quarta, 20 de novembro de 2024

Estudantes de Direito da PUC-SP proferem ofensas contra estudantes da USP em jogo

Publicado em 19 nov 2024 - 09:43:33

           

Vídeo mostra os estudantes proferindo ofensas e comentários racistas; os 4 identificados foram demitidos de seus estágios

 

Fernando Lima

 

Na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra no Brasil, a sociedade ainda se depara, infelizmente, com episódios racistas que mostram como ainda o nosso país precisa caminhar muito na questão da igualdade racial e conscientização.

Em um jogo de handebol de uma competição universitária, ocorrido em Americana (SP), no último sábado (16), alunos de Direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) fizeram comentários racistas e preconceituosos contra alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

É possível ver nas imagens, integrantes da torcida da PUC-SP chamando os alunos da USP de “cotistas” e “pobres”, além de outras palavras de cunho racista.

O Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, informou por meio de nota nas redes sociais, que se surpreendeu “com espanto, indignação e revolta com o episódio criminoso de ofensas racistas e aporofóbicas proferidas por alunos da Faculdade de Direito da PUC-SP contra franciscanos.” O diretório também frisou que atos como esses “explicitam a violência que estudantes cotistas enfrentam ao ocupar espaços que historicamente lhes foram negados.”

Os estudantes de Direto da PUC-SP, representados pelo Centro Acadêmico 22 de Agosto, que  também se manifestaram. Em nota, o diretório relatou sua “mais veemente repulsa às falas racistas e classistas de estudantes do curso de Direito, proferidas em evento esportivo dos Jogos Jurídicos Estaduais de 2024.”

 

Os quatro alunos identificados nos vídeos foram demitidos de seus estágios após as falas preconceituosas repercutirem nacionalmente. Os escritórios de advocacia em que Tatiane Joseph Khoury, Arthur Martins Henry, Matheus Antiquera Leitzke e Marina Lessi de Moraes, os alunos que aparecem nos vídeos ofendendo os outros estudantes, emitiram nota sobre o acontecido. Confira:

Nota – Machado Meyer

O Machado Meyer Advogados comunica que, alinhado com os seus valores institucionais e o seu compromisso inegociável com a promoção de um ambiente inclusivo e respeitoso, decidiu pelo desligamento da estagiária envolvida no episódio do último final de semana nos Jogos Jurídicos.

Nota – Pinheiro Neto

O escritório Pinheiro Neto Advogados lamenta o episódio ocorrido durante os Jogos Jurídicos Estaduais, no último sábado (16). O escritório reitera que não tolera e repudia racismo ou qualquer outro tipo de preconceito. Informamos que a estagiária envolvida nesse episódio não integra mais o escritório.

Nota – Tortoro, Madureira e Ragazzi

O estagiário Matheus Antiquera Leitzke nos confirmou que praticou os atos a ele imputados nos atos discriminatórios contra estudantes da USP durante jogos universitários realizados no interior de São Paulo, no último final de semana. Como consequência, ele foi desligado do escritório.

Em nome do escritório, esclareço que não compactuamos com esse tipo de conduta e não toleramos por parte de nossos profissionais qualquer prática de atos de racismo contra quem quer que seja.

Nota – Castro Barros Advogados

Informamos que o estagiário envolvido no lamentável ato discriminatório praticado neste final de semana, tendo como vítimas estudantes da USP, não integra mais o Castro Barros Advogados. O Escritório reitera o seu repúdio a quaisquer práticas discriminatórias.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo também emitiu nora e informou que o caso está sendo investigado e que está realizando as primeiras oitivas e que a investigação terá prosseguimento.

Nota – SSP

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) instaurou um inquérito policial para apurar o ocorrido neste final de semana, em Americana. As vítimas estão sendo ouvidas, e os vídeos apresentados estão sob análise da equipe de investigação.

Imagens: Reprodução/Redes Sociais.

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