terça, 17 de junho de 2025

Fapi de Ourinhos coleciona polêmicas sobre novo formato e cobrança de shows

Publicado em 09 jun 2017 - 04:08:42

           

Alexandre Mansinho

Quem visita a 51ª Feira Agropecuária e Industrial de Ourinhos (Fapi) se surpreende com aquilo que vê: grande estrutura (mais de 70% do recinto coberto), aumento na segurança e reestruturação organizacional contrastando com público pequeno, poucos expositores e preços elevados. De modo geral há quem elogie as mudanças, sobretudo porque trouxe mais tranquilidade para quem frequenta o evento, porém há quem critique e culpe a comissão organizadora e até o governo municipal pela baixa adesão da população – o inegável é que fatores como crise econômica e cobrança de ingresso na área dos shows atingiram fortemente aquela que costumava ser a “maior festa de portões abertos da América Latina”.

Polícia Militar – A Tenente Coronel Cenise Calazans, comandante do 31° Batalhão da Polícia Militar, passando ao largo de todas essas problemáticas, comemora os resultados positivos na área da segurança: “as ocorrências que estão sendo registradas são de pequena monta – no geral não há nenhum problema que seja digno de nota – foram registrados apenas alguns furtos de celular e poucos casos de confusões”. O tráfico de drogas e os casos de brigas e violência caíram muito nesse ano, os primeiros dias da Fapi não representaram, nas delegacias de Ourinhos, um aumento no número de registros de B.O., fato que era comum nos outros anos.

Segurança – Terezinha Jesus Brito, coordenadora civil da segurança das portarias e da praça de alimentação, também comemora os bons resultados: “nos primeiros dias de feira o que houve foram apenas ocorrências envolvendo embriaguez e alguns desentendimentos comuns; esse ano há um grande número de famílias presentes no evento, o que torna o trabalho para nós bem mais tranquilo – logo nos primeiros dias houve registros de um caso de vandalismo por pessoas que queriam entrar à força no setor dos shows, mas a segurança interviu e o problema foi resolvido sem uso da violência”.

Alguns visitantes abordados pela reportagem do Novo Negocião confirmaram que esse ano a estrutura de segurança está bem melhor e que isso torna a presença de famílias e crianças bem mais agradável. Ainda assim, na noite de quarta-feira, 7, quando o recinto recebeu o maior público até então para a apresentação de Wesley Safadão, foram registrados após o show, na delegacia, três furtos de aparelhos celulares, o valor de R$ 15 reais, um RG, além de um BO de agressão física.

Expositores – Enquanto a Prefeitura comemora a economia e os setores de segurança da feira trabalham com sucesso, os expositores, na sua imensa maioria, reclamam da baixa adesão da população e criticam a estrutura oferecida no recinto da Fapi. Leandro Guedes, comerciante de alimentos, diz que a expectativa não foi atingida: “para nós está uma “paradeira” enorme: parece aquelas feirinhas de igreja, uma quermesse”, protesta. Juraci Caldeira, vendedor de doces, diz que “esse ano conseguiu ser pior que 2016”.

Paulo Sérgio da Silva, de Mandaguari/PR, comerciante que expõe na Fapi há mais de 10 anos, critica a organização da feira, sobretudo a estrutura para os expositores: “há lodo nos banheiros reservados para quem trabalha na feira – é um nojo – paguei mais de 8 mil reais para ter o direito de expor aqui e não tenho a mínima infraestrutura”, protesta. Artur Pereira Lima Júnior, gerente comercial da Scania, afirma que, embora haja dificuldades, quem vive do comércio não pode se “esconder” em períodos de crise: “é inegável que passamos por problemas econômicos, mas a retração é inimiga de quem vive de vendas – por isso fizemos questão de estar presentes na feira”.

A cobrança dos shows – Aquele que sempre foi o ponto forte da Fapi sofreu, em 2017, uma grande mudança estrutural – a cobrança de ingresso para os shows provocou muita polêmica: a cultura da Fapi, por 50 anos, foi de ter “portões abertos”, mas, nesse ano, a diminuição dos expositores, a crise econômica e o pouco investimento por parte da Prefeitura de Ourinhos forcaram os organizadores a cobrar, em preços que variam de 20 a 50 reais, por cada ingresso.

Há quem diga que a tal cobrança foi “um tiro no pé”, pois acabou diminuindo o número de visitantes, fazendo com que todos ganhassem menos; no entanto há quem argumente que é justo pagar por um ingresso, o que não é justo é a Prefeitura tirar dinheiro dos cofres para subsidiar um evento que não é de extrema importância para a cidade.

O que diz a Prefeitura – A Secretaria de Comunicação Social de Lucas Pocay informa que o pequeno investimento por parte da Prefeitura tem uma boa justificativa: falta dinheiro para projetos sociais, para a saúde e para a educação; dessa forma não seria justo o gasto de milhões com uma feira que, embora importante para a cidade, dura apenas 11 dias. O governo Pocay ainda divulga nas redes sociais que a “economia” feita com a Fapi vai render um posto de saúde 24 horas na Cohab e permitiu que projetos, como o do recape asfáltico, pudessem continuar sendo desenvolvidos.

Novidade última hora, shows gratuitos – Na tarde da quinta-feira, 8, os ourinhenses foram surpreendidos pela notícia de que o Prefeito Lucas Pocay havia acertado com a organização da FAPI a liberação dos shows ‘Hugo e Thiago’, que aconteceu na noite da quinta-feira, e ‘Gustavo Mioto’ que se apresentará no sábado, 10, para serem gratuitos. A Feira continua de portões abertos, gratuita a entrada ao recinto da FAPI. Quem comprou o ingresso terá o dinheiro restituído mediante a apresentação do ingresso na bilheteria. Liberação válida apenas para convites da Pista.

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