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Publicado em 19 maio 2017 - 05:15:26
Alexandre Mansinho
Ainda visivelmente abatida, Josiane Tavares, mãe da transexual Bruninha Rios, cruelmente assassinada com vários golpes de faca no mês de março deste ano, aceitou conversar com a equipe de reportagem do Novo Negocião para contar sua versão dos fatos.
Josiane, acompanhada pelas suas outras duas filhas, afirmou que as brigas entre Bárbara e Bruninha já eram comuns e as ameaças de morte já vinham acontecendo: “aquilo foi uma covardia, mataram ela por causa de inveja – ela nunca foi santa, mas ninguém merece morrer daquele jeito – o Gabriel Dias, a Bárbara e o menor F. A. (17) chegaram até a bater nela aqui na porta da minha casa e ameaçando matá-la, eles cumpriram a promessa, a inveja deles custou uma vida”.
Polícia Militar, Polícia Civil e o COPOM – Após o primeiro desabafo, Josiane falou sobre a madrugada de 16 de março de 2017, pouco depois da meia-noite, quando foi avisada pela Polícia Militar que Bruninha, supostamente, havia sido sequestrada: “o policial parou a viatura aqui na frente de casa e me perguntou se a Bruninha estava aqui, eu já me desesperei, pois ele disse que haviam recebido uma denúncia dizendo que ela havia sido colocada à força dentro de um carro, pensei logo que tinha sido a Bárbara que havia cumprido a promessa”.
A Polícia Militar fez algumas buscas atrás do carro indicado, no entanto, seguindo orientação do COPOM, as buscas foram encerradas: “a policial que me atendeu no COPOM recomendou que eu fosse ao 31º Batalhão depois das 8h da manhã para fazer um boletim de ocorrência, que absurdo, era naquela hora que ela precisava de socorro, os policiais aqui foram prestativos, a Polícia Civil também foi prestativa”.
“Urubus” da imprensa e o “inferno” das redes sociais – Continuando seu desabafo Josiane afirmou que “aqui em Ourinhos houve alguns veículos de imprensa que espalharam mentiras e fizeram sensacionalismo à custa da vida da minha filha, são um bando de urubus, além disso esse facebook está sendo muito cruel, há quem fique lá mandando mensagens e tripudiando sobre a morte da minha filha”.
Realidade Cruel – O cotidiano das transexuais que trabalham nas ruas de Ourinhos é violento e conturbado, como já denunciado diversas vezes pelo Novo Negocião: é comum a presença de adolescentes entre as prostitutas e é comum também o tráfico de drogas tendo essas jovens como “aviõezinhos”. Nas redes sociais não é raro encontrar vídeos de brigas entre as frequentadoras dos pontos de prostituição das imediações da esquina das ruas Pará e Antônio Prado. “A Bárbara prometeu trazer a cabeça da minha filha em uma bandeja – era uma tragédia anunciada”, diz Josiane.
Dr. João Beffa fala sobre o caso – O delegado responsável pelo caso, Dr Beffa, revelou ao Novo Negocião que os peritos encontraram vestígios de que a vítima lutou muito para se defender: “os peritos encontraram vestígios de sangue por todo o banco traseiro do carro, de forma que foi possível concluir que enquanto Bruninha foi mantida presa, ela lutou tentando se desvencilhar. No local do crime o perito também verificou que haviam vários elementos que nos permitem afirmar que Bruninha lutou até o fim, tanto que encontramos um chumaço de cabelo da Bárbara na mão direita da Bruninha”, afirma.
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