sábado, 05 de julho de 2025

“O sistema de abastecimento de água em Ourinhos precisa de uma remodelação”, diz Superintendência de Água e Esgoto

Publicado em 28 out 2017 - 06:45:27

           

Alexandre Mansinho

Apesar de solucionado o problema da bomba de abastecimento de água da Vila São João, responsável pelo abastecimento dos bairros Jardim Itamaraty, Pacheco Chaves, Jardim Paris e Vila São João, munícipes de vários bairros da cidade continuam a reclamar nas redes sociais pela falta de água. 

Problema Antigo – “Ourinhos, comarca promissora como é, reclama dos poderes públicos muitos problemas cuja solução torna-se imprescindível. De todos esses problemas, porém, o que requer uma solução urgentíssima e necessária é o alusivo à rede de água (…) sem rede de água satisfatória, não é crível que uma cidade possa desenvolver-se”. Embora pareça que esse protesto tenha sido escrito na última semana, esse trecho se refere a uma reclamação feita na coluna A Voz do Povo, em um jornal de Ourinhos, por um munícipe chamado Júlio dos Santos, em julho de 1939.

O Jornal Negocião esteve com José Luiz Martins, responsável pela comunicação da Superintendência de Água e Esgoto – SAE, e ouviu que a real solução do problema passa por uma remodelação do sistema: “nunca, em toda a história do município, houve quem fizesse uma estrutura robusta para suportar o crescente número de habitantes em Ourinhos (…) atualmente temos uma população que ultrapassa os 110 mil habitantes, com uma quantidade de 80 novos pedidos de ligação de água por mês, mas com um sistema deficitário: só uma remodelação do sistema resolverá o problema de falta d’água”.

A SAE ainda informou que o custo, somente para se fazer o projeto, ultrapassaria os R$ 500.000,00: “até os mapas de tubulação estão defasados, desde o tempo dos pioneiros até hoje foram feitas muitas adaptações e ligações que não foram documentadas”, completa José Luiz.

Como é o atual sistema de captação e distribuição de água – Embora cercada por três rios, que possibilitariam a construção de diversas estações de captação, tratamento e distribuição de água, Ourinhos conta hoje com apenas uma ETA (Estação de Tratamento de Água), localizada na Vila Brasil, às margens do Rio Pardo.

A ETA distribui a água para todas as caixas d’água localizadas estrategicamente, que são responsáveis pela distribuição nas microrregiões. Quando chega às caixas, a água é direcionada às residências através de um sistema de bombas alimentadas por energia elétrica. Foi o defeito em uma dessas bombas, segundo relatório da SAE, que provocou o recente desabastecimento no Jardim Itamaraty e bairros vizinhos.

Câmara dos Vereadores – Na sessão da Câmara dos Vereadores do último dia 23 de outubro, em meio a um clima de debates e protestos, o vereador Éder Mota acusou as administrações anteriores de não ter feito nenhuma ação mais efetiva para poder resolver o problema da falta d’água: “os vereadores que hoje são da oposição acusam a gestão Pocay de forma injusta”. 

O vereador Flavinho do Açougue, na mesma noite, apresentou argumentos baseados em relatos de moradores e fontes de dentro da própria SAE, que apontam que houve uma demora na identificação e resolução do problema da bomba da caixa d’água que fornece água às residências do Jardim Itamaraty e bairros vizinhos: “os responsáveis pelas medidas que deveriam ser tomadas foram lentos nas decisões, problemas acontecem, mas não é razoável que bairros populosos fiquem sem água por quase 5 dias devido a um erro de estratégia”, afirma. Flavinho ainda se dirigiu ao vereador Alexandre Zoio, presidente da Câmara, e sugeriu que fosse feito um requerimento para convocar o atual superintendente da SAE a fim de prestar esclarecimentos.

E o povo quer solução – Moradores da Vila Musa e bairros vizinhos, mesmo contando com um centro de distribuição de água próximo – a Central de Distribuição Sul, reclamam da inconstância do fornecimento. Maria de Lourdes Cassol Ferrari, cuja casa fica em frente à Central, diz que todos os dias passa por dificuldades: “eu cuido da minha tia idosa, ela é doente e precisa tomar banho mais que uma vez por dia (…) também precisamos lavar roupas de cama mais de duas vezes por semana (…) nossa vida é muito difícil, moramos do lado da Central e não temos água”.

Anselmo Ferrari, esposo de Maria de Lourdes, diz que o atendimento telefônico da SAE já nem atende mais suas reclamações: “eles devem identificar meu número e me pôr na espera eternamente (…) nossas contas são elevadas, mesmo com um fornecimento irregular”.

Na quinta-feira, 26, por volta das 11H00 o Sr Anselmo esteve em nossa redação comunicando que em sua residência o abastecimento de água já estava interrompido.

Cássia Ferreira, moradora da região da Vila São João, lembra que quando houve a construção da Central de Distribuição Sul, eles até ficaram felizes por achar que o problema estaria resolvido: “nós suportamos o barulho, o barro, o incômodo de ter uma obra na porta de casa (…) hoje não temos nenhum benefício (…) essa central atende os bairros mais distantes, não o nosso”.

Henrique Sanches, que mora na região há mais de três décadas, explica que nunca houve um fornecimento de água adequado: “antes da construção dos outros bairros, como o Jardim Itamaraty, o fornecimento já era ruim (…) multiplicaram as casas, mas mantiveram a mesma tubulação”.

Posição da SAE – Por meio da assessoria de imprensa, a SAE respondeu que essa região da cidade também é prejudicada pela estrutura insuficiente de distribuição de água. Afirmam que todas as ações emergenciais possíveis para minimizar os impactos da falta d’água são tomados e, sobre a acusação de “não atender mais as reclamações”, o órgão explica que, às vezes, o número de ligações é grande, provocando um tempo maior para o atendimento.

Informa ainda que no site da SAE existe o Sac – Serviço de Atendimento ao Consumidor, com webmail disponível (contato@sae-ourinhos.com.br), por onde os munícipes podem reclamar, solicitar vários serviços, tirar dúvidas e, como vem ocorrendo, colaborar com a superintendência alertando sobre vazamentos e outros problemas na rede de água e esgoto. 

Sobre a bomba de abastecimento de água da Vila São João, a assessoria afirmou que não houve demora, “a primeira bomba foi trocada no prazo correto, aproximadamente 24 horas, porém a nova bomba também apresentou defeito e o processo teve que ser refeito, o que poderia ter sido feito em um dia e meio, dois dias, acabou sendo feito em quatro dias e meio”. 

O que diz a prefeitura – Por meio da Secretaria de Comunicação e através de vídeos postados nas redes sociais, o prefeito Lucas Pocay admite que o problema é grave, mas afirma que sua gestão irá “encarar o problema” e, através de captação de recursos junto ao governo do estado e governo federal, realizará as obras necessárias.

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