quinta, 28 de agosto de 2025

Investigações sobre caso de adolescente encontrada morta com tiro na cabeça continuam

Publicado em 20 fev 2018 - 06:29:59

           

Alexandre Mansinho

Maria Luíza Padre Fajoli, 15 anos, moradora do Parque Minas Gerais em Ourinhos, havia sido vista pela última vez no dia 1º de fevereiro de 2018. A menina morava com a tia, Rosângela Fajoli, e com a avó.

Segundo a própria tia da garota em entrevista, Maria Luíza tinha o hábito de passar noites fora de casa e tinha envolvimento com usuários de drogas. No entanto, a família afirma que a garota não tinha o hábito de desaparecer: “ela ‘passava noite’ na casa dos amigos, mas no outro dia cedo já estava aqui (…) nunca tinha feito isso de sumir por dias”, afirma Rosângela.

BUSCA POR INFORMAÇÕES – Logo na tarde do dia 2 de fevereiro, diante da falta de notícias, a Polícia Civil foi acionada e iniciou a investigação. Paralelamente, família e amigos começaram uma campanha pelas redes sociais buscando descobrir o paradeiro da menina. 

Na ocasião, a equipe do jornal foi na casa de Maria Luíza e conversou com a tia, Rosângela, sobre o desaparecimento. A tia esclareceu que a jovem era sempre alegre e sorridente e que, embora tivesse sim envolvimento com drogas e andasse com pessoas desse meio, Maria Luíza não faltava na escola e tinha muitos sonhos.

A POLÍCIA JÁ SABIA – Cruzando diversas informações, a equipe da DIG passou, já no dia 7 de fevereiro, a procurar um corpo. As buscas envolveram diligências no córrego do Jardim Itamaraty e em outros locais ermos da cidade. 

CORPO ENCONTRADO – Na sexta-feira, dia 9 de fevereiro, início do feriado de carnaval, por volta das 16h, os investigadores da DIG encontraram o corpo de Maria Luíza em um canavial, já em estado de decomposição, e iniciou uma nova onda de especulação. Procurado pela imprensa o Dr. João Beffa disse que não poderia dar informações naquele momento, visto que as informações eram ainda muito frágeis.

INCÊNDIO PODE TER DESTRUÍDO PROVA – No dia 9, por volta das 21h o Corpo de Bombeiros foi chamado para apagar um incêndio em uma residência do Parque Minas Gerais, local onde mora Carlos Henrique Pereira, popular Trek Trek, suspeito de envolvimento no crime, juntamente com seu irmão de 17 anos. Até o momento não há uma definição de quem teria iniciado as chamas.

A VERSÃO DO PRINCIPAL SUSPEITO – Em seu depoimento, Carlos Henrique contou que na noite do dia 1º de fevereiro, Maria Luíza foi até sua casa onde, segundo ele, ela costumava ir para usar drogas e “ficar” com o suspeito. Na casa estava, além do próprio Carlos, o irmão mais novo dele, de 17 anos.

Como a casa era frequentada por diversas pessoas, supostos “amigos”, havia lá uma arma, revólver calibre 38, que não pertencia a Carlos, e de acordo com o mesmo, havia sido deixada lá por outra pessoa. Maria Luíza encontrou essa arma e, na frente de Carlos e seu irmão, apertou o gatilho e tirou a própria vida.

Desesperados e com medo de serem acusados pelo crime, Carlos e seu irmão pegaram o corpo, colocaram em um automóvel Gol de sua propriedade e “desovaram” o corpo em um canavial nas proximidades da Ponte Preta. Depois, na esperança de que as investigações não chegassem até ele, Carlos vendeu o carro, desfazendo-se assim de uma prova que poderia ligá-lo à ocorrência.

O QUE PENSA A POLÍCIA CIVIL – No momento a polícia está aguardando o laudo do médico legista para poder constatar qual teria sido a trajetória da bala. Embora a versão do suspeito pareça um pouco fantasiosa, não há provas robustas que sustentem a versão de homicídio: “somente com o laudo teremos certeza se o tiro foi disparado pela própria vítima, configurando assim um suicídio, ou se o tiro foi dado por outra pessoa – a trajetória da bala irá definir se a acusação contra Carlos e seu irmão será apenas de ocultação de cadáver ou será também de homicídio”, afirma Dr. Beffa.

“ELE VEIO AQUI DIZER QUE ESTAVA ORANDO POR ELA” – Logo quando a notícia do encontro do corpo chegou à família, o Jornal Negocião procurou a tia de Maria Luíza, Rosângela, que expressou todo o seu desespero: “O Sr. Sabe se foi mesmo o Carlinhos? (…) se foi, meu Deus, que cara frio! (…) ele veio aqui dizer que estava ajudando a procurá-la e que estava orando por ela (…) ele ainda disse que ela tinha saído com um grupo de outras pessoas, e que se ela estivesse “com os camaradas dela” nada disso teria acontecido (…) ele veio aqui com um outro camarada, um tal de Baleado, e mentiu pra mim, olhando nos meus olhos”.

O QUE RESTA DESCOBRIR – Até o momento, dia 15 de fevereiro de 2018, o laudo pericial ainda não foi emitido e as duas versões, tanto do suicídio quanto do homicídio, não podem ser descartadas. Tanto Carlinhos quanto o menor estão respondendo em liberdade, pois, segundo Dr. Beffa, não há motivos para pedir a prisão deles nesse momento: “estão colaborando com as investigações”, diz.

OCULTAÇÃO DE CADÁVER – Mesmo se os suspeitos não forem acusados de homicídio (lembrando que para o irmão de Carlos, o menor, a terminologia usada é “ato infracional análogo a homicídio” e que ele responderá, independente das ações pelas quais seja acusado, com base no que está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente), a acusação de ocultação de cadáver já está provada. De acordo com a lei, a pena para quem esconde o cadáver, o que chamamos de ‘destruição, subtração ou ocultação de cadáver’, artigo 211 do Código Penal, tem pena de reclusão de até três anos.

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