quarta, 15 de janeiro de 2025
Publicado em 27 jan 2017 - 04:38:41
Alexandre Mansinho
Basta andar pelas ruas do Jardim Ouro Fino, bairro que fica às margens do Lago da Fapi, que podemos observar nas residências o grande número de cercas elétricas, câmeras de segurança, cachorros nos quintais e grades. Uma breve conversa com qualquer morador do bairro já serve para entender o motivo de tantos aparatos de segurança: o número de assaltos nas casas do bairro é altíssimo.
“Eu morava em São Paulo, por causa da violência e buscando uma melhor qualidade de vida, eu e minha família nos mudamos para cá. Em menos de dois meses minha casa foi assaltada; entraram e roubaram equipamentos eletrônicos além de revirarem todos os cômodos”, diz M.R.S., comerciante. “Eu fui perguntando para os vizinhos se o meu caso era algo isolado, eles disseram que não e relataram vários casos de invasão e roubo”, completa.
“Tenho cerca elétrica e grades – enquanto eu vivo presa os bandidos caminham livres”, diz G.A.O., moradora do Jardim Ouro Fino: “vivo aqui há mais de 20 anos, sempre foi um lugar tranquilo e sempre foi também um orgulho dizer que se mora perto da FAPI – hoje é um tormento”, completa. C.R.M., empresária, diz que não vê a hora de mudar do bairro: “estou vendendo minha casa para ir para outro bairro – viver aqui é muito perigoso”. O signo do medo é que comanda o cotidiano dos moradores, nenhum dos ouvidos permitiu que o nome fosse revelado ou que houvesse imagens, resultado do medo que impera.
O que dizem as autoridades: A Polícia Militar, por meio de nota, reitera que as rondas e a logística de policiamento na região, assim como em toda a cidade, respeita um cronograma baseado em estudos de segurança pública. A Polícia Civil, por sua vez, diz que as investigações dos roubos a residência são feitas e, ao contrário do que a população acaba percebendo, prisões são feitas e mandados são emitidos. As duas instituições reiteram que é importantíssimo que se faça o boletim de ocorrência mesmo que os objetos roubados sejam de baixo valor, para o sucesso do trabalho de repressão e o posterior trabalho de investigação, ambas instituições precisam da parceria da população, oferecendo informações de qualidade para a identificação dos bandidos.
A indústria da (in)segurança: O medo e a incidência de assaltos a residências acaba por impulsionar a venda de produtos e a prestação de serviços de segurança residencial. Na falha do Estado em garantir a tranquilidade do cidadão, lojas aumentam seu ganho oferecendo aquilo que as polícias não conseguem: tranquilidade. Thiago Garcia, gerente de uma empresa de segurança residencial e patrimonial em Ourinhos orienta sobre as medidas que devem ser tomadas pelos cidadãos para inibirem a ação dos ladrões: “câmeras de segurança, que produzam boas imagens para o eventual uso pela Polícia Civil; cercas elétricas que dificultem a entrada de bandidos; portões de acionamento eletrônico e interfones são alguns dos produtos que podem diminuir em grande medida a ocorrência de roubos”. Thiago completa dizendo que o treinamento de profissionais e o uso correto dos itens de segurança são primordiais para um melhor resultado: “não adianta, por exemplo, haver câmeras e portões eletrônicos se o funcionário de um condomínio permitir a entrada de qualquer um e, nas residências, o conhecimento do uso adequado do produto por parte dos moradores também é importante; não adianta haver cercas elétricas se não houver também uma iluminação adequada e se o morador não ligar o alarme”, orienta.
PERÍODO DA FAPI: Todos os moradores do Jardim Ouro Fino ouvidos pelo Jornal Novo Negocião denunciam que, durante o período da Feira Agropecuária (FAPI) a vida deles, que já é ruim, fica muito pior: ônibus estacionam na entrada das garagens sem o menor respeito; pessoas transitam pelas ruas durante toda a madrugada gritando e vandalizando lixeiras, portões e veículos; pequenos furtos e episódios de violência aumentam ainda mais e o sagrado direito de ir e vir é impedido pela reestruturação do trânsito nas imediações do Parque Olavo Ferreira de Sá que não leva em conta os moradores do entorno.
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