Alexandre Q. Mansinho

Desde 1969, com o objetivo de ajudar os filhos das famílias dos retirantes que chegavam em grande número em Ourinhos, deu-se início ao trabalho da Associação Mirim de Ourinhos e o Serviço de Integração de Meninas. A partir de 1971, de forma oficial, a popularmente conhecida Guarda Mirim (GM) dedicou-se a formar o adolescente e inseri-lo no mercado de trabalho, contabilizando mais de 16 mil atendimentos de 1969 até hoje. No último dia 31 houve a eleição do Grêmio da GM, que é um projeto criado pela assistente social Cloidas Quitério de Souza Rodrigues Dias, que tem o objetivo de fazer com que o adolescente seja ativo nas ações sociais e seja um multiplicador protagonizando os projetos: “é importante que os jovens tenham um canal de diálogo, uma coisa é um adulto falar com um jovem, outra coisa é quando um outro jovem fala com ele – as chances de um projeto social protagonizado por jovens, para jovens, dar certo é muito maior”, afirma Cloidas.

Victória Jesus de Melo, jovem integrante da Associação, afirma que sentiu interesse em fazer parte do Grêmio justamente pela possibilidade de poder ajudar outros jovens: “além desse projeto, a formação que nós temos aqui nos ajuda a entrar no mercado de trabalho”. Cristian Cândido de Andrade, também integrante da Associação, demonstra bastante entusiasmo para poder fazer o trabalho com o Grêmio: “há boas propostas para melhorar ainda mais a própria Guarda e vai ser importante que nós, jovens, poderemos falar com outros jovens e ajuda-los de alguma forma”. Além do Grêmio, que é o projeto mais novo da instituição, há outras tantas ações sociais promovidas pela GM: “temos aulas de Português e Redação para que o adolescente possa se destacar no mercado de trabalho – a escola pública não consegue dar ao aluno a formação necessária para que ele possa ser inserido em uma empresa, redigindo documentos ou até mesmo escrevendo textos simples”, afirma o Prof. Wilson Fernando Gomes, docente da Associação.

De acordo com Henrique Ferreira dos Santos, diretor executivo da Associação Mirim de Ourinhos, mesmo com as dificuldades financeiras pelas quais todas as instituições passam, a GM pode se orgulhar de manter a qualidade no atendimento e de contar com 70% dos ex alunos inseridos de alguma forma no mercado de trabalho: “temos ex alunos que são gerentes de lojas, gerentes de banco e até que já se destacaram na política regional”, afirma: “o importante é que o adolescente das periferias tenha uma alternativa para poder iniciar a vida profissional”.

Gilson André de Arruda, psicólogo que trabalha há mais de 10 anos na GM afirma que o perfil do jovem atendido mudou muito: “o adolescente está mais rebelde, a minha função aqui é traçar um perfil psicológico desse adolescente para poder melhor orientá-lo na inserção no quadro de uma empresa”. Em conjunto com o psicólogo, trabalha o voluntário Luiz Antônio Paulino, sargento aposentado da PM, que tem a função de coordenar a disciplina e trabalhar questões como direitos e deveres: “junto com as deveres vem as obrigações – é importante que o adolescente compreenda que é ele que tem o controle da sua vida – ser um bom profissional ou não depende do auxílio que ele recebe, mas depende muito mais do esforço pessoal”.