terça, 17 de setembro de 2024

“Número de estupros de vulnerável tem crescido porque as vítimas estão se sentindo mais seguras para denunciar”, diz Dra. Ana Rute

Publicado em 01 ago 2017 - 10:58:07

           

 

Alexandre Mansinho

O caso de estupro de vulnerável ocorrido no último dia 27 de julho no Jardim Anchieta em Ourinhos chamou a atenção para uma violência que costuma ocorrer nas famílias e é escondida por uma tradição cultural: a maioria dos casos de pedofilia, no Brasil, é praticada por parentes ou pessoas próximas da família. Esse aspecto peculiar da pedofilia também pode explicar os motivos da subnotificação: a vítima tem muito mais medo de denunciar um abuso cometido por um conhecido do que por um estranho.

Em entrevista exclusiva para o Jornal Negocião, a Dra. Ana Rute, delegada da Delegacia de Defesa da Mulher de Ourinhos (DDM), explica que estupro de vulnerável é quando a vítima é menor de 14 anos ou não tem capacidade de consentir, seja por estar amarrada, dopada ou quando ela é deficiente mental e que separar os casos de estupro de autoria conhecida dos casos de autoria desconhecida ajuda a entender melhor os efeitos das políticas públicas de combate ao crime de estupro: “são coisas diferentes, embora igualmente repugnantes (…) a vítima, além de não ter segurança para denunciar, é obrigada a viver com o agressor dentro de sua casa”.

Ainda segundo a delegada, o aumento do número de denúncias de estupro com autor conhecido indica que as vítimas estão se sentindo mais seguras para trazer à luz essa violência: “é um número positivo, mas ainda não é motivo para comemorar”.

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