Titi Daquidali

Estava buscando inspiração para escrever este texto e eis que deparei-me com o livro “Malala, a menina que queria ir para a escola”, quase piscando para mim da estante. Pronto, a resposta estava ali, bem na minha frente. Não poderia ter um exemplo melhor para falar sobre este assunto, que a inspiradora jovem paquistanesa, militante dos direitos das meninas de ir à escola. E devido à sua luta, aos 17 anos recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2014. Vale destacar ainda que ela foi a mais jovem ganhadora dessa premiação dos últimos tempos. 

Com os olhos fixos no livro de Malala na estante, veio claramente à minha mente como foi meu encantamento com o mundo da leitura. Gostaria de dizer que foi bem cedo, na minha infância, mas não estaria sendo sincera. Meus pais se separaram nessa fase da minha vida, e eles não tiveram muito tempo para isso. Tinham muitas questões pessoais para resolver. 

Nem na adolescência, na fase escolar. Eu lia, mas não por prazer, mas sim por obrigação. Aquela leitura que temos que fazer para prova do livro, para estudar para vestibular… Entretanto não conseguia me conectar, me prender à leitura. Tudo que eu lia, era esquecido em minutos. Era uma relação muito superficial. 

Apesar disso, na fase adulta, eis que um dia senti uma grande necessidade de preencher um vazio dentro de mim com a leitura. Tomei coragem e entrei na biblioteca municipal da minha cidade. Aquele ambiente era desconhecido. Parecia frio, silencioso demais. Mesmo assim, respirei fundo e resolvi passear pelos corredores, que pareciam enormes, quase sem fim. 

Aos poucos, fui observando os livros, tateando um aqui, outro ali, timidamente, como se eles pudessem sentir a minha timidez naquele lugar. Aos poucos, fui me familiarizando, buscando meus interesses nas capas e nas sinopses da quarta capa. 

Recordo-me que passei um bom tempo, tempo até demais, até conseguir me interessar por um livro. Ao fazer minha escolha, sai radiante com ele em mãos. Estava ansiosa para iniciar a leitura. Quando dei início, à noite, deitada, antes de dormir, confesso: perdi o sono. Não conseguia parar de ler. Chegava no final de um capítulo, com a ideia de parar por ali, mas a curiosidade gritava e eu não conseguia parar. 

O Diário de Anne Frank. Esse foi o livro que marcou meu encantamento com a leitura. Li em três dias (e noites mal dormidas). Quando terminei, fiquei com aquela sensação de quero mais! E dessa leitura nunca mais parei. Voltei a estudar, conclui a faculdade, tornei-me professora de língua portuguesa e literatura, e estou fazendo uma pós graduação em Contação de histórias e Literatura Infantil pela FATUM em Londrina. 

Hoje os livros fazem parte da minha vida assim como a alimentação. E quão saudável é esse prato. Ela alimenta minha alma, desenvolve minha criticidade, me transforma num ser político, me liberta da alienação, me transforma num indivíduo comprometido com a sociedade. 

Tudo isso graças ao poder transformador da leitura. E sempre busquei passar aos meus alunos esse mesmo encantamento, que deve ser livre, longe do dever. Sempre conto a eles a história da corajosa Anne Frank, uma adolescente alemã de origem judaica, vítima do Holocausto, que adora viver, e não aceitava injustiças. Ela se tornou uma das figuras mais discutíveis do século XX. E também sobre Malala, uma figura atual, para que possa servir de exemplo a essa nova geração, com seu desejo incondicional de estudar, seguir seu sonho de ser médica e ver todas as meninas de seu país conquistar o mesmo direito.

Ler é um ato de sabedoria. Encante-se com esse mundo! Você será o grande beneficiado.

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Titi histórias DaquiDali – Titi Daquidali é o nome artístico da professora de língua portuguesa e literatura Adriana Bordinhão Vicioli. Adriana ministrou aulas na ETEC de Ipaussu e atualmente trabalha na ETEC de Ourinhos. Adora contar histórias para todas as faixas etárias. https://www.facebook.com/titi.historias.curativas.educativas/