sábado, 07 de dezembro de 2024

Idosos se sentem desrespeitados sem políticas para a terceira idade

Publicado em 21 nov 2016 - 11:09:41

           

Alexandre Q. Mansinho

Em Ourinhos há uma população que parece ser invisível ao poder público. Essa população é formada por cerca de 18 mil pessoas e movimenta mensalmente mais de 22 milhões de reais – mesmo sendo numerosa e tendo um poder aquisitivo considerável, os idosos em nosso município não são considerados prioridade na concepção de políticas públicas. Desde uma vaga de estacionamento em prédios públicos até o atendimento digno nos serviços de saúde, a população idosa de Ourinhos é condenada a um cotidiano de desrespeito e abusos. “Nós temos os direitos básicos garantidos por lei, existe um estatuto que garante, por exemplo, a reserva de vagas em estacionamentos e a prioridade em projetos culturais e de relevância social, mas o governo municipal ignora essas prescrições legais e nos condena a invisibilidade”, diz Valdete Lopes Ferreira, presidente da subsede de Ourinhos do Sindicato dos Aposentados: “Ourinhos carece de coordenação e vontade política para atender nossas demandas, não é tanto a questão financeira, é mais boa vontade mesmo”, completa.

Ainda segundo Valdete L. Ferreira, existem projetos bem sucedidos de atenção à população maior de 60 anos em várias cidades do estado, mas Ourinhos figura na lista de cidades nas quais a população idosa não recebe nem a mínima atenção garantida pelo Estatuto: “nós temos vários projetos, e até garantias financeiras por parte do Governo Estadual, mas a má vontade do governo municipal faz com que todos esses projetos nunca saiam do papel”. Segundo Sérgio Gasperoto, membro do Conselho Estadual dos Direitos do Idoso, Ourinhos é a “cidade inimiga do idoso” – embora a metáfora seja um pouco radical, os argumentos que Sérgio apresenta são bem contundentes: “Temos dois projetos que já foram aprovados e até obtiveram verba de execução por parte do Governo Estadual: a Vila Dignidade e o Centro Dia. Mas a Prefeitura não garantiu a desapropriação do terreno e os projetos estão ainda engavetados. Os projetos que envolviam a população maior de 60 anos foram, na sua maioria, cancelados por falta de verba”, denuncia.

“A Vila Dignidade é um condomínio totalmente adaptado para as necessidades da população maior de 60 anos, lá ele vai poder ter um lugar digno para morar e vai ter cuidados, além de a garantia de projetos sociais para que permaneça ativo; já o Centro Dia é uma espécie de “creche” para os idosos, há atividades o dia todo, além de atendimento de profissionais especializados como médicos, educadores físicos e nutricionistas – nesse centro a pessoa passa o dia e à noite retorna para o convívio familiar”, completa Sérgio Gasperoto. Políticas públicas que tenham a população idosa como foco são, além de uma obrigação legal, ações inteligentes – estamos aumentando nossa expectativa de vida e, dentro de algumas décadas, cerca de 30% da população terá mais que 60 anos. É necessário que os próximos governos sejam sensíveis em garantir o bem estar dessa população que só tem a crescer. 

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