domingo, 08 de setembro de 2024

Líder de manifestação em Ourinhos criticou pequena presença de jovens

Publicado em 20 mar 2015 - 06:12:48

           

Hernani Corrêa

Filipe Alberto Fierek tem 28 anos, é solteiro, natural de Castro-PR, dá aulas de música (viola caipira), mora em Ourinhos há seis anos próximo a Delegacia Seccional no Jardim São Silvestre e tem apenas namorada aqui.

“Venho acompanhando há pouco mais de dois ou três anos a política e acho que acordei a tempo, pois também era um jovem desligado que deixava os outros decidirem pela gente e depois tem que fazer um barulho desses para tentar resolver alguma coisa. Acho que a nossa vida passa pela política. Estudo, leio bastante e tenho como uma das fontes o Professor Olavo de Carvalho, um filósofo e que já está com quase 70 anos, tem seminário de Filosofia pela internet, programas, postagens, vários livros escritos como “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”. Há 20 anos atrás ele já previa o que está acontecendo no Brasil, por isso merece credibilidade.

Como você começou a liderar essa manifestação?

O Movimento explodiu no Brasil inteiro pelas redes sociais e em Ourinhos hesitei por umas duas semanas porque nunca tinha feito isso. É a primeira vez que subo num caminhão de som para liderar alguma coisa. Vi que não apareceu nenhuma liderança e pelo bem e pelo protesto em si, resolvi encabeçar e tomar a frente.

Você cuidou muito bem da organização, da parte legal do manifesto. Como foi tudo isso?

A primeira coisa que fiz foi ir até o batalhão da polícia e me inteirar do que precisava, pois queria fazer tudo de acordo com a lei. O caminhão de som estava legalizado na prefeitura, todos os ofícios foram feitos à prefeitura, eu queria começar bem.

Você esperava mais manifestantes do que os que compareceram (em torno de 2.000)?

Eu não esperava mais, porque divulguei pouco, não tenho nem Watts App, meu Facebook tem poucos amigos, apenas um site gravou um vídeo comigo e colocou na rede que teve uns 2.500 acessos, depois amigos espalharam e foi só isso. As pessoas já estavam insatisfeitas e quando perceberam que não tinha nenhum partido político por trás, elas aderiram.

Você não é filiado a nenhum partido. Não tem vontade de se filiar?

Não, hoje não tenho vontade, futuramente não sei. Sou um cidadão comum, estou insatisfeito, tenho receio do que o PT está fazendo. Quando falamos mal do PT somos rotulados como militantes do PSDB. Pra mim, não. Se fosse o Aécio que tivesse ganho as eleições e tomasse essas medidas eu iria protestar contra ele também. Falaram que eu tinha ganho o caminhão da Belkis, mas na verdade, eu mesmo liguei para o Tico e pedi desconto, como de fato paguei e ainda pedi dinheiro no fim da manifestação para completar pra não pedir dinheiro a nenhum partido e nenhum sindicato para que a manifestação tivesse mais credibilidade. Até um pastor de uma igreja pequena me ajudou.

Você demonstrou durante a manifestação um grande conhecimento da política brasileira, dos desmandos que o PT vem fazendo no país, como você mesmo citou em diversas oportunidades no microfone. Esse conhecimento não é só do filósofo. De onde mais busca informação?

Na realidade, eu tenho uma rotina. Levanto as 6 hs da manhã e passo o olho em todos os jornais pela internet, tudo o que tem na rede, desde os jornais de Ourinhos, revistas até os grandes jornais do país. Se fizermos isso diariamente, acompanhamos tudo o que está acontecendo. Acesso os sites de todos os partidos, do PT, do PSDB.

Gostou da qualidade do público?

A única coisa que me deixou triste na manifestação foi a pouca presença de jovens. Não é cabível porque tinha senhoras de 70 anos pulando, fazendo barulho, crianças e tão pouco jovens. Se eu não lutar para que o Brasil seja melhor pra mim mesmo, para os meus filhos, para as gerações que vêm depois, fica complicado. Apesar de ser jovem, não consigo entender o que se passa pela cabeça deles. Nada contra, também gosto de tomar minha cervejinha, de sair, mas você passa em horário de aula na faculdade e o postinho tá cheio deles. O jovem não tá muito preocupado em aprender.

Quando poderá ter outra manifestação?

Parece que está se marcando para o dia 12 de abril, vi alguma coisa hoje na internet, temos que convocar todos os jovens e vou de novo, se for preciso. Não é só assistir futebol, não, as meninas precisam parar de assistir novela, precisam dar uma lida, uma estudada. Depois fica reclamando e não adianta mais. Olha o que aconteceu com o FIES? Tem coisas que são irreversíveis, como a criminalidade, a própria PM diz há anos que a guerra contra as drogas já está praticamente perdida. A política é a mesma coisa. Quando as pessoas acordarem pode ser tarde.

Qual sua expectativa daqui pra frente depois desse ato?

Eu acho que a missão foi cumprida, nunca tive a intenção de aparecer, se tivesse outra pessoa, eu não estaria lá. Só me expus dessa forma, porque foi necessário. A manifestação foi espontânea e por isso, foi válida, o povo foi para as ruas mesmo e o governo ficou preocupado e está com medo. Que fique bem claro que ninguém aqui é golpista, nós só queremos “Fora Dilma”.

Legalmente, por enquanto, não há nada de concreto que possa retirar a presidente do cargo, como aconteceu com o Color. O que você pensa disso?

Não é bem assim. Baseado no artigo do Dr. Ivis Gândra, não existe nada de concreto de que ela recebeu dinheiro da Petrobras, só que foi na administração dela que o roubo aconteceu. Então, de duas, uma: ou ela é incapaz de gerenciar porque não viu ou, se viu, é conivente. Nas delações premiadas, todos afirmam que a presidente Dilma sabia. Ela tem uma certa imunidade por ser presidente, mas o ex presidente Lula não tem e também foi citado. Ninguém mostrou ainda o depoimento dele, parece que foi secreto. Eu acho que o Brasil de fato acordou, vamos ser realistas, o impeachment é um fato distante, mas não pelo fato de ser distante que vamos cruzar os braços. Se precisar ir para as ruas, vamos de novo.

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