sábado, 07 de setembro de 2024

Falta de médicos nos postos de saúde obrigam a população a recorrer a consultas particulares para obter atendimento

Publicado em 28 out 2016 - 03:33:12

           

Alexandre Q. Mansinho

O atendimento médico nos postos de saúde de Ourinhos está atravessando uma séria crise – há poucos médicos atendendo e o número de consultas oferecidas à população foi seriamente diminuído. A prefeitura não renovou o contrato dos médicos temporários e vários funcionários comissionados, que trabalhavam no atendimento dos postos de saúde, foram dispensados. O grande número de dias que os postos de saúde têm ficado fechados por conta dos feriados prolongados e dos pontos facultativos decretados pela prefeitura colaboram para o aumento da lista de espera para consultas eletivas. O resultado desse conjunto de fatos está provocando um colapso em um sistema de saúde que nunca fora um exemplo de eficiência.

As especialidades médicas ginecologia, pediatria, psiquiatria e ortopedia são as mais seriamente afetadas, a situação está tão difícil para o povo que precisa de atendimento que algumas pessoas têm preferido pagar consultas particulares para poder resolver, pelo menos por hora, a necessidade imediata. “No posto da Vila Brasil não tem pediatra, precisei pedir dinheiro emprestado com parentes para poder levar meu filho de 10 meses a uma consulta particular”, diz Gláucia Gonzaga, usuária do SUS. Ainda, segundo Gláucia, o problema de se usar a rede particular para quem não tem dinheiro são os remédios: “a mãe fica desesperada, arruma dinheiro para a consulta, mas tem os remédios – quando dá pra pegar na Farmácia popular ainda vai – mas, na maioria das vezes, os remédios são caros e têm que ser comprados”.

As pessoas que precisam de receitas para remédios de uso contínuo, ou remédios de venda controlada, têm procurado alternativas criativas para consegui-las: “eu não consigo consulta com psiquiatra há mais de meses, como não consigo pagar uma consulta particular eu tenho que ir na UPA, fingir uma gripe ou um mal estar qualquer, e implorar para o médico que me atender uma receita”, afirma J.P.S, que pediu para não ter sua identidade revelada por medo de represarias: “tenho medo de não conseguir minhas receitas, já ouvi muita besteira dos médicos que me atenderam – houve até um que não deu a receita – o problema é que, sem o remédio, eu não consigo nem trabalhar”, completa.

“Os médicos não se interessam em prestar serviços para a rede pública, são poucos que aceitam ganhar o salário pago pela prefeitura, vale muito mais a pena investir no consultório particular – enquanto não houver um reajuste todos esses problemas de falta de médicos continuará ocorrendo”, afirma Dr. Jadir Pereira Grilo, médico ortopedista e especialista em saúde pública: “a verdade é que o médico que se dispõe a atender nos postos de saúde o fazem por amor à profissão, porque o sistema não dá nenhum incentivo – é necessário que todos os setores da sociedade civil organizada e os poderes públicos se coordenem para buscar soluções para o problema”.

 

Em entrevista para o Novo Negocião, em dezembro de 2015, a atual prefeita Belkis Fernandes disse que a Prefeitura de Ourinhos estava, apesar da crise, apresentando bons índices econômicos. Porém em final de mandato a realidade nas repartições municipais desmente as palavras da prefeita: nunca na história recente do município tivemos um corte de gastos tão intenso. Medidas severas de corte de gastos foram tomadas nesse final de ano: horas extras foram canceladas, o horário de atendimento à população, nos mais diversos serviços, foi diminuído e a prefeitura tem dado ponto facultativo em todos os feriados possíveis com o objetivo de diminuir gastos.

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