quinta, 27 de março de 2025
Publicado em 29 maio 2015 - 05:03:38
José Luiz Martins
No ar desde julho de 2012, a rádio Globo AM 1550 está prestes a entrar no seu quarto ano de operação colecionando êxitos principalmente quando se fala em audiência e radiojornalismo. A emissora, que nasceu como Rádio Norte Sul com antena e estúdios em Jacarezinho e sucursal em Ourinhos, posteriormente passou a integrar o sistema Globo de Rádio, retransmitindo em cadeia parte da programação da Rádio Globo de São Paulo. A matriz na capital paulista, além de veicular os principais fatos diários nacionais e internacionais, oferece ao ouvinte uma ampla cobertura esportiva com a transmissão dos jogos dos maiores campeonatos de futebol do país.
Desde sua primeira transmissão a quase três anos, a frequência AM 1550 vem ganhando sobremaneira a simpatia dos ouvintes de rádio na região por conta de suas 7h de programação local, dedicadas em sua maior parte ao radiojornalismo. Das 6 as 9 da manhã; das 10 as 13 e das 17 as 18 horas, a emissora leva ao ar jornalismo geral, fatos e informação de Ourinhos, Jacarezinho e demais cidades da região, com seu sinal abrangendo cerca de 20 municípios do norte do Paraná e sul do Estado de São Paulo.
Para o seu idealizador e proprietário, o empresário José Saliba, a caçula das emissoras de rádio AM da região tem como principal diferencial a atenção e repercussão dos fatos com jornalismo democrático e isento, dando um novo caráter à radio difusão regional como há muito não se via. Ou melhor, ouvia.
A prioridade da informação e repercussão de assuntos que vão do esporte à política, notícias da área policial e prestação de serviço são o carro chefe da programação local. Diariamente os repórteres e âncoras atuam em transmissão simultânea dos estúdios em Ourinhos e Jacarezinho. Afora as principais informações do dia a dia, Saliba salienta que a finalidade do jornalismo desenvolvido pelos profissionais da rádio é a promoção do debate e reflexão sobre questões que envolvem e afetam a comunidade num todo.
Formada pelos repórteres Edson José, Waldomiro Ferreira, Ariane Salles e os apresentadores âncoras Daniel Domingos, Jota S e Márcia Sória, a equipe leva ao ar uma dinâmica de comunicação objetiva, ágil, envolvente e pluralista. A audiência tem um canal aberto para interagir com a emissora através do telefone 0800 643 0920 (ligações gratuitas) durante os horários de programação local. A programação pode ser ouvida pela internet através do site www.radioglobo1550.com.br/ que conta com a página Rádio Globo 1550 no Facebook.
No ramo de telecomunicações desde a década de 60, José Saliba, o “Jota S”, trabalhou por muitos anos na extinta CTB – Companhia Telefônica Brasileira em Ourinhos e se confessa desde criança, um amante do rádio. Ele também é proprietário da Rádio Cidade FM de Jacarezinho (filiada Jovem Pan FM), no ar desde os anos 90. Em entrevista exclusiva à reportagem do NOVONEGOCIÃO, Saliba fala sobre sua paixão pela rádio difusão e como se enveredou pelas ondas do rádio AM.
Criticando o chamado “mercado de notícias”, destaca que o rádio é fundamental na comunicação principalmente no que se refere ao seu papel transformador, pela grande importância que tem em informar corretamente, na educação, na orientação das pessoas e no despertar para o exercício da cidadania. Confira os principais pontos da entrevista realizada na última quarta-feira.
Como surgiu a Rádio Globo AM Jacarezinho?
Foi em 1990 que pedi a viabilidade de operação da frequência, isso demorou uns vinte anos, foi uma luta com vai papel vem papel, muita burocracia, uma dificuldade muito grande, pois esse ramo de atividade está muito envolto pela política, quase desisti. Foi quando enfim saiu a concorrência e resolvi fazer uma proposta, participei da licitação e minha proposta ganhou.
Por que a opção por um canal de ondas curtas, do AM?
Existe a ideia de que a programação de rádio FM tem que ser com mais música, sempre existiu isso. O rádio AM tem música também, mas, tem a tradição do jornalismo, da informação, da prestação de serviço, do esporte. Essa tradição persiste por causa da grande audiência que o rádio transmitido em AM ainda possui, existe um público que prefere a AM pelo fato de ter mais informação enquanto a FM é mais música. Sempre fui um ouvinte de rádio AM, e o meio radiofônico para a transmissão de informação, principalmente nas cidades do interior ainda é o rádio AM. A importância do rádio é muito grande e hoje ele está nas casas, nos automóveis nos telefones celulares, na internet pode se ouvir em qualquer lugar do mundo.
