terça, 01 de julho de 2025

“(….)Esperem um momento que eu fui ali me matar e já volto, tá?

Publicado em 20 mar 2018 - 08:08:54

           

Da redação

Foi com essas palavras que a Desembargadora Marília Castro Neves, do RJ terminou uma postagem em sua página do facebook no último final de semana. Na postagem, a desembargadora questiona o que professores com síndrome de Down podem ensinar a alguém. 

“Ouço que o Brasil é o primeiro em alguma coisa!!! Apuro os ouvidos e ouço a pérola: o Brasil é o primeiro país a ter uma professora portadora de síndrome de Down!!! Poxa, pensei, legal, são os programas de inclusão social… Aí me perguntei: o que será que essa professora ensina a quem???? Esperem um momento que eu fui ali me matar e já volto, tá?”.

Segundo divulgação do portal G1, a professora Débora Seabra, primeira professora com síndrome de Down do país, fez uma carta em resposta que também foi publicada nas redes sociais:

“Não quero bater boca com você! Só quero dizer que tenho síndrome de Down e sou professora auxiliar de crianças em uma escola de Natal (RN)”, (…) Eu ensino muitas coisas para as crianças. A principal é que elas sejam educadas, tenham respeito pelas outras, aceitem as diferenças de cada uma, ajudem a quem precisa mais. (…) O que eu acho mais importante de tudo isso é ensinar a incluir as crianças e todo mundo pra acabar com o preconceito porque é crime. Quem discrimina é criminoso”, escreveu a professora.

Débora Araújo Seabra de Moura tem 36 anos e trabalha há 13 como professora auxiliar em uma escola particular de Natal. Ela é ainda autora de livro infantil chamado “Débora Conta Histórias” (Alfaguara Brasil, 2013).

Por ser considerada exemplo no desenvolvimento de ações educativas no país, recebeu, em 2015, o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação em Brasília.

A desembargadora Marília Castro Neves já havia se envolvido em uma polêmica na última semana quando postou informações falsas sobre a vereadora Marielle Franco. “Estava engajada com bandidos”, escreveu a magistrada.

Por causa desta postagem, uma representação contra a desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio foi protocolada no Conselho Nacional de Justiça.

Repúdio – Nesta segunda-feira (19), a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down publicou uma carta de repúdio “à demonstração de preconceito manifestado por uma autoridade pública, a desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em relação às pessoas com síndrome de Down”.

Na carta, a associação ressalta a luta empreendida pela sociedade e pelo estado brasileiro pela garantia dos direitos das pessoas com deficiência e critica a postura da magistrada.

“A FBASD considera que a mensagem carregada de preconceito, ofende, definitivamente, os ditames impostos aos juízes por seu Código de Ética. Textos dessa natureza claramente denigrem a magistratura e, assim, devem ser rigorosamente apurados pelos órgãos competentes, tais quais a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e o Conselho Nacional de Justiça.”

© 1990 - 2023 Jornal Negocião - Seu melhor conteúdo. Todos os direitos reservados.