sábado, 15 de fevereiro de 2025

Falta de vagas no Pronto Socorro e leitos para internação na Santa Casa geram polêmicas

Publicado em 14 out 2017 - 09:59:57

           

Alexandre Mansinho

A problemática da falta de vagas para pacientes do SUS no pronto socorro da Santa Casa e a carência de leitos para internação são temas constantes de discussão na sociedade ourinhense. Há quem acuse a administração do hospital de não ter um olhar humanizado para a situação das pessoas que, por não haver leitos disponíveis, acabam ficando à espera na Unidade de Pronto Atendimento ou em hospitais da região. Por outro lado, há também quem pondere, alegando que a situação não é de resolução fácil e que é necessário que se olhe todo o conjunto de fatores que influenciam no oferecimento dos serviços de saúde no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Ourinhos.

“Há um problema de gestão” – Júlio Cezar Benatto, um dos membros do Conselho Municipal de Saúde (CMC) e presidente da Associação dos Diabéticos de Ourinhos (ADO), acredita que a administração da Santa Casa de Ourinhos precisa ter um diálogo mais próximo aos outros entes envolvidos na prestação de serviços de saúde para que haja um resultado de melhor qualidade para o usuário: “já houve ocasiões em que o próprio Conselho precisou de esclarecimentos e a administração do hospital não forneceu os dados que precisávamos, com um maior diálogo poderemos solucionar boa parte dos problemas existentes”, afirma Júlio. 

Câmara dos Vereadores – Talvez seja a instituição que mais debate a situação de falta de leitos para pacientes do SUS, em todas as sessões há assuntos relativos à Santa Casa e posicionamentos bem definidos sobre o problema. 

O vereador Alexandre Enfermeiro, presidente da comissão parlamentar de saúde, disse ao Jornal Negocião que a relação entre a Santa Casa, a Secretaria de Saúde e o Sistema SUS não é algo fácil de se organizar e que há pessoas que criticam simplesmente por não conhecer como se dá esse funcionamento: “os administradores do hospital, os vereadores, representantes da Secretaria da Saúde e representantes de todas as demais entidades envolvidas na prestação dos serviços estão reunindo-se frequentemente para a melhoria da qualidade do atendimento (…) não negamos que há problemas, mas não estamos alheios a eles”.

Edvaldo Lúcio Abel, o vereador Vadinho, tem uma visão crítica sobre o tema. Em diversas ocasiões ele usou do plenário da Câmara para questionar as ações logísticas tomadas pelo hospital: “meu gabinete já apresentou uma denúncia ao Ministério Público apresentando fatos que consideramos flagrantes de omissão de socorro – temos notícias de pessoas que ficam até 3 dias na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) aguardando vagas (…) há registros até de mortes decorrentes dessa demora no atendimento”.

Classificação de Risco – Há uma resolução do Conselho Federal de Medicina que discorre sobre quais são os critérios médicos utilizados para priorizar a concessão de leitos para internação. A resolução CFM nº 2.077/14 ressalta que há uma classificação de risco, realizada por profissionais de saúde treinados, que dão prioridade a casos mais graves.

“O esforço é permanente” – A Secretária Municipal de Saúde, Cássia Palhas, recebeu nossa equipe e explicou todas as ações que são tomadas a fim de garantir o atendimento de saúde na Santa Casa para pacientes de Ourinhos: “há uma taxa fixa que a prefeitura paga mensalmente à Santa Casa para que haja uma reserva de leitos para atendimento exclusivo a pacientes ourinhenses (…) para que possamos saber se esses leitos de fato estão sendo ocupados conforme o acordo e outras questões relativas a procedimentos com critérios médicos, foi nomeado um médico auditor, Dr. Jader Luiz Araújo (…) temos algumas discordâncias com alguns procedimentos, mas sempre estamos com um esforço permanente para melhorar a qualidade do atendimento”. 

O que diz a Santa Casa – Fernando Paterno Abreu, administrador da Sociedade Santa Casa de Misericórdia de Ourinhos, recebeu a equipe do Jornal Negocião e esclareceu os questionamentos acerca da falta de vagas no Pronto Socorro e leitos para internação de pacientes do SUS. Segundo Fernando, as pessoas, na sua grande maioria, não compreendem todos os fatores que envolvem o oferecimento do serviço de saúde hospitalar: “nós temos que atender diversas leis relacionadas à limpeza e assepsia, para o controle de possíveis infecções hospitalares; sendo assim, não é tão fácil acolher os pacientes que solicitam vagas para atendimento (…) além desse fator, há um teto que nos é dado pelo SUS, se não houver dinheiro para atender, não temos onde buscar, visto que 85% dos atendimentos que mantemos é para o próprio SUS (…) os critérios para a destinação dos leitos que possuímos é médico, não são os administradores que orientam essa logística (…) estamos sempre de portas abertas para o Conselho Municipal de Saúde e para os vereadores, achamos importante a participação deles para a melhoria do serviço, aliás, estamos sempre em reunião com todos os que têm parte nesse oferecimento para tornarmos os procedimentos cada vez mais eficientes (…) além das questões de controle de infecções e teto limite para atendimento, nós temos problemas relacionados a hospitais de cidades vizinhas que, por não terem uma boa estrutura, acabam sobrecarregando os nossos leitos (…) convém dizer também que nosso hospital está totalmente em dia com as auditorias e demais documentos de ordem médica e fiscal, embora sejamos uma Santa Casa, temos estrutura de hospital particular”.

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