E a opção de integrar a retransmissão do Sistema Globo de Rádio?
A opção pelo Sistema Globo de Rádio é pela filosofia de trabalho que não vincula o jornalismo com a parte comercial. No interior é comum misturar jornalismo com atividade comercial, nos grandes centros talvez pela maior politização e nível educacional é mais fácil produzir uma programação de rádio com perfil mais isento, descomprometido com a parte comercial. É essa lisura e isenção que me atrai. É preciso separar as coisas, aqui no interior é difícil pois quando você critica alguma coisa, já surgem as conversas de que você é oposição e está a serviço de alguém e não é nada disso. Infelizmente o que se vê é pouca gente que poderia estar prestando um grande serviço para a cidade com a repercussão de coisas importantes para a comunidade, provocando o debate em torno de questões de interesse público. O papel que nos cabe é também da fiscalização e orientação, ouvir os munícipes e aproximá-los dos governantes.
Essa é uma postura um tanto ausente no rádio local?
Há muitos anos Ourinhos não vê essa postura no rádio jornalismo. O verdadeiro papel do rádio é esse e isso é o nosso diferencial, se não for assim seremos apenas mais um no mercado de notícias. Temos que provocar a reflexão das pessoas sobre os assuntos que influem na vida de cada munícipe, essa é a democracia, tem que se discutir, esclarecer as pessoas com isenção pra que se chegue num entendimento comum pelo bem da maioria da população.
O senhor percebe se algo está mudando?
Penso que nosso trabalho e de poucos outros que partilham dessa filosofia está dando resultados e sinto que alguma coisa nova nesse sentido de conscientizar a população está surgindo na cidade. Percebo ao conversar com as pessoas que aquele medo de se manifestar e cobrar mudanças está diminuindo. É comum ouvir por aí as pessoas dizendo ‘não posso dizer isso ou aquilo’ porque tenho uma relação comercial com esse ou aquele e pode acabar me prejudicando. E não é nada disso, todos nós temos o direito de reclamar, de se manifestar, dizer o que a gente sente e buscar o melhor para a sociedade, sem, é claro, denegrir ou afetar a honra das pessoas. Sou contra por exemplo levantar uma notícia porque ouviu dizer, ou por um simples achismo, é preciso checar informações, averiguar e tomar muito cuidado com isso. Temos que ir pelos caminhos da conscientização e da ética. Apesar da difícil tarefa à qual estamos nos propondo, a Rádio Globo está aí acreditando que essa linha de trabalho é possível e alicerçável. A importância do rádio é muito grande na educação do cidadão e no despertar para o exercício da cidadania, o que contraria e não interessa a muitos governantes. Estamos vivendo um tempo de um grande descaso público, existem exceções, mas em todos os níveis a gestão pública é ruim. Quem acompanha a política de Ourinhos deve saber que em 2012 foi deixado na prefeitura uma dívida de 409 milhões, e se não houver o zelo constante pela coisa pública, o que está ruim pode piorar. Ourinhos nunca esteve numa penúria dessas e não é isso que o povo quer, tem que separar as coisas, uma boa administração pública não pode estar constantemente sob ingerências políticas.
Como foi formar a equipe de jornalistas, apresentadores a qual comanda?
Quando montei a equipe de jornalismo da emissora eu disse ao pessoal o quanto ia ser difícil, pois iriamos bater de frente com muitos interesses, vamos divulgar coisas que algumas pessoas não gostam que se divulgue. Disse que sempre deveríamos estar falando a verdade e não varreríamos coisas pra debaixo do tapete, dei toda liberdade para que trabalhassem assim. Infelizmente, muitos não entendem que cargos públicos, como o próprio nome já diz é público, tem que ter transparência. Quando se assume um cargo público a pessoa tem que ter esse entendimento de que vai estar sujeito a críticas e posicionamentos antagônicos. Mas ainda existe resistência a isso por parte de algumas pessoas que não entendem que esse é o papel social do rádio, do bom jornalismo democrático e independente. Acredito que todo governante deveria primar pela transparência e entender que a imprensa pode ser um aliado que vai pra rua, ouve e identifica os problemas da cidade, repercute e leva até eles pra que seja resolvido de alguma forma, esse é o papel da imprensa de forma geral. E isso serve para todos os poderes, executivo, legislativo e judiciário.
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