sexta, 26 de julho de 2024

Mesmo sendo a maioria nas universidades, no mercado de trabalho e na população geral; mulher ourinhense ainda é vítima de preconceito

Publicado em 06 mar 2017 - 04:53:32

           

Alexandre Mansinho

As vitórias da mulher, através dos anos, são inegáveis: de uma posição de subalterna e subserviente para uma posição de protagonismo foram muitos séculos de lutas. No entanto, segundo dados do IBGE, a desigualdade ainda existe e provocam no cotidiano das cidades uma silenciosa repressão. Em Ourinhos, como no restante do país, as mulheres têm que dividir o fruto das conquistas históricas, com o descaso dos poderes públicos e o machismo que ainda persiste.

Ourinhos tem uma população total de 111.056 mil habitantes, segundo estimativas do IBGE. Desse total, 57.193 mil são de mulheres contra 53.862 mil de homens, o número de mulheres no município supera os homens em quase 4 mil indivíduos. No entanto, a mulher ourinhense encara quase 8 horas de trabalho a mais que o homem, pois soma-se a isso o trabalho com tarefas domésticas. Entre os desempregados a mulher também ocupa um lugar de destaque negativo, entre os mais de 27 mil desempregados que existem em Ourinhos, quase 5 mil são mulheres, o que perfaz um total de 12% no índice de desemprego.

Leonilda Castro Vieira Nascimento, comerciária do ramo de alimentos, não se considera vítima de constrangimento durante o trabalho, mas reconhece que é uma exceção: “hoje a sociedade está menos preconceituosa, mas ainda há muita coisa que precisa mudar”.

“É odiosamente normal ser assediada: eu trabalhei por anos em um restaurante, atendendo o público, e era diariamente assediada com elogios grosseiros e piadinhas de caráter sexual”, diz Aline Machado, vendedora. “A maioria das mulheres não gosta desse tipo de abordagem no ambiente profissional”. Gabriela Barros Soares, estudante, também reclama do assédio e denuncia a má fé de alguns atendentes homens nas lojas: “quando alguns vendedores veem uma mulher sozinha, se acham no direito de assediar ou de tentar tirar vantagem por achar que as mulheres são menos inteligentes”. 

Vanilda dos Santos Lourenço, vendedora, diz que as políticas públicas ainda são deficientes quando se trata das mulheres: “temos um salário médio menor que os homens, trabalhamos mais, sofremos assédio e até cerceamento do nosso direito de ir e vir, e as políticas públicas são insuficientes”. De fato, em Ourinhos a representatividade política é baixíssima, dos 15 vereadores há apenas uma mulher.

Sandra Mara Bertaia Augusto, comerciária, critica a falta de vagas nas creches: “afeta o direito da mulher de trabalhar e prover seu sustento (…) as leis existem, mas precisa melhorar mais”.  Aline Lopes Alves considera que “temos hoje mais direitos, mas ainda há um preconceito maldoso que sempre nos persegue”.

Paloma Moraes, comerciária do ramo hoteleiro, diz que os estrangeiros são os que mais assediam: “a imagem da mulher brasileira no exterior é de alguém que não tem nenhuma moral (…) embora algumas gostem de usar roupas curtas, isso não é motivo para assédio (…) precisamos ainda evoluir muito no respeito as diferenças e no respeito às mulheres”.

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