sexta, 06 de dezembro de 2024
Publicado em 24 nov 2016 - 08:38:17
José Luiz Martins
Deflagrada na última quinta-feira dia 10, a 36ª fase da operação Lava Jato cumpriu mandados de busca e apreensão na sede da concessionária de rodovias Econorte em Londrina e da Construtora Triunfo em Curitiba. A construtora e a Triunfo Participações formam um conglomerado de empresas ligadas a concessionária Econorte que explora praças de pedágios no norte do estado do Paraná, em Jataizinho, Sertaneja e Jacarezinho na divisa com Estado de São Paulo. O Ministério Público Federal e a operação Lava Jato investigam a concessionária e suas parceiras por supostas transações financeiras com operadores financeiros de esquemas de corrupção das grandes empreiteiras para desvios de dinheiro da Petrobras.
A força-tarefa foi atrás de mais documentos que comprovem as suspeitas transações ocorridas entre 2011 e 2013, quando altas somas teriam sido repassadas a um esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo advogado Rodrigo Tacla Duran e suas empresas. De acordo com o divulgado, as investigações apresentaram indícios de que a Construtora Triunfo transferiu ao advogado R$ 2,1 milhões; a Econorte, R$ 1,5 milhão; e a Triunfo Participações, R$ 1,5 milhão.
O advogado que está preso é apontado como operador de empresas fora do Brasil, nos chamados paraísos fiscais, que foram usadas pelas grandes empreiteiras investigadas na Lava Jato e das quais teria recebido R$ 36 milhões. O esquema envolve ainda o empresário e lobista paulista Adir Assad, condenado pela operação Lava Jato também como operador de propina nos escândalos da construtora Delta e do Petrolão.
Segundo as investigações, Rodrigo Tacla Duran usava empresas e seu escritório de advocacia na lavagem de dinheiro para empresas envolvidas no esquema de corrupção gerando recursos para caixa dois através de contratos fictícios ou superfaturados. Com a quebra de sigilo fiscal das empresas do advogado, entre os nomes de diversas outras empresas, constaram a Construtora Triunfo, a Triunfo Participações e a concessionária Econorte, agora alvos da apuração. Em nota divulgada a imprensa, a Triunfo-Econorte tenta se eximir dizendo que a empresa forneceu as informações solicitadas a Polícia Federal e que está cooperando com as autoridades e as investigações em andamento.
Conforme release enviado a reportagem do NovoNegocião pelo Ministério Público Federal no Paraná (MPF-PR), as investigações revelaram evidências de que os operadores utilizaram-se de mecanismos sofisticados de lavagem de dinheiro, entre os quais o uso de contas bancárias em nome de offshores no exterior, a interposição de empresas de fachada e a celebração de contratos falsos.
As provas coletadas em fases anteriores da operação Lava Jato, somadas à análise das informações obtidas por intermédio de quebra de sigilo bancário, fiscal e telemático, permitiram identificar que os referidos operadores financeiros participaram ativa e continuamente do grande esquema criminoso de corrupção investigado pela força-tarefa. Também foram colhidos depoimentos e provas por meio de acordos de colaboração, em que executivos confirmaram a natureza dos repasses financeiros aos envolvidos com o objetivo de praticar a lavagem dos capitais.
De acordo com informe da Procuradoria da República do Paraná, Rodrigo Tacla Duran foi responsável por lavar dezenas de milhões de reais por intermédio de pessoas jurídicas por ele controladas. Os envolvidos no caso valeram-se dessas empresas a fim de gerar recursos para realizar pagamentos de propina, como a UTC Engenharia e a Mendes Júnior Trading Engenharia, que repassaram, respectivamente, R$ 9.104.000,00 e R$ 25.500.000,00 ao operador financeiro entre 2011 e 2013. No mesmo período, outras empresas contratadas pela administração pública também realizaram depósitos de mais de R$ 18 milhões com o mesmo destino.
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