quinta, 26 de dezembro de 2024
Publicado em 30 jan 2017 - 03:40:18
Alexandre Mansinho
Na manhã da terça-feira última, dia 24 de fevereiro, nossa região assistiu aterrorizada à rebelião no Centro de Progressão Penitenciária em Bauru. A Secretaria de Administração Penitenciária confirmou fuga de 152 detentos, dos quais 101 já haviam sido recapturados na própria terça-feira. Tal ocorrência bastou para se espalharem mentiras pelos aplicativos de celular e redes sociais com o objetivo de semear o pânico.
Várias pessoas receberam mensagens dizendo que 1.300 presidiários haviam fugido e que a cidade de Bauru estava sob estado de sítio, como se fosse um filme de faroeste americano. Impulsionados pelo medo, quem recebeu essa mensagem repassou para outras e, em minutos, tal mentira já havia viralizado: “essas mensagens contribuem para aumentar a sensação de medo e insegurança – embora não seja considerado crime, uma mensagem mentirosa prejudica toda a coletividade”, diz o delegado Dr. João Beffa: “esse episódio em Bauru é um ótimo exemplo de como a mistura de verdades e mentiras pode semear o medo”.
“Foragidos de Bauru chegaram a Ourinhos”: Espalhado o clima de medo, uma simples abordagem comum de trânsito, na Rua Sousa Soutelo, próximo a S.A.E., foi a senha para uma mentira compartilhada e viralizada no whatsapp: fotos de celular da abordagem policial foram compartilhadas como sendo uma prisão de três bandidos foragidos de Bauru.
Tal fato foi desmentido também pelas redes sociais, pela repórter Renata Tibúrcio, que de forma responsável procurou as autoridades para verificar a veracidade das informações. No entanto, mesmo diante do desmentido, a mensagem continuou sendo compartilhada e houve até quem desmarcou compromissos na terça à noite por medo dos “ataques dos bandidos”.
Duvidar de tudo: Carlos Eduardo Bertazzoli, especialista em segurança em informática, adverte a existência de golpes usando “engenharia social”: “mesmo com as autoridades dizendo que as mentiras espalhadas pelas redes sociais não configuram crime, tais mentiras podem, em um intrincado processo de engenharia feito por estelionatários, ser usadas para o cometimento de crimes – o bandido usa das redes sociais para conhecer a vítima (hábitos, dados pessoais, informações sobre a família) e junta a isso notícias amplamente divulgadas pela mídia ou até as tais informações falsas divulgadas pelo whatsapp (as fugas em Bauru, por exemplo) e elabora um golpe “personalizado” entrando em contato com a vítima para, por exemplo, pedir dinheiro para soltar um parente que, fantasiosamente, foi sequestrado pelos bandidos que fugiram do presídio”, explica. “O procedimento deve ser duvidar de tudo, buscar sempre confirmar as informações antes de tomar qualquer providência”.
Nunca repassar aquilo que não se tem certeza: O episódio de Bauru é um ótimo exemplo para perceber como que mentiras produzem pânico desnecessário – tanto o delegado Dr. Beffa quanto o especialista Carlos Eduardo concordam em um procedimento muito simples mas ignorado pela maioria das pessoas: nunca se deve compartilhar uma informação sobre a qual não se tem certeza, inadvertidamente pode se estar colaborando com um crime.
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