e as características da região, acho um pouco cedo para se falar em nomes, mas os estudos existem”.

Em conversas reservadas com o diretor e o reitor, o Dep. Capitão Augusto externou a necessidade de um curso superior de Turismo na unidade de Ourinhos – logo após, já em discurso durante a solenidade, o deputado voltou a mencionar essa necessidade diante dos investimentos federais que ocorrerão para impulsionar o setor de turismo: “o projeto Angra Doce irá trazer para nossa região um polo turístico, por isso seria importantíssimo que tivéssemos formação profissional nessa área”.

O secretário municipal de cultura, Rodrigo Donato, também se fez presente no evento e disse ao Novo Negocião que o novo campus pode ser, além de um espaço cultural, um parceiro na formação de profissionais: “há o sonho de haver em Ourinhos os cursos de música e dança, aqui na UNESP – não há previsão nenhuma para isso, mas não podemos negar que é um sonho”. 

Protestos – Estudantes, calouros e veteranos, além de representantes dos movimentos estudantis, também estiveram presentes na solenidade e marcaram posição ao trazer questionamentos importantes quanto ao funcionamento da unidade. Raíssa Maria Teixeira, estudante do 10º semestre do curso de Geografia, critica o início das atividades sem haver estrutura para os alunos: “não temos biblioteca, não temos restaurante universitário e nem cantina, a vida dos estudantes aqui no novo campus vai ser bem difícil”.

Adans Henrique, também estudante da unidade, diz que a realidade do unespiano em Ourinhos é bem diferente do que é divulgado: “todo o ano entram alunos novos e os programas de auxílio financeiro são insuficientes, é muito caro estudar aqui, no início do ano os alunos ficam desesperados para se manter – as bolsas são apenas 30 para um universo de mais de 300 alunos”. 

Ana Karina, aluna da UNESP e militante do movimento estudantil, diz que há muitas dificuldades que terão de ser contornadas pelos estudantes e que os gestores parecem não estar muito preocupados com isso: “a infra-estrutura está deficiente, a iluminação é ruim, fato que tornará perigoso estudar aqui principalmente para as mulheres; não temos uma biblioteca, não temos um restaurante universitário e não há um alojamento, não temos muitos motivos para comemorar”.

Juliana da Silva, caloura do curso de Geografia, revela que está com medo de não conseguir ter a tranquilidade necessária para poder estudar: “cheguei em Ourinhos há poucos dias, aqui no campus não há estrutura nenhuma, o transporte e a segurança são deficitários, além de os valores das bolsas serem muito baixos: o auxílio alimentação é de R$ 75,00 por mês, o auxílio aluguel é de R$ 250,00 e, por fim, o auxilio emergencial, que é muito burocrático, é de apenas R$ 350,00”.

Respostas

Prefeitura de Ourinhos: Lucas Pocay declarou que há empenho para tornar a permanência dos estudantes menos complicada: “estamos atentos às dificuldades que os estudantes encontram para poder chegar aqui no campus, já há uma linha da Circular Cidade de Ourinhos e há o estudo de outros programas para auxiliar os estudantes”.

Diretoria da UNESP: A biblioteca será construída em 2018, enquanto a obra não for concluída serão usadas duas salas para que os livros possam ser guardados e, sempre que um aluno precisar de um título que não esteja nessas salas improvisadas, ele será providenciado (alguém da universidade irá busca-lo na biblioteca do antigo campus). Há uma licitação em curso para a cantina universitária e há projetos futuros para restaurante universitário e alojamento estudantil.

Reitoria da UNESP: Há bolsas e auxílios disponíveis para os alunos, além disso haverá uma estrutura para o atendimento desses alunos com profissionais que possam orientar durante os estudos.

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