Alexandre Mansinho

Na última segunda-feira, dia 20 de fevereiro, o auditório da Câmara dos Vereadores de Ourinhos ficou lotado de pessoas vestindo quimonos, eram caratecas de todas as idades fazendo um protesto contra a mudança da coordenação da equipe de caratê da Prefeitura de Ourinhos. Segundo os manifestantes, a troca do Prof. Adilson, que coordena a equipe e realiza um trabalho de base desde o início dos anos 90, representará uma perda considerável na sequência do trabalho e porá em risco as vitórias já conquistadas pelo karatê ourinhense.

Segundo o Sensei Valdir José Campos, membro da equipe de caratê de Ourinhos, um dos motivos que representariam problemas para a continuidade do trabalho seria o estilo adotado pelos professores: “o caratê é uma arte marcial milenar japonesa, com o passar dos tempos surgiram variações na forma de lutar que, hoje, são vistas de forma diferenciada pela FPK (Federação Paulista de Karatê) e pelo COB (Confederação Olímpica Brasileira) (…) o sensei Adilson adota o estilo Wado Ryu e Shito Ryu; já o sensei Crispim adota o estilo Shotokan (…) essa mudança pode provocar estranhamento por parte dos alunos e, como representa mudança de didática, pode significar alteração na cor das faixas que os alunos obterão”.

O trabalho do Prof. Adilson, através dos anos, conquistou inúmeros títulos e resultados positivos para os atletas, em todos os níveis os caratecas ourinhenses já conquistaram vitórias, inclusive há atletas participando de seletivas para as olimpíadas de Tokyo. Os manifestantes, de modo geral, fizeram questão de deixar claro que não há nenhum problema em relação aos profissionais: “Tanto o Adilson quanto o Crispim são competentes e têm currículos de causar inveja a qualquer atleta de alto nível”, diz Alcides José de Oliveira, “a questão é que com essa mudança os prejudicados serão os mais de duzentos alunos atendidos pelo programa de caratê de Ourinhos”.

Ouvido pela nossa reportagem, o Prof. Adilson disse que, além das questões relacionadas ao estilo de caratê adotado, o maior problema é o reconhecimento junto ao Ministério da Educação (MEC), à FPK e ao COB: “essas instituições não reconhecem as graduações que não são obtidas em desacordo com as normas, isso pode representar a não participação da equipe de Ourinhos das competições nacionais, internacionais e às seletivas para as seletivas olímpicas (…) vários alunos e pais de alunos já me procuraram e disseram que não irão fazer a rematrícula com a Secretaria Municipal de Esportes, ou seja, vai representar um problema para um trabalho que está sendo realizado há décadas com muito sucesso”.

A Prefeitura de Ourinhos, em resposta a essa polêmica, alega que tais mudanças são normais no trabalho de gestão e faz questão de frisar o currículo do Prof. Alexandre Crispim: “As aulas de Karatê serão ministradas por Paulo Alexandre Crispim. O Sensei começou no karatê em 1974. Fundou, em 1985, o primeiro Dojô de Ourinhos. Crispim é desbravador das artes marciais em Ourinhos, Crispim tem paixão pelo Karatê. É faixa preta 3° Dan, foi filiado a Federação Paulista de Karatê Interestilo e ex-integrante da seleção paulista e da seleção brasileira. Também foi campeão paulista individual, campeão brasileiro por equipe, disputou campeonatos na Argentina e Chile representando Ourinhos e o Brasil”.

Usando o microfone da Câmara, o vereador Eder Mota saiu em defesa do novo projeto executado pela Secretaria de Esportes e pelas diretrizes aplicadas pelo prefeito Lucas: “Não foi segredo para ninguém que o governo Lucas seria um governo de mudanças, o Prof. Crispim é ourinhense e virá trazer ainda mais qualidade ao ótimo trabalho que foi realizado pelo Prof. Adilson (…) ninguém discute a qualidade dos profissionais, mas as mudanças nos rumos das políticas da prefeitura são necessários e perfeitamente normais”.