sexta, 08 de dezembro de 2023
José Luiz Martins
Mais uma vez pelo menos duas centenas de pessoas estiveram na Câmara Municipal de Ourinhos na última segunda-feira acompanhando a 29ª sessão ordinária do legislativo. Com todas as cadeiras (200) do plenário ocupadas, alguns ficaram do lado de fora do prédio circulando e comentando os assuntos dominantes.
Durante a semana e horas antes da sessão que se iniciou por volta das 19 hrs, um carro de som circulou pela cidade convidando os ourinhenses para a manifestação. Apesar do plenário lotado e considerando-se que Ourinhos tem mais de 100 mil habitantes, e mesmo com o noticiário diário na Tv farto de notícias sobre redução de salários de vereadores como estímulo ao protesto, houve baixa a adesão. Já no início da sessão estrondoso foguetório de artifício irrompia a audição dos presentes e o andamento dos trabalhos na mesa diretora. Talvez um indício da agitação que iria tomar conta da sessão que durou aproximadamente uma hora.
A movimentação em torno da redução no salário dos vereadores e revogação da lei que prevê aumento no número de cadeiras no legislativo a partir de 2017 começou a três semanas sem que nas duas sessões que antecederam a do dia 31 o assunto fosse abordado pelos vereadores. Nesta última sessão o diferencial foi o pedido de uso da tribuna pelo advogado Roberto Zanoni Carrasco, feito antecipadamente como manda o regimento interno da casa. Embora a aprovação ou não do uso da tribuna por munícipes seja uma decisão exclusiva do Presidente do Legislativo, outra pessoa já havia se inscrito para falar sobre outro assunto, o que impediu que o advogado usasse a tribuna.
Representando o movimento “Por uma Ourinhos Melhor”, Roberto Zanoni Carrasco pretendia apresentar e discorrer sobre, além do aumento de cadeiras de 11 para 15, a redução do subsídio, diminuição dos assessores parlamentares, corte dos cargos de comissão do Executivo e Câmara e redução de salário de comissionados. Mas com 40 minutos de sessão o ambiente começou a ficar tumultuado e o presidente Roberto Tasca resolveu suspender os trabalhos encerrando a sessão sob protestos dos que queriam a discussão dos pontos a ser apresentados pelo movimento “Por uma Ourinhos Melhor”.
Em entrevista à reportagem do NOVO NEGOCIÃO, Roberto Zanoni Carrasco disse que os vereadores, assim como a prefeita, estão tendo a oportunidade de se manifestar a respeito de todo esse movimento, e não podem perder essa oportunidade de demonstrar que eles estão realmente preocupados com a população. “Na sessão de hoje os vereadores demonstraram que eles não estão preocupados com a cidade, estão retardando e irão quanto mais puderem, para não discutir esse assunto, apoiar ou aprovar isso”, criticou.
Disse ainda que a partir do momento em que percebeu a honestidade e seriedade do movimento, que não tem nenhum fundo político, engajou-se por acreditar que é um movimento justo que visa trazer benefício para a cidade. Sobre a redução do número de vereadores de 15 para 11 para próxima legislatura afirmou, “A redução do número de 15 vereadores para 11, que é o número atual, foi aumentado por conta da casa, não foi feito nenhuma pesquisa popular, alegam que é maior representatividade e é melhor. Mas na verdade não é só isso. Se for 15 cadeiras em 2017 já começa com uma reforma nas instalações e reformas nós sabemos bem como é que funciona”, ironizou. Sobre a redução do subsídio dos edis e salário dos assessores, disse que os parlamentares têm recebido um valor razoavelmente alto, muito mais do que dão de volta para a cidade e devem se aliar aos que os elegeram, não defender interesses exclusivamente deles e sim da população.
Comentou a fala do vereador Inácio J. B. Filho dizendo que a prefeitura não tem dinheiro nem para colocar placas de sinalização de trânsito nos bairros. “Isso é a maior realidade de Ourinhos, e isso entende-se e se desmembra em 2 outros pontos, primeiro a prefeitura realmente não tem dinheiro basta ver a miséria que vive a saúde de Ourinhos que para se conseguir remédios, exames, consultas e procedimentos cirúrgicos é tudo na base do favor. Ou você conhece alguém no posto de saúde ou um vereador. As pessoas estão esperando na fila por seis meses, um ano e até dois anos para um procedimento. Dizem que a culpa é do estado ou da união, mentira, eles precisam entender que a população quer melhorias pra cidade”.
Carrasco ainda acrescentou que a forma como a prefeitura e a Câmara administra e aplica os recursos do município tem se mostrado ineficaz, que a população não aguenta mais pagar impostos e não ter pleno retorno disso. Para ele a economia tem que vir primeiro do poder público, o momento mostra que todos estão tendo que economizar dentro das casas e nas empresas e para o executivo e o legislativo não pode ser diferente.
Voltou a criticar os vereadores, “…a gente vê a miséria da saúde, da educação, da iluminação pública e do asfalto. A gente não precisa de 11 vereadores para ficar atendendo reclamações da cidade com asfalto, buracos, iluminação Isso é obrigação da prefeitura, os vereadores têm que captar recursos para o município junto as outras esferas de poder, pois os deputados e senadores é que precisam dos vereadores, eles dependem dos votos e apoio dos vereadores”.
Para o advogado, a Prefeitura e a Câmara precisam modificar o sistema de administração em prática hoje, revendo como se está gastando o dinheiro público. Fazer uma gestão de maior transparência tanto no âmbito do executivo quanto legislativo.
Conforme Roberto Carrasco o movimento “Por uma Ourinhos Melhor” marcou para a próxima terça-feira dia 8, ás 17 horas em frente ao prédio da prefeitura uma manifestação para mostrar a prefeita que é preciso que ela também sinta clamor popular e mude algumas posturas do executivo. Uma referência à redução dos cargos em comissão da prefeitura, reinvindicação que juntamente com a redução dos salários dos cargos de confiança formam ponto único a ser apresentado a prefeita neste momento.
Sobre o fato da população de Ourinhos ser de mais de 100 mil habitantes e apenas uma minoria se preocupar e se manifestar a favor de causas de interesse público, reconheceu que é uma pequena parte da população. Salientou que mais pessoas precisam participar, porém disse que 2 mil assinaturas já foram coletadas pela redução dos salários dos vereadores e isso reforça a ideia das pessoas que foram até a Câmara exercer a cidadania. O movimento espera conseguir o número suficiente de assinaturas para apresentar um projeto de inciativa popular para redução de salários de vereadores e somente 11 cadeiras para as eleições de 2016.
